O Conde de Monte Cristo - Cap. 6: O substituto do Procurador Régio Pág. 44 / 1080

Trata-se de um rapaz já amadurecido e da minha confiança. Vi com prazer o marquês e a marquesa de Saint-Méran tomarem-no como genro e ter-lhes-ia aconselhado essa aliança se não tivessem sido os primeiros a pedir-me licença para a contrair.»

- O rei disse isso, conde? - exclamou Villefort, extasiado.

- Foram as suas próprias palavras, e se o marquês quiser ser franco confessará que o que acabo de dizer se harmoniza perfeitamente com o que o rei lhe disse a ele próprio quando lhe falou, há seis meses, de um projeto de casamento entre a filha e você

- É verdade - confirmou o marquês.

- Oh, deverei tudo a esse digno príncipe! Por isso, que não farei para o servir! - Ora até que enfim! - disse a marquesa. - É assim que gosto de o ver. Se neste momento aparecesse um conspirador, seria bem-vindo.

- Pois eu, minha mãe - atalhou Renée -, peço a Deus que a não escute e envie ao Sr. de Villefort apenas uns ladrõezecos, modestos falidos e tímidos vigaristas. Se assim acontecer, dormirei tranquila.

- É como se desejasse ao médico enxaquecas, sarampos e picadas de vespas, tudo coisas que afetam apenas a epiderme observou Villefort, rindo - Ora se, pelo contrário, me quiser ver procurador régio deseje-me dessas doenças terríveis cuja cura honra o médico.

Neste momento, e como se o acaso nada mais tivesse esperado do que a formulação do desejo de Villefort para o satisfazer, entrou um criado que lhe disse algumas palavras ao ouvido. Villefort pediu licença para deixar a mesa e voltou pouco depois de rosto aberto e lábios sorridentes.

Renée olhou-o com amor. Porque visto assim, com os seus olhos azuis, a sua tez mate e as suas suíças pretas, que lhe emolduravam o rosto, era realmente um elegante e bonito jovem. Por isso, todo o espírito da jovem pareceu ficar suspenso dos seus lábios enquanto esperava que ele explicasse a causa do seu desaparecimento momentâneo.

- Bom - disse Villefort -, há pouco ambicionava, Mademoiselle, ter por marido um médico. Ora eu tenho com os discípulos de Esculápio (ainda se falava assim em 1815) pelo menos esta semelhança: nunca me pertence o momento que passa, vêm incomodar-me mesmo junto de si, mesmo no meu banquete de noivado.

- E por que motivo o incomodaram, senhor? - perguntou a linda jovem, com uma ligeira inquietação.

- Oh, por causa de um doente que, a crer no que me disseram, se deve encontrar em estado desesperado! Desta vez trata-se de um caso grave e a doença anda perto do cadafalso! - Oh, meu Deus! - exclamou Renée, empalidecendo.

- Sim?! - disseram em uníssono os convivas.

- Parece que se acaba de descobrir, muito simplesmente, uma conspiraçãozinha bonapartista...





Os capítulos deste livro

Marselha - A Chegada 1 O pai e o filho 8 Os Catalães 14 A Conspiração 23 O banquete de noivado 28 O substituto do Procurador Régio 38 O interrogatório 47 O Castelo de If 57 A festa de noivado 66 Os Cem Dias 89 O número 34 e o número 27 106 Um sábio italiano 120 A cela do abade 128 O Tesouro 143 O terceiro ataque 153 O cemitério do Castelo de If 162 A Ilha de Tiboulen 167 Os contrabandistas 178 A ilha de Monte-Cristo 185 Deslumbramento 192 O desconhecido 200 A Estalagem da Ponte do Gard 206 O relato 217 Os registos das prisões 228 Acasa Morrel 233 O 5 de Stembro 244 Itália - Simbad, o marinheiro 257 Despertar 278 Bandidos Romanos 283 Aparição 309 A Mazzolata 327 O Carnaval de Roma 340 As Catacumbas de São Sebastião 356 O encontro 369 Os convivas 375 O almoço 392 A apresentação 403 O Sr. Bertuccio 415 A Casa de Auteuil 419 A vendetta 425 A chuva de sangue 444 O crédito ilimitado 454 A parelha pigarça 464 Ideologia 474 Haydée 484 A família Morrel 488 Píramo e Tisbe 496 Toxicologia 505 Roberto, o diabo 519 A alta e a baixa 531 O major Cavalcanti 540 Andrea Cavalcanti 548 O campo de Luzerna 557 O Sr. Noirtier de Villefort 566 O testamento 573 O telégrafo 580 Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588 Os fantasmas 596 O jantar 604 O mendigo 613 Cena conjugal 620 Projetos de casamento 629 No gabinete do Procurador Régio 637 Um baile de Verão 647 As informações 653 O baile 661 O pão e o sal 668 A Sra. de Saint-Méran 672 A promessa 682 O jazigo da família Villefort 705 A ata da sessão 713 Os progressos de Cavalcanti filho 723 Haydée 732 Escrevem-nos de Janina 748 A limonada 762 A acusação 771 O quarto do padeiro reformado 776 O assalto 790 A mão de Deus 801 Beauchamp 806 A viagem 812 O julgamento 822 A provocação 834 O insulto 840 A Noite 848 O duelo 855 A mãe e o filho 865 O suicídio 871 Valentine 879 A confissão 885 O pai e a filha 895 O contrato 903 A estrada da Bélgica 912 A estalagem do sino e da garrafa 917 A lei 928 A aparição 937 Locusta 943 Valentine 948 Maximilien 953 A assinatura de Danglars 961 O Cemitério do Père-lachaise 970 A partilha 981 O covil dos leões 994 O juiz 1001 No tribunal 1009 O libelo acusatório 1014 Expiação 1021 A partida 1028 O passado 1039 Peppino 1049 A ementa de Luigi Vampa 1058 O Perdão 1064 O 5 de Outubro 1069