Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 43: A Casa de Auteuil

Página 421

- O senhor bem vê que nada disto é natural! - exclamou o intendente. - Que querendo comprar uma casa em Paris a fosse comprar precisamente em Auteuil, e que comprando-a em Auteuil essa casa fosse o n.º 28 da Rua de la Fontaine! Oh, porque lhe não disse tudo antes, senhor?! Com certeza não teria exigido que eu viesse. Esperava que a casa do Sr. Conde fosse outra e não esta. Como se não existisse outra casa em Auteuil além da do assassínio!

- Oh! Oh! - exclamou o conde, parando de súbito. - Que palavra horrível acaba de pronunciar! Diabo do homem! Corso de uma figa! Sempre mistérios ou superstições! Vamos, pegue na lanterna e visitemos o jardim. Espero que não tenha medo na minha companhia! Bertuccio pegou na lanterna e obedeceu.

Aberta a porta, depararam com um céu baço, no qual a Lua se esforçava em vão por lutar contra um mar de nuvens que a cobriam com as suas vagas sombrias, que iluminava um instante e em seguida desapareciam, ainda mais escuras, nas profundezas do infinito.

O intendente quis seguir pela esquerda.

- Não, senhor - disse Monte-Cristo. - Para que havemos de ir pelas alamedas? Temos aqui um excelente relvado, sigamos em frente.

Bertuccio enxugou o suor que lhe escorria da testa, mas obedeceu. No entanto, continuava a dirigir-se para a esquerda.

Monte-Cristo, pelo contrário, dirigia-se para a direita.

Chegado junto de um maciço de árvores deteve-se.

O intendente não se conteve.

- Afaste-se, senhor! - gritou. - Afaste-se, suplico-lhe! Está precisamente no lugar!

- Qual lugar?

- Mesmo no lugar onde ele caiu.

- Meu caro Sr. Bertuccio - redarguiu Monte-Cristo, rindo - domine-se, peço-lhe. Não estamos aqui em Sartène ou na Corte. Isto não é de modo algum um matagal, mas sim um jardim inglês, mal conservado, admito, mas que lá por isso é escusado caluniar.

- Não fique aí senhor, não fique aí, suplico-lhe!

- Creio que endoideceu, mestre Bertuccio - declarou friamente o conde. - Se assim é, diga-me, pois mandá-lo-ei internar em qualquer manicómio antes que aconteça, alguma desgraça.

- Infelizmente, Excelência - disse Bertuccio abanando a cabeça e agitando as mãos, numa atitude que faria rir o conde se pensamento de interesse superior o não tivessem dominado naquele momento e tornado atentíssimo às mais pequenas expansões daquela consciência timorata -, infelizmente Excelência, a desgraça já aconteceu.

- Sr. Bertuccio - disse o conde -, desculpe dizer-lhe que a gesticular dessa maneira torce os braços e rola os olhos como um possesso de cujo corpo o Diabo não quer sair. Ora, tenho verificado que quase sempre o Diabo mais agarrado ao seu lugar é um segredo.

<< Página Anterior

pág. 421 (Capítulo 43)

Página Seguinte >>

Capa do livro O Conde de Monte Cristo
Páginas: 1080
Página atual: 421

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Marselha - A Chegada 1
O pai e o filho 8
Os Catalães 14
A Conspiração 23
O banquete de noivado 28
O substituto do Procurador Régio 38
O interrogatório 47
O Castelo de If 57
A festa de noivado 66
Os Cem Dias 89
O número 34 e o número 27 106
Um sábio italiano 120
A cela do abade 128
O Tesouro 143
O terceiro ataque 153
O cemitério do Castelo de If 162
A Ilha de Tiboulen 167
Os contrabandistas 178
A ilha de Monte-Cristo 185
Deslumbramento 192
O desconhecido 200
A Estalagem da Ponte do Gard 206
O relato 217
Os registos das prisões 228
Acasa Morrel 233
O 5 de Stembro 244
Itália - Simbad, o marinheiro 257
Despertar 278
Bandidos Romanos 283
Aparição 309
A Mazzolata 327
O Carnaval de Roma 340
As Catacumbas de São Sebastião 356
O encontro 369
Os convivas 375
O almoço 392
A apresentação 403
O Sr. Bertuccio 415
A Casa de Auteuil 419
A vendetta 425
A chuva de sangue 444
O crédito ilimitado 454
A parelha pigarça 464
Ideologia 474
Haydée 484
A família Morrel 488
Píramo e Tisbe 496
Toxicologia 505
Roberto, o diabo 519
A alta e a baixa 531
O major Cavalcanti 540
Andrea Cavalcanti 548
O campo de Luzerna 557
O Sr. Noirtier de Villefort 566
O testamento 573
O telégrafo 580
Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588
Os fantasmas 596
O jantar 604
O mendigo 613
Cena conjugal 620
Projetos de casamento 629
No gabinete do Procurador Régio 637
Um baile de Verão 647
As informações 653
O baile 661
O pão e o sal 668
A Sra. de Saint-Méran 672
A promessa 682
O jazigo da família Villefort 705
A ata da sessão 713
Os progressos de Cavalcanti filho 723
Haydée 732
Escrevem-nos de Janina 748
A limonada 762
A acusação 771
O quarto do padeiro reformado 776
O assalto 790
A mão de Deus 801
Beauchamp 806
A viagem 812
O julgamento 822
A provocação 834
O insulto 840
A Noite 848
O duelo 855
A mãe e o filho 865
O suicídio 871
Valentine 879
A confissão 885
O pai e a filha 895
O contrato 903
A estrada da Bélgica 912
A estalagem do sino e da garrafa 917
A lei 928
A aparição 937
Locusta 943
Valentine 948
Maximilien 953
A assinatura de Danglars 961
O Cemitério do Père-lachaise 970
A partilha 981
O covil dos leões 994
O juiz 1001
No tribunal 1009
O libelo acusatório 1014
Expiação 1021
A partida 1028
O passado 1039
Peppino 1049
A ementa de Luigi Vampa 1058
O Perdão 1064
O 5 de Outubro 1069