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Capítulo 39: Os convivas

Página 376

Ao fim de um corredor vasto e calmo, com o qual comunicava a portinha e que fazia de antecâmara, abria-se à direita a sala de jantar de Albert, que dava para o pátio, e à esquerda a sua salinha de visitas, que dava para o jardim. Maciços de plantas trepadeiras abriam-se em leque diante das janelas e ocultavam do Pátio e do jardim o interior de ambas as divisões, as únicas que, por se situarem no rés-do-chão, estavam expostas aos olhares indiscretos.

No primeiro andar havia, além das duas divisões correspondentes às do rés-do-chão, uma terceira situada sobre a antecâmara. As três divisões serviam de sala, quarto de dormir e boudoir. A sala de baixo não passava de uma espécie de divã argelino destinado aos fumadores. O boudoir do primeiro andar comunicava com o quarto de dormir e, através de uma porta invisível, com a escada. Como se vê, estavam tomadas todas as precauções.

Por cima do primeiro andar ficava um vasto atelier, que se aumentara deitando abaixo paredes e tabiques, pandemónio que o artista disputava ao dandy. Ali se refugiavam e empilhavam todos os sucessivos caprichos de Albert: as trombetas de caça, os baixos e as flautas, uma orquestra completa, pois Albert tivera por instantes, não o gosto, mas sim o capricho da música; os cavaletes, as paletas e os pastéis, porque à fantasia da música sucedera a fatuidade da pintura; finalmente, os floretes, as luvas de boxe, os espadões e as bengalas de todos os géneros. Porque, enfim, seguindo as tradições dos jovens à moda da época em que nos encontramos, Albert de Morcerf cultivava com infinitamente mais perseverança do que dedicara à música e à pintura as três artes que completam a educação masculina, ou seja, a esgrima, o boxe e o pau, e recebia sucessivamente naquela divisão, destinada a todos os exercícios do corpo, Grisicr, Cooks eCharles Leboucher.

O resto dos móveis daquela sala privilegiada eram velhas arcas do tempo de Francisco I, cheias de porcelanas da China, de vasos do Japão, de faianças de Luca della Robbia e de travessas de Bernard de Palissy, poltronas antigas onde talvez se tivessem sentado Henrique IV ou Sully, Luís XIII ou Richelieu, porque duas dessas poltronas, ornadas com um brasão de armas onde brilhavam sobre azul as três flores-de-lis da França, encimadas por uma coroa real, tinham vindo, visivelmente, dos armazéns do Luvre, ou pelo menos do de algum palácio real. Para cima dessas poltronas, de fundos escuros e severos, encontravam-se atirados em desordem ricos tecidos de cores vivas, tingidos ao sol da Pérsia ou saídos dos dedos de mulheres de Calcutá ou Chandernagor.

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Capa do livro O Conde de Monte Cristo
Páginas: 1080
Página atual: 376

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Marselha - A Chegada 1
O pai e o filho 8
Os Catalães 14
A Conspiração 23
O banquete de noivado 28
O substituto do Procurador Régio 38
O interrogatório 47
O Castelo de If 57
A festa de noivado 66
Os Cem Dias 89
O número 34 e o número 27 106
Um sábio italiano 120
A cela do abade 128
O Tesouro 143
O terceiro ataque 153
O cemitério do Castelo de If 162
A Ilha de Tiboulen 167
Os contrabandistas 178
A ilha de Monte-Cristo 185
Deslumbramento 192
O desconhecido 200
A Estalagem da Ponte do Gard 206
O relato 217
Os registos das prisões 228
Acasa Morrel 233
O 5 de Stembro 244
Itália - Simbad, o marinheiro 257
Despertar 278
Bandidos Romanos 283
Aparição 309
A Mazzolata 327
O Carnaval de Roma 340
As Catacumbas de São Sebastião 356
O encontro 369
Os convivas 375
O almoço 392
A apresentação 403
O Sr. Bertuccio 415
A Casa de Auteuil 419
A vendetta 425
A chuva de sangue 444
O crédito ilimitado 454
A parelha pigarça 464
Ideologia 474
Haydée 484
A família Morrel 488
Píramo e Tisbe 496
Toxicologia 505
Roberto, o diabo 519
A alta e a baixa 531
O major Cavalcanti 540
Andrea Cavalcanti 548
O campo de Luzerna 557
O Sr. Noirtier de Villefort 566
O testamento 573
O telégrafo 580
Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588
Os fantasmas 596
O jantar 604
O mendigo 613
Cena conjugal 620
Projetos de casamento 629
No gabinete do Procurador Régio 637
Um baile de Verão 647
As informações 653
O baile 661
O pão e o sal 668
A Sra. de Saint-Méran 672
A promessa 682
O jazigo da família Villefort 705
A ata da sessão 713
Os progressos de Cavalcanti filho 723
Haydée 732
Escrevem-nos de Janina 748
A limonada 762
A acusação 771
O quarto do padeiro reformado 776
O assalto 790
A mão de Deus 801
Beauchamp 806
A viagem 812
O julgamento 822
A provocação 834
O insulto 840
A Noite 848
O duelo 855
A mãe e o filho 865
O suicídio 871
Valentine 879
A confissão 885
O pai e a filha 895
O contrato 903
A estrada da Bélgica 912
A estalagem do sino e da garrafa 917
A lei 928
A aparição 937
Locusta 943
Valentine 948
Maximilien 953
A assinatura de Danglars 961
O Cemitério do Père-lachaise 970
A partilha 981
O covil dos leões 994
O juiz 1001
No tribunal 1009
O libelo acusatório 1014
Expiação 1021
A partida 1028
O passado 1039
Peppino 1049
A ementa de Luigi Vampa 1058
O Perdão 1064
O 5 de Outubro 1069