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Capítulo 36: O Carnaval de Roma

Página 341

Assim que acabaram de se vestir, desceram. A carruagem esperava-os à porta, cheia de confetti e de ramos de flores.

Entraram na fila.

É difícil fazer-se ideia de um contraste mais completo do que aquele que acabava de se operar. Em vez do anterior espectáculo de morte, sombrio e silencioso, a Praça del Popolo apresentava o aspecto de uma louca e ruidosa orgia. Viam-se aparecer inúmeras máscaras por todos os lados, saindo das portas e descendo das janelas. As carruagens desembocavam de todas as ruas, carregadas de pierrôs, arlequins, dominós, marqueses, trasteveres, figuras grotescas, cavalheiros, camponeses, etc., todos eles gritando, gesticulando e atirando ovos cheios de farinha, confetti e flores, atacando com palavras e projécteis amigos e estranhos, conhecidos e desconhecidos, sem que ninguém tivesse o direito de se zangar, sem que se fizesse fosse o que fosse a não ser rir.

Franz e Albert eram como homens que, para se distraírem de um grande desgosto, participam numa orgia e que, à medida que bebem e se embriagam, sentem um véu espessar-se entre o passado e o presente. Viam ainda, ou antes, continuavam a sentir em si o reflexo do que tinha visto. Mas, pouco a pouco, a embriaguez geral dominou-os e pareceu-lhes que a sua razão, pouco firme, ia abandoná-los. Experimentavam uma necessidade estranha de participar naquela algazarra, naquele movimento, naquela vertigem. Um punhado de confetti atirado a Morcerf de uma carruagem vizinha e que, cobrindo-o de pó, assim como aos seus dois companheiros, lhe picou o pescoço e toda a porção do rosto não tapada pela máscara, como se lhe tivessem atirado uma centena de alfinetes, acabou de o atrair à luta geral em que já estavam envolvidas todas as máscaras que encontravam.

Levantou-se por seu turno na carruagem, meteu ambas as mãos nos sacos e com todo o vigor e pontaria de que foi capaz lançou por sua vez ovos e confeitos aos seus vizinhos.

A partir daí o combate estava travado. A recordação do que tinham visto meia hora antes esfumou-se por completo do espírito dos dois jovens, de tal modo o espectáculo colorido, movimentado e insensato que tinha diante dos olhos os distraiu. Quanto ao conde de Monte-Cristo, nunca parecera, como dissemos, impressionado um só instante.

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Capa do livro O Conde de Monte Cristo
Páginas: 1080
Página atual: 341

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Marselha - A Chegada 1
O pai e o filho 8
Os Catalães 14
A Conspiração 23
O banquete de noivado 28
O substituto do Procurador Régio 38
O interrogatório 47
O Castelo de If 57
A festa de noivado 66
Os Cem Dias 89
O número 34 e o número 27 106
Um sábio italiano 120
A cela do abade 128
O Tesouro 143
O terceiro ataque 153
O cemitério do Castelo de If 162
A Ilha de Tiboulen 167
Os contrabandistas 178
A ilha de Monte-Cristo 185
Deslumbramento 192
O desconhecido 200
A Estalagem da Ponte do Gard 206
O relato 217
Os registos das prisões 228
Acasa Morrel 233
O 5 de Stembro 244
Itália - Simbad, o marinheiro 257
Despertar 278
Bandidos Romanos 283
Aparição 309
A Mazzolata 327
O Carnaval de Roma 340
As Catacumbas de São Sebastião 356
O encontro 369
Os convivas 375
O almoço 392
A apresentação 403
O Sr. Bertuccio 415
A Casa de Auteuil 419
A vendetta 425
A chuva de sangue 444
O crédito ilimitado 454
A parelha pigarça 464
Ideologia 474
Haydée 484
A família Morrel 488
Píramo e Tisbe 496
Toxicologia 505
Roberto, o diabo 519
A alta e a baixa 531
O major Cavalcanti 540
Andrea Cavalcanti 548
O campo de Luzerna 557
O Sr. Noirtier de Villefort 566
O testamento 573
O telégrafo 580
Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588
Os fantasmas 596
O jantar 604
O mendigo 613
Cena conjugal 620
Projetos de casamento 629
No gabinete do Procurador Régio 637
Um baile de Verão 647
As informações 653
O baile 661
O pão e o sal 668
A Sra. de Saint-Méran 672
A promessa 682
O jazigo da família Villefort 705
A ata da sessão 713
Os progressos de Cavalcanti filho 723
Haydée 732
Escrevem-nos de Janina 748
A limonada 762
A acusação 771
O quarto do padeiro reformado 776
O assalto 790
A mão de Deus 801
Beauchamp 806
A viagem 812
O julgamento 822
A provocação 834
O insulto 840
A Noite 848
O duelo 855
A mãe e o filho 865
O suicídio 871
Valentine 879
A confissão 885
O pai e a filha 895
O contrato 903
A estrada da Bélgica 912
A estalagem do sino e da garrafa 917
A lei 928
A aparição 937
Locusta 943
Valentine 948
Maximilien 953
A assinatura de Danglars 961
O Cemitério do Père-lachaise 970
A partilha 981
O covil dos leões 994
O juiz 1001
No tribunal 1009
O libelo acusatório 1014
Expiação 1021
A partida 1028
O passado 1039
Peppino 1049
A ementa de Luigi Vampa 1058
O Perdão 1064
O 5 de Outubro 1069