Depois passou a Roma, à noite do Coliseu, à conversa que ouvira entre ele e Vampa, conversa relativa a Peppino, e na qual o conde prometera obter o perdão do bandido, promessa que cumprira integralmente, - como os nossos leitores verificaram.
Por fim, chegou à aventura da noite anterior, à atrapalhação em que se vira ao verificar que lhe faltaram seiscentas ou setecentas piastras para completar a importância do resgate, e depois a ideia que tivera de se dirigir ao conde, ideia de que resultara ao mesmo tempo uma solução tão pitoresca como satisfatória.
Albert escutou Franz com toda a atenção.
- Bom - disse-lhe quando terminou -, onde vê em tudo isso algo censurável? O conde gosta de viajar, o conde possui um navio porque é rico. Vá a Portsmouth ou a Southampton e verá os portos cheios de iates pertencentes a ricos ingleses que têm a mesma fantasia. Para saber onde se deter nas suas excursões; para não comer essa horrível cozinha que nos envenena, a mim há quatro meses e você há quatro anos; para não dormir nessas camas abomináveis onde se não consegue sossegar, manda mobilar uma gruta em Monte-Cristo; quando a gruta está mobilada, receia que o Governo toscano lhe levante obstáculos e que tenha gasto o seu dinheiro em pura perda, e que faz? Compra a ilha e toma o seu nome. Meu caro, procure nas suas recordações e diga-me quantas pessoas das suas relações adoptaram o nome de propriedades que nunca lhes pertenceram.
- Mas os bandidos corsos que se encontravam entre a sua tripulação? - lembrou Franz a Albert.
- Que há de extraordinário nisso? Você sabe melhor do que ninguém, não é verdade, que os bandidos corsos não são ladrões, mas pura e simplesmente fugitivos que qualquer vendetta exilou da sua cidade ou da sua aldeia. Podemos portanto aceitá-los sem nos comprometermos. Quanto a mim, declaro que se alguma vez for à Córsega, antes de me apresentar ao governador e ao prefeito apresentar-me-ei aos bandidos de Colomba, se conseguir encontrá-los. Acho-os encantadores.
- Mas Vampa e a sua quadrilha? - insistiu Franz. - Esses são bandidos que assaltam para roubar. Espero que o não negue. Que me diz à influência do conde sobre semelhantes homens? - Digo, meu caro, que como segundo todas as probabilidades devo a vida a essa influência, não serei eu que a criticarei com demasiada severidade.