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Capítulo 52: Toxicologia

Página 516
É assim que procedem e triunfam as gentes do Oriente, personagens graves e fleumáticas, que se preocupam pouco com questões de tempo nas conjecturas de certa importância.

- Resta a consciência - disse a Sr.ª de Villefort, com voz estrangulada e um suspiro abafado.

- Sim, felizmente resta a consciência, sem a qual seríamos infelicíssimos - concordou Monte-Cristo. - Depois de qualquer acção um pouco enérgica, é a consciência que nos salva, porque nos fornece mil boas desculpas, das quais só nós somos juízes. E essas razões, por mais excelentes que sejam para nos conservar o sono, talvez fossem medíocres perante um tribunal para nos conservar a vida. Assim, Ricardo III, por exemplo, deve ter sido maravilhosamente servido pela consciência depois da supressão dos dois filhos de Eduardo IV. Com efeito podia dizer para consigo: «Estes dois filhos de um rei cruel e perseguidor, e que tinham herdado os vícios do pai, que só eu soube reconhecer nas suas inclinações juvenis; estes dois filhos impediam-me de fazer a felicidade do povo inglês, de que teriam infalivelmente feito a infelicidade.” Assim foi servida pela sua consciência Lady Macbeth, que pretendia, ao contrário do que disse Shakespeare, dar um trono, não ao marido, mas sim ao filho. Ah, o amor materno é uma virtude tão grande, um móbil tão poderoso, que leva a desculpar muitas coisas! Por isso depois da morte de Duncan, Lady Macbeth teria sido infelicíssima sem a sua consciência.

A Sr.ª de Villefort absorvia com avidez estas medonhas máximas e estes horríveis paradoxos proferidos pelo conde com a ingénua ironia que lhe era peculiar. Passado um momento de silêncio, observou:

- Sabe, Sr. Conde, que é um terrível argumentador e que vê o mundo a uma luz um tanto lívida? Foi observando a humanidade através dos alambiques e das retortas que a julgou dessa maneira? Porque tinha razão, é um grande químico, e esse elixir que deu ao meu filho e que tão rapidamente o trouxe à vida...

- Oh, não exagere, minha senhora! - redarguiu Monte-Cristo. - Uma gota desse elixir bastou para trazer à vida uma criança que morria, mas três gotas ter-lhe-iam impelido o sangue para os pulmões de maneira a causar-lhe palpitações, seis cortar-lhe-iam a respiração e causar-lhe-iam uma síncope muito mais grave do que aquela em que se encontrava, e, finalmente, dez tê-lo-iam fulminado. Lembra-se, minha senhora, de o afastar daqueles frascos, nos quais tinha a imprudência detocar?

- Trata-se portanto de um veneno terrível?

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Capa do livro O Conde de Monte Cristo
Páginas: 1080
Página atual: 516

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Marselha - A Chegada 1
O pai e o filho 8
Os Catalães 14
A Conspiração 23
O banquete de noivado 28
O substituto do Procurador Régio 38
O interrogatório 47
O Castelo de If 57
A festa de noivado 66
Os Cem Dias 89
O número 34 e o número 27 106
Um sábio italiano 120
A cela do abade 128
O Tesouro 143
O terceiro ataque 153
O cemitério do Castelo de If 162
A Ilha de Tiboulen 167
Os contrabandistas 178
A ilha de Monte-Cristo 185
Deslumbramento 192
O desconhecido 200
A Estalagem da Ponte do Gard 206
O relato 217
Os registos das prisões 228
Acasa Morrel 233
O 5 de Stembro 244
Itália - Simbad, o marinheiro 257
Despertar 278
Bandidos Romanos 283
Aparição 309
A Mazzolata 327
O Carnaval de Roma 340
As Catacumbas de São Sebastião 356
O encontro 369
Os convivas 375
O almoço 392
A apresentação 403
O Sr. Bertuccio 415
A Casa de Auteuil 419
A vendetta 425
A chuva de sangue 444
O crédito ilimitado 454
A parelha pigarça 464
Ideologia 474
Haydée 484
A família Morrel 488
Píramo e Tisbe 496
Toxicologia 505
Roberto, o diabo 519
A alta e a baixa 531
O major Cavalcanti 540
Andrea Cavalcanti 548
O campo de Luzerna 557
O Sr. Noirtier de Villefort 566
O testamento 573
O telégrafo 580
Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588
Os fantasmas 596
O jantar 604
O mendigo 613
Cena conjugal 620
Projetos de casamento 629
No gabinete do Procurador Régio 637
Um baile de Verão 647
As informações 653
O baile 661
O pão e o sal 668
A Sra. de Saint-Méran 672
A promessa 682
O jazigo da família Villefort 705
A ata da sessão 713
Os progressos de Cavalcanti filho 723
Haydée 732
Escrevem-nos de Janina 748
A limonada 762
A acusação 771
O quarto do padeiro reformado 776
O assalto 790
A mão de Deus 801
Beauchamp 806
A viagem 812
O julgamento 822
A provocação 834
O insulto 840
A Noite 848
O duelo 855
A mãe e o filho 865
O suicídio 871
Valentine 879
A confissão 885
O pai e a filha 895
O contrato 903
A estrada da Bélgica 912
A estalagem do sino e da garrafa 917
A lei 928
A aparição 937
Locusta 943
Valentine 948
Maximilien 953
A assinatura de Danglars 961
O Cemitério do Père-lachaise 970
A partilha 981
O covil dos leões 994
O juiz 1001
No tribunal 1009
O libelo acusatório 1014
Expiação 1021
A partida 1028
O passado 1039
Peppino 1049
A ementa de Luigi Vampa 1058
O Perdão 1064
O 5 de Outubro 1069