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Capítulo 6: O substituto do Procurador Régio

Página 39
E também teriam de admitir que para nós o nosso rei era unicamente Luís, o Bem-amado, enquanto para eles o seu usurpador nunca passou de Napoleão, o maldito. Não é verdade, Villefort? - Que diz, Sra. Marquesa?... Perdoai-me, mas não estava a seguir a conversa.

- Então, deixe essas crianças, marquesa - interveio o velho que fizera o brinde. - Essas crianças vão-se casar e muito naturalmente têm mais de que falar do que de política.

- Peço-lhe perdão, minha mãe - disse uma linda rapariga de cabelo louro e olhos de veludo nadando num fluido nacarado. Restituo- lhe o Sr. de Villefort, que monopolizei por um instante.

- Sr. de Villefort, a minha mãe está a falar consigo.

- Estou pronto a responder-lhe, minha senhora, se se dignar repetir a sua pergunta, que mal ouvi - disse o Sr. de Villefort.

- Estás perdoada, Renée - declarou a marquesa, com um sorriso terno que se não esperaria ver florir naquele rosto severo. Mas o coração da mulher é assim: por mais árido que o bafo dos preconceitos e as exigências da etiqueta o tornem, possui sempre um recanto fértil e ridente, aquele que Deus consagrou ao amor materno. - Estão perdoados... Pois eu dizia, Villefort, que os bonapartistas não tinham nem a nossa convicção, nem o nosso entusiasmo, nem a nossa dedicação.

- Mas, minha senhora, têm pelo menos uma coisa que substitui tudo isso: o fanatismo. Napoleão é o Maomet do Ocidente; é, para todos esses homens vulgares, mas de ambições supremas, não só um legislador e um mestre, mas também um modelo, o modelo da igualdade.

- Da igualdade! - exclamou a marquesa. - Napoleão o modelo da igualdade! E que reserva então para o Sr. de Robespierre? Parece-me que lhe rouba o lugar para o dar ao corso; de qualquer modo, parece-me que se trata pelo menos de uma usurpação.

- Não, minha senhora - respondeu Villefort. - Deixo cada um no seu pedestal: Robespierre coloca Luís XVI no seu cadafalso; Napoleão coloca Vedôme na sua coluna, simplesmente, um praticou a igualdade que rebaixa e o outro a igualdade que eleva. Um rebaixou os reis ao nível da guilhotina, o outro o povo ao nível do trono... Mas isso não significa - acrescentou Villefort, rindo - que ambos não sejam infames revolucionários e que o 9 do Termidor e o 4 de Abril de 1814 não constituam dois dias felizes para a França e dignos de ser igualmente festejados pelos amigos da ordem e da monarquia. E explica também por que motivo, apesar de ter caído para nunca mais se levantar, assim espero, Napoleão conservou os seus fanáticos.

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Capa do livro O Conde de Monte Cristo
Páginas: 1080
Página atual: 39

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Marselha - A Chegada 1
O pai e o filho 8
Os Catalães 14
A Conspiração 23
O banquete de noivado 28
O substituto do Procurador Régio 38
O interrogatório 47
O Castelo de If 57
A festa de noivado 66
Os Cem Dias 89
O número 34 e o número 27 106
Um sábio italiano 120
A cela do abade 128
O Tesouro 143
O terceiro ataque 153
O cemitério do Castelo de If 162
A Ilha de Tiboulen 167
Os contrabandistas 178
A ilha de Monte-Cristo 185
Deslumbramento 192
O desconhecido 200
A Estalagem da Ponte do Gard 206
O relato 217
Os registos das prisões 228
Acasa Morrel 233
O 5 de Stembro 244
Itália - Simbad, o marinheiro 257
Despertar 278
Bandidos Romanos 283
Aparição 309
A Mazzolata 327
O Carnaval de Roma 340
As Catacumbas de São Sebastião 356
O encontro 369
Os convivas 375
O almoço 392
A apresentação 403
O Sr. Bertuccio 415
A Casa de Auteuil 419
A vendetta 425
A chuva de sangue 444
O crédito ilimitado 454
A parelha pigarça 464
Ideologia 474
Haydée 484
A família Morrel 488
Píramo e Tisbe 496
Toxicologia 505
Roberto, o diabo 519
A alta e a baixa 531
O major Cavalcanti 540
Andrea Cavalcanti 548
O campo de Luzerna 557
O Sr. Noirtier de Villefort 566
O testamento 573
O telégrafo 580
Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588
Os fantasmas 596
O jantar 604
O mendigo 613
Cena conjugal 620
Projetos de casamento 629
No gabinete do Procurador Régio 637
Um baile de Verão 647
As informações 653
O baile 661
O pão e o sal 668
A Sra. de Saint-Méran 672
A promessa 682
O jazigo da família Villefort 705
A ata da sessão 713
Os progressos de Cavalcanti filho 723
Haydée 732
Escrevem-nos de Janina 748
A limonada 762
A acusação 771
O quarto do padeiro reformado 776
O assalto 790
A mão de Deus 801
Beauchamp 806
A viagem 812
O julgamento 822
A provocação 834
O insulto 840
A Noite 848
O duelo 855
A mãe e o filho 865
O suicídio 871
Valentine 879
A confissão 885
O pai e a filha 895
O contrato 903
A estrada da Bélgica 912
A estalagem do sino e da garrafa 917
A lei 928
A aparição 937
Locusta 943
Valentine 948
Maximilien 953
A assinatura de Danglars 961
O Cemitério do Père-lachaise 970
A partilha 981
O covil dos leões 994
O juiz 1001
No tribunal 1009
O libelo acusatório 1014
Expiação 1021
A partida 1028
O passado 1039
Peppino 1049
A ementa de Luigi Vampa 1058
O Perdão 1064
O 5 de Outubro 1069