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Capítulo 41: A apresentação

Página 408
Mas a revolução de Julho era, ao que parece, bastante gloriosa para se permitir ser ingrata, e foi-o no tocante a qualquer serviço que não datasse do período imperial. Apresentei pois a minha demissão, porque, quando se ganharam as dragonas no campo de batalha, não se sabe manobrar muito bem no terreno escorregadio dos salões. Renunciei à espada, lancei-me na política, dedico-me à indústria e estudo as artes úteis. Durante os vinte anos que permaneci ao serviço, bem o desejei, mas nunca tive tempo para isso.

- São essas coisas que mantêm a superioridade da vossa nação sobre os outros países, senhor - respondeu Monte-Cristo. Fidalgo oriundo de uma grande casa, possuidor de uma bela fortuna, o senhor começou por consentir em ganhar os primeiros ostos como soldado obscuro, o que é raríssimo; depois, já general e par de França, comendador da Legião de Honra, consentiu em recomeçar segunda aprendizagem, sem outra esperança, sem outra recompensa além da de um dia ser útil aos seus semelhantes... Ah, senhor, isso é realmente belo! Direi mais, é sublime.

Albert olhava e escutava Monte-Cristo com espanto; não estava habituado a vê-lo perfilhar ideias tão entusiastas.

- Infelizmente - continuou o estrangeiro, sem dúvida para fazer desaparecer a nuvem imperceptível que as suas palavras acabavam de provocar na testa de Morcerf -, não procedemos assim em Itália: crescemos consoante a nossa casta e a nossa espécie, e conservamos a mesma folhagem, o mesmo tamanho e muitas vezes a mesma inutilidade toda a nossa vida.

- Mas, senhor - respondeu o conde de Morcerf -, para um homem do seu mérito, a Itália não é uma pátria e a França talvez não seja ingrata com toda a gente. Trata mal os seus filhos, mas habitualmente acolhe com generosidade os estrangeiros.

- Então, meu pai - interveio Albert com um sorriso -, bem se vê que não conhece o Sr. Conde de Monte-Cristo. As suas satisfações não são deste mundo; não aspira a quaisquer honras e só aceita as que podem caber num passaporte.

- Ora aí está a expressão mais justa que alguma vez ouvi a meu respeito - declarou o visitante.

- Tem sabido ser senhor do seu futuro - disse o conde de Morcerf, com um suspiro - e escolheu um caminho florido.

- Exactamente, senhor - replicou Monte-Cristo, com um daqueles sorrisos que um pintor nunca conseguirá reproduzir e que um fisionomista desesperará sempre de analisar.

- Se não receasse cansar o Sr. Conde - disse o general, evidentemente cativado pelas maneiras de Monte-Cristo -, levá-lo-ia à Câmara. Há hoje uma sessão curiosa para quem não conhece os nossos senadores modernos.

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Capa do livro O Conde de Monte Cristo
Páginas: 1080
Página atual: 408

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Marselha - A Chegada 1
O pai e o filho 8
Os Catalães 14
A Conspiração 23
O banquete de noivado 28
O substituto do Procurador Régio 38
O interrogatório 47
O Castelo de If 57
A festa de noivado 66
Os Cem Dias 89
O número 34 e o número 27 106
Um sábio italiano 120
A cela do abade 128
O Tesouro 143
O terceiro ataque 153
O cemitério do Castelo de If 162
A Ilha de Tiboulen 167
Os contrabandistas 178
A ilha de Monte-Cristo 185
Deslumbramento 192
O desconhecido 200
A Estalagem da Ponte do Gard 206
O relato 217
Os registos das prisões 228
Acasa Morrel 233
O 5 de Stembro 244
Itália - Simbad, o marinheiro 257
Despertar 278
Bandidos Romanos 283
Aparição 309
A Mazzolata 327
O Carnaval de Roma 340
As Catacumbas de São Sebastião 356
O encontro 369
Os convivas 375
O almoço 392
A apresentação 403
O Sr. Bertuccio 415
A Casa de Auteuil 419
A vendetta 425
A chuva de sangue 444
O crédito ilimitado 454
A parelha pigarça 464
Ideologia 474
Haydée 484
A família Morrel 488
Píramo e Tisbe 496
Toxicologia 505
Roberto, o diabo 519
A alta e a baixa 531
O major Cavalcanti 540
Andrea Cavalcanti 548
O campo de Luzerna 557
O Sr. Noirtier de Villefort 566
O testamento 573
O telégrafo 580
Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588
Os fantasmas 596
O jantar 604
O mendigo 613
Cena conjugal 620
Projetos de casamento 629
No gabinete do Procurador Régio 637
Um baile de Verão 647
As informações 653
O baile 661
O pão e o sal 668
A Sra. de Saint-Méran 672
A promessa 682
O jazigo da família Villefort 705
A ata da sessão 713
Os progressos de Cavalcanti filho 723
Haydée 732
Escrevem-nos de Janina 748
A limonada 762
A acusação 771
O quarto do padeiro reformado 776
O assalto 790
A mão de Deus 801
Beauchamp 806
A viagem 812
O julgamento 822
A provocação 834
O insulto 840
A Noite 848
O duelo 855
A mãe e o filho 865
O suicídio 871
Valentine 879
A confissão 885
O pai e a filha 895
O contrato 903
A estrada da Bélgica 912
A estalagem do sino e da garrafa 917
A lei 928
A aparição 937
Locusta 943
Valentine 948
Maximilien 953
A assinatura de Danglars 961
O Cemitério do Père-lachaise 970
A partilha 981
O covil dos leões 994
O juiz 1001
No tribunal 1009
O libelo acusatório 1014
Expiação 1021
A partida 1028
O passado 1039
Peppino 1049
A ementa de Luigi Vampa 1058
O Perdão 1064
O 5 de Outubro 1069