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Capítulo 39: Os convivas

Página 389

- Ora aí está, é precisamente isso, Lucien! - confirmou Morcerf. - Descreveu-o com toda a exactidão. Sim, e cortesia fria, incisiva. Esse homem causou-me muitas vezes arrepios. Um dia, por exemplo, quando assistíamos juntos a uma execução, senti-me mal mais de o ver e ouvir falar friamente de todos os suplícios do mundo do que de ver o carrasco cumprir a sua função e ouvir os gritos do supliciado.

- Não o levou às ruínas do Coliseu para lhe sugar o sangue, Morcerf? - perguntou Beauchamp.

- Ou, depois de o libertar, não o obrigou a assinar qualquer pergaminho cor de fogo pelo qual lhe cedesse a sua alma, como Esaú, o seu morgadio?

- Zombem! Zombem à vontade, meus senhores! - exclamou Morcerf um bocadinho irritado. - Quando olho para vocês, belos parisienses, frequentadores assíduos do Bulevar de Gand, passeantes do Bosque de Bolonha, e me lembro daquele homem... Bom, parece-me que não somos da mesma espécie.

- O que muito me agrada! - declarou Beauchamp.

- A verdade - acrescentou Château-Renaud - é que o seu conde de Monte-Cristo me parece um perfeito cavalheiro nas horas vagas, exceptuando os seus pequenos entendimentos com os bandidos italianos.

- Não há bandidos italianos! - exclamou Debray.

- Nem vampiros! - acrescentou Beauchamp.

- Nem conde de Monte-Cristo! - insistiu Debray. - Ouça, meu caro Albert, estão a dar dez e meia.

- Confesse que teve um pesadelo e vamos almoçar - sugeriu Beauchamp.

Mas a vibração do relógio ainda se não extinguira quando a porta se abriu e Germain, o mandarete do conde de Morcerf que este pusera à disposição do filho, anunciou:

- Sua Excelência o conde de Monte-Cristo!

Todos os presentes deram, mal-grado seu, um salto denunciador da preocupação que a história de Morcerf lhos insinuara na alma. O próprio Albert não conseguiu conter uma emoção súbita. Ninguém ouvira carruagem na rua, nem passos na antecâmara; a própria porta se abrira sem ruído.

O conde apareceu no limiar, vestido com a maior simplicidade, mas o leão mais exigente não encontraria na sua indumentária nada que lhe pudesse criticar. Era tudo de um gosto requintado, tudo provinha das mãos dos mais elegantes fornecedores, tanto a casaca e o chapéu como a camisa. Parecia contar apenas trinta e cinco anos e o que mais impressionou toda a gente foi a extrema semelhança com o retrato que dele traçara Debray.

O conde avançou, sorrindo, para o meio da sala, direito a Albert, o qual foi ao seu encontro e lhe estendeu a mão rapidamente.

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Capa do livro O Conde de Monte Cristo
Páginas: 1080
Página atual: 389

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Marselha - A Chegada 1
O pai e o filho 8
Os Catalães 14
A Conspiração 23
O banquete de noivado 28
O substituto do Procurador Régio 38
O interrogatório 47
O Castelo de If 57
A festa de noivado 66
Os Cem Dias 89
O número 34 e o número 27 106
Um sábio italiano 120
A cela do abade 128
O Tesouro 143
O terceiro ataque 153
O cemitério do Castelo de If 162
A Ilha de Tiboulen 167
Os contrabandistas 178
A ilha de Monte-Cristo 185
Deslumbramento 192
O desconhecido 200
A Estalagem da Ponte do Gard 206
O relato 217
Os registos das prisões 228
Acasa Morrel 233
O 5 de Stembro 244
Itália - Simbad, o marinheiro 257
Despertar 278
Bandidos Romanos 283
Aparição 309
A Mazzolata 327
O Carnaval de Roma 340
As Catacumbas de São Sebastião 356
O encontro 369
Os convivas 375
O almoço 392
A apresentação 403
O Sr. Bertuccio 415
A Casa de Auteuil 419
A vendetta 425
A chuva de sangue 444
O crédito ilimitado 454
A parelha pigarça 464
Ideologia 474
Haydée 484
A família Morrel 488
Píramo e Tisbe 496
Toxicologia 505
Roberto, o diabo 519
A alta e a baixa 531
O major Cavalcanti 540
Andrea Cavalcanti 548
O campo de Luzerna 557
O Sr. Noirtier de Villefort 566
O testamento 573
O telégrafo 580
Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588
Os fantasmas 596
O jantar 604
O mendigo 613
Cena conjugal 620
Projetos de casamento 629
No gabinete do Procurador Régio 637
Um baile de Verão 647
As informações 653
O baile 661
O pão e o sal 668
A Sra. de Saint-Méran 672
A promessa 682
O jazigo da família Villefort 705
A ata da sessão 713
Os progressos de Cavalcanti filho 723
Haydée 732
Escrevem-nos de Janina 748
A limonada 762
A acusação 771
O quarto do padeiro reformado 776
O assalto 790
A mão de Deus 801
Beauchamp 806
A viagem 812
O julgamento 822
A provocação 834
O insulto 840
A Noite 848
O duelo 855
A mãe e o filho 865
O suicídio 871
Valentine 879
A confissão 885
O pai e a filha 895
O contrato 903
A estrada da Bélgica 912
A estalagem do sino e da garrafa 917
A lei 928
A aparição 937
Locusta 943
Valentine 948
Maximilien 953
A assinatura de Danglars 961
O Cemitério do Père-lachaise 970
A partilha 981
O covil dos leões 994
O juiz 1001
No tribunal 1009
O libelo acusatório 1014
Expiação 1021
A partida 1028
O passado 1039
Peppino 1049
A ementa de Luigi Vampa 1058
O Perdão 1064
O 5 de Outubro 1069