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Capítulo 35: A Mazzolata

Página 335

A janela alugada pelo preço exorbitante de que o conde não quisera que os seus convidados tomassem conhecimento pertencia ao segundo andar do grande palácio situado entre a Rua do Babuino e o monte Píncio. Era, como dissemos, a janela de uma espécie de gabinete de vestir que dava para um quarto de dormir, os ocupantes do gabinete estavam como que em sua casa. Em cima das cadeiras viam-se trajes de palhaço, de cetim branco e azul, dos mais elegantes.

- Como me deixaram a escolha das máscaras - disse o conde aos dois amigos -, mandei arranjar-lhes estas. Primeiro, porque são as mais em moda este ano; depois, por serem as mais cómodas para os confetti, atendendo a que a farinha se não vê.

Franz só muito imperfeitamente ouvia as palavras do conde e por isso talvez não tenha apreciado no seu justo valor aquela nova amabilidade. A verdade é que toda a sua atenção estava concentrada no espectáculo que oferecia a Praça del Popolo e no instrumento terrível que naquela altura era o seu principal ornamento.

Era a primeira vez que Franz via uma guilhotina. Dizemos guilhotina porque a mandaïa romana é talhada mais ou menos pelo mesmo padrão do nosso instrumento de morte. A única diferença reside no facto de o cutelo, que tem a forma de um crescente e corta com a parte convexa, cair de menos alto.

Dois homens, sentados na prancha basculante onde se deita o condenado, almoçavam enquanto esperavam e comiam, tanto quanto Franz pôde ver, pão e salsichas. Um deles levantou a prancha, tirou uma garrafa de vinho, bebeu um golo e passou a garrafa ao camarada. Aqueles dois homens eram os ajudantes do carrasco! Bastou o seu aspecto para que Franz sentisse o suor perlar-lhe a raiz dos cabelos.

Os condenados, transportados na véspera dos Carceri Nuove para a pequena Igreja de Santa Maria dei Popolo, tinham passado a noite, assistidos cada um por dois padres, numa câmara-ardente gradeada, diante da qual passeavam sentinelas rendidas de hora a hora.

Duas alas de carabineiros colocadas de cada lado da porta da igreja estendia-se até ao cadafalso, à volta do qual formavam círculos, deixando livre um caminho de dez pés de largura, aproximadamente, e à roda da guilhotina um espaço de uma centena de passos de circunferência. Todo o resto da praça era um mar de cabeças de homem e mulher. Muitas das mulheres tinham os filhos às cavalitas. Essas crianças, cujo corpo ultrapassava a multidão, estavam admiravelmente colocadas.

O monte Píncio parecia um vasto anfiteatro em que todos os degraus estivessem carregados de espectadores.

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Capa do livro O Conde de Monte Cristo
Páginas: 1080
Página atual: 335

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Marselha - A Chegada 1
O pai e o filho 8
Os Catalães 14
A Conspiração 23
O banquete de noivado 28
O substituto do Procurador Régio 38
O interrogatório 47
O Castelo de If 57
A festa de noivado 66
Os Cem Dias 89
O número 34 e o número 27 106
Um sábio italiano 120
A cela do abade 128
O Tesouro 143
O terceiro ataque 153
O cemitério do Castelo de If 162
A Ilha de Tiboulen 167
Os contrabandistas 178
A ilha de Monte-Cristo 185
Deslumbramento 192
O desconhecido 200
A Estalagem da Ponte do Gard 206
O relato 217
Os registos das prisões 228
Acasa Morrel 233
O 5 de Stembro 244
Itália - Simbad, o marinheiro 257
Despertar 278
Bandidos Romanos 283
Aparição 309
A Mazzolata 327
O Carnaval de Roma 340
As Catacumbas de São Sebastião 356
O encontro 369
Os convivas 375
O almoço 392
A apresentação 403
O Sr. Bertuccio 415
A Casa de Auteuil 419
A vendetta 425
A chuva de sangue 444
O crédito ilimitado 454
A parelha pigarça 464
Ideologia 474
Haydée 484
A família Morrel 488
Píramo e Tisbe 496
Toxicologia 505
Roberto, o diabo 519
A alta e a baixa 531
O major Cavalcanti 540
Andrea Cavalcanti 548
O campo de Luzerna 557
O Sr. Noirtier de Villefort 566
O testamento 573
O telégrafo 580
Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588
Os fantasmas 596
O jantar 604
O mendigo 613
Cena conjugal 620
Projetos de casamento 629
No gabinete do Procurador Régio 637
Um baile de Verão 647
As informações 653
O baile 661
O pão e o sal 668
A Sra. de Saint-Méran 672
A promessa 682
O jazigo da família Villefort 705
A ata da sessão 713
Os progressos de Cavalcanti filho 723
Haydée 732
Escrevem-nos de Janina 748
A limonada 762
A acusação 771
O quarto do padeiro reformado 776
O assalto 790
A mão de Deus 801
Beauchamp 806
A viagem 812
O julgamento 822
A provocação 834
O insulto 840
A Noite 848
O duelo 855
A mãe e o filho 865
O suicídio 871
Valentine 879
A confissão 885
O pai e a filha 895
O contrato 903
A estrada da Bélgica 912
A estalagem do sino e da garrafa 917
A lei 928
A aparição 937
Locusta 943
Valentine 948
Maximilien 953
A assinatura de Danglars 961
O Cemitério do Père-lachaise 970
A partilha 981
O covil dos leões 994
O juiz 1001
No tribunal 1009
O libelo acusatório 1014
Expiação 1021
A partida 1028
O passado 1039
Peppino 1049
A ementa de Luigi Vampa 1058
O Perdão 1064
O 5 de Outubro 1069