O Conde de Monte Cristo - Cap. 40: O almoço Pág. 398 / 1080

- Enormes - confirmou Beauchamp. - Apesar de ser liberal de alma e coração, completou em 1829 um empréstimo de seis milhões a favor do rei Carlos X, que o fez barão e cavaleiro da Legião de Honra, de forma que usa a fita, não na algibeira do colete, como se poderia crer, mas sim na lapela da casaca.

- Ah! - exclamou Morcerf, rindo. - Beauchamp, Beauchamp, guarde isso para le Corsaire e le Charivari, mas diante de mim poupe o meu futuro sogro.

Depois, virando-se para Monte-Cristo:

- Mas há pouco pronunciou o seu nome como se conhecesse o barão. Conhece-o, de facto?

- Não, não o conheço - respondeu negligentemente Monte-Cristo -, mas provavelmente não tardarei a conhecê-lo, pois tenho um crédito aberto sobre ele pelas casas Richard & Blount, de Londres; Arstein & Eskeles, de Viena, e Thomson & French, de Roma.

E ao pronunciar estes dois últimos nomes, Monte-Cristo olhou pelo canto do olho para Maximilien Morrel.

Se o estrangeiro pretendera produzir qualquer efeito em Maximilien Morrel, não se enganara. De facto, Maximilien estremeceu como se tivesse sido atingido por um choque eléctrico.

- Thomson & French... - murmurou. - Conhece essa casa, senhor?

- São os meus banqueiros na capital do mundo cristão - respondeu tranquilamente o conde. - Posso ser-lhe útil nalguma coisa junto deles?

- Oh, o Sr. Conde talvez nos pudesse ajudar numas pesquisas até aqui infrutíferas! Há tempos, essa casa prestou um serviço à nossa, mas não sei porquê sempre tem negado que nos prestou esse serviço.

- Às suas ordens, senhor - respondeu Monte-Cristo, inclinando-se.

- Mas - observou Morcerf - por causa do Sr. Danglars afastámo-nos singularmente do tema da nossa conversa. Tratava-se de encontrar uma habitação conveniente para o conde de Monte-Cristo. Vamos, meus senhores, procuremos ter uma ideia: onde instalaremos este novo hóspede do grande Paris?

- No Arrabalde de Saint-germain - sugeriu Château-Renaud - O senhor encontrará lá um encantador palacete com pátio e jardim.

- Ora, ora, Château-Renaud - protestou Debray -, você só conhece o seu triste e desagradável Arrabalde de Saint-germain. Não lhe dê ouvidos, Sr. Conde, e instale-se na Chaussée-d'Antin: é o verdadeiro centro de Paris.

- Bulevar da ópera - sugeriu Beauchamp. - No primeiro andar, uma casa com varanda.

- O Sr. Conde mandará levar para lá almofadas de tecido prateado e verá, fumando o seu cachimbo ou tomando as suas pílulas, toda a capital desfilar debaixo dos seus olhos.

- Você não tem nenhuma ideia, Morrel? - perguntou Château-Renaud. - Não propõe nada?





Os capítulos deste livro

Marselha - A Chegada 1 O pai e o filho 8 Os Catalães 14 A Conspiração 23 O banquete de noivado 28 O substituto do Procurador Régio 38 O interrogatório 47 O Castelo de If 57 A festa de noivado 66 Os Cem Dias 89 O número 34 e o número 27 106 Um sábio italiano 120 A cela do abade 128 O Tesouro 143 O terceiro ataque 153 O cemitério do Castelo de If 162 A Ilha de Tiboulen 167 Os contrabandistas 178 A ilha de Monte-Cristo 185 Deslumbramento 192 O desconhecido 200 A Estalagem da Ponte do Gard 206 O relato 217 Os registos das prisões 228 Acasa Morrel 233 O 5 de Stembro 244 Itália - Simbad, o marinheiro 257 Despertar 278 Bandidos Romanos 283 Aparição 309 A Mazzolata 327 O Carnaval de Roma 340 As Catacumbas de São Sebastião 356 O encontro 369 Os convivas 375 O almoço 392 A apresentação 403 O Sr. Bertuccio 415 A Casa de Auteuil 419 A vendetta 425 A chuva de sangue 444 O crédito ilimitado 454 A parelha pigarça 464 Ideologia 474 Haydée 484 A família Morrel 488 Píramo e Tisbe 496 Toxicologia 505 Roberto, o diabo 519 A alta e a baixa 531 O major Cavalcanti 540 Andrea Cavalcanti 548 O campo de Luzerna 557 O Sr. Noirtier de Villefort 566 O testamento 573 O telégrafo 580 Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588 Os fantasmas 596 O jantar 604 O mendigo 613 Cena conjugal 620 Projetos de casamento 629 No gabinete do Procurador Régio 637 Um baile de Verão 647 As informações 653 O baile 661 O pão e o sal 668 A Sra. de Saint-Méran 672 A promessa 682 O jazigo da família Villefort 705 A ata da sessão 713 Os progressos de Cavalcanti filho 723 Haydée 732 Escrevem-nos de Janina 748 A limonada 762 A acusação 771 O quarto do padeiro reformado 776 O assalto 790 A mão de Deus 801 Beauchamp 806 A viagem 812 O julgamento 822 A provocação 834 O insulto 840 A Noite 848 O duelo 855 A mãe e o filho 865 O suicídio 871 Valentine 879 A confissão 885 O pai e a filha 895 O contrato 903 A estrada da Bélgica 912 A estalagem do sino e da garrafa 917 A lei 928 A aparição 937 Locusta 943 Valentine 948 Maximilien 953 A assinatura de Danglars 961 O Cemitério do Père-lachaise 970 A partilha 981 O covil dos leões 994 O juiz 1001 No tribunal 1009 O libelo acusatório 1014 Expiação 1021 A partida 1028 O passado 1039 Peppino 1049 A ementa de Luigi Vampa 1058 O Perdão 1064 O 5 de Outubro 1069