O Conde de Monte Cristo - Cap. 37: As Catacumbas de São Sebastião Pág. 358 / 1080

- Oh, esteja tranquila! Franz pediu o chapéu e partiu a toda a pressa. Mandara embora a carruagem e ordenara ao cocheiro que o viesse buscar às duas horas, mas, por sorte, o Palácio Bracciano, que dá por um lado para a rua do Corso e por outro para a Praça dos Santos Apóstolos, fica apenas a dez minutos a pé do Hotel de Espanha. Ao aproximar-se do hotel, Franz viu um homem de pé no meio da rua e não duvidou um só instante que fosse o mensageiro de Albert. O homem estava envolto numa grande capa. Foi ao seu encontro, mas com grande espanto de Franz, o homem foi o primeiro a dirigir-lhe a palavra.

- Que quer de mim, Excelência? - perguntou dando um passo atrás, como um homem que se põe em guarda.

- Não é o senhor que me traz uma carta do visconde de Morcerf? - perguntou Franz.

- Vossa Excelência está hospedado no hotel de Pastrini?

- Estou.

- E Vossa Excelência é o companheiro de viagem do visconde? - sou.

- Como se chama Vossa Excelência? - Barão Franz de Epinay

- Então é de facto a Vossa Excelência que esta carta é dirigida.

- Tem resposta? - perguntou Franz, tirando-lhe a carta da mão.

- Tem. Pelo menos o seu amigo espera-a.

- Venha ao meu quarto para lha dar.

- Prefiro esperá-la aqui - replicou, rindo, o mensageiro.

- Porquê?

- Vossa Excelência compreenderá porquê quando ler a carta.

- E encontrá-lo-ei aqui?

- Sem dúvida nenhuma.

Franz entrou. Na escada encontrou mestre Pastrini

- Então? - perguntou-lhe o hoteleiro.

- Então o quê? - respondeu Franz.

- Viu o homem que desejava falar-lhe da parte do seu amigo? - inquiriu Pastrini

- Vi, sim, e entregou-me esta carta - respondeu Franz. – Mande

alumiar-me até ao quarto, por favor.

O hoteleiro ordenou a um criado que precedesse Franz com uma vela. O jovem notara em mestre Pastrini um ar assustado, ar que só contribuíra para aumentar o seu desejo de ler a carta de Albert. Por isso, aproximou-se da vela assim que ela foi acesa e desdobrou o papel. A carta fora escrita pelo punho de Albert e estava assinada por ele. Franz releu-a duas vezes, de tal forma estava longe de esperar o que continha. Ei-la reproduzida textualmente:

Caro amigo. Assim que receber a presente, faça favor de tirar da minha carteira, que encontrará na gaveta quadrada da minha escrivaninha a minha carta de crédito. Junte-lhe a sua se ela não for suficiente. Corra a casa de Torlonia, levante imediatamente quatro mil piastras e entregue-as ao portador. É urgente que esta importância me seja enviada sem qualquer demora.

Não insisto mais, mas conto consigo como você poderia contar comigo.

P.S. - Agora já acredito em bandidos italianos.

Seu amigo,

ALBERT DE MORCERF





Os capítulos deste livro

Marselha - A Chegada 1 O pai e o filho 8 Os Catalães 14 A Conspiração 23 O banquete de noivado 28 O substituto do Procurador Régio 38 O interrogatório 47 O Castelo de If 57 A festa de noivado 66 Os Cem Dias 89 O número 34 e o número 27 106 Um sábio italiano 120 A cela do abade 128 O Tesouro 143 O terceiro ataque 153 O cemitério do Castelo de If 162 A Ilha de Tiboulen 167 Os contrabandistas 178 A ilha de Monte-Cristo 185 Deslumbramento 192 O desconhecido 200 A Estalagem da Ponte do Gard 206 O relato 217 Os registos das prisões 228 Acasa Morrel 233 O 5 de Stembro 244 Itália - Simbad, o marinheiro 257 Despertar 278 Bandidos Romanos 283 Aparição 309 A Mazzolata 327 O Carnaval de Roma 340 As Catacumbas de São Sebastião 356 O encontro 369 Os convivas 375 O almoço 392 A apresentação 403 O Sr. Bertuccio 415 A Casa de Auteuil 419 A vendetta 425 A chuva de sangue 444 O crédito ilimitado 454 A parelha pigarça 464 Ideologia 474 Haydée 484 A família Morrel 488 Píramo e Tisbe 496 Toxicologia 505 Roberto, o diabo 519 A alta e a baixa 531 O major Cavalcanti 540 Andrea Cavalcanti 548 O campo de Luzerna 557 O Sr. Noirtier de Villefort 566 O testamento 573 O telégrafo 580 Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588 Os fantasmas 596 O jantar 604 O mendigo 613 Cena conjugal 620 Projetos de casamento 629 No gabinete do Procurador Régio 637 Um baile de Verão 647 As informações 653 O baile 661 O pão e o sal 668 A Sra. de Saint-Méran 672 A promessa 682 O jazigo da família Villefort 705 A ata da sessão 713 Os progressos de Cavalcanti filho 723 Haydée 732 Escrevem-nos de Janina 748 A limonada 762 A acusação 771 O quarto do padeiro reformado 776 O assalto 790 A mão de Deus 801 Beauchamp 806 A viagem 812 O julgamento 822 A provocação 834 O insulto 840 A Noite 848 O duelo 855 A mãe e o filho 865 O suicídio 871 Valentine 879 A confissão 885 O pai e a filha 895 O contrato 903 A estrada da Bélgica 912 A estalagem do sino e da garrafa 917 A lei 928 A aparição 937 Locusta 943 Valentine 948 Maximilien 953 A assinatura de Danglars 961 O Cemitério do Père-lachaise 970 A partilha 981 O covil dos leões 994 O juiz 1001 No tribunal 1009 O libelo acusatório 1014 Expiação 1021 A partida 1028 O passado 1039 Peppino 1049 A ementa de Luigi Vampa 1058 O Perdão 1064 O 5 de Outubro 1069