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Capítulo 61: Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos

Página 591

- De facto, disseram-me - prosseguiu o conde - que os senhores repetem sinais que são os primeiros a não compreender.

- Claro, senhor, e por mim prefiro que seja assim - respondeu, rindo, o homem do telégrafo.

- Porque prefere que seja assim?

- Porque assim não tenho responsabilidades. Sou apenas uma máquina, e mais nada, e desde que funcione, é tudo, quanto me exigem.

«Demónio!», disse Monte-Cristo para consigo mesmo. «Terei por acaso deparado com um homem sem ambições? Irra, seria demasiada pouca sorte!»

- Senhor - disse o jardineiro, deitando uma olhadela ao relógio de sol -, os dez minutos estão a acabar e tenho de regressar ao meu posto. Gostaria de subir comigo?

- Acompanho-o.

Com efeito, Monte-Cristo entrou na torre, dividida em três andares. O de baixo continha algumas alfaias agrícolas, tais como enxadas, ancinhos e regadores, encostadas à muralha, e mais nada.

O segundo era a residência habitual, ou antes, nocturna, do funcionário. Continha alguns pobres utensílios domésticos, uma cama, uma mesa, duas cadeiras, uma bilha de barro e algumas ervas secas pendentes do tecto, e que o conde identificou como ervilhas-de-cheiro e feijoeiros-escarlates, cujas sementes o homenzinho conservava na sua vagem, tudo etiquetado com um cuidado que faria inveja a um técnico do Jardim Botânico.

- É preciso muito tempo para aprender telegrafia, senhor? - indagou Monte-Cristo.

- Não, a aprendizagem não é longa, o que é longo é o tempo que se passa como supranumerário.

- E quanto ganham?

- Mil francos, senhor.

- Não é muito...

- Pois não, mas temos alojamento, como vê.

Monte-Cristo olhou o quarto.

- Oxalá que não esteja agarrado a isto - murmurou.

Passaram ao terceiro andar: era a sala do telégrafo.

Monte-Cristo olhou alternadamente os dois manípulos de ferro com o auxílio dos quais o funcionário fazia trabalhar a máquina.

- Isto é muito interessante - disse -, mas com o tempo esta vida não lhe parecerá um bocado insípida?

- Sim, ao princípio têm-se torcicolos à força de olhar, mas ao cabo de um ano ou dois acostumamo-nos. Além disso, temos as nossas horas de folga e os nossos dias de descanso.

- Dias de descanso?

- Sim.

- Quais?

- Aqueles em que há nevoeiro.

- Ah, tem razão!

- São os meus dias de festa. Nesses dias desço ao jardim e planto, podo, aparo e dou cabo das lagartas que apanho. Em suma, o tempo passa.

- Há quanto tempo está aqui? - Há dez anos, mais cinco de supranumerário, quinze.

- Que idade tem?

- Cinquenta e cinco anos.

- Quanto tempo de serviço lhe falta para ter direito à reforma?

- Oh, senhor, vinte e cinco anos!

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Capa do livro O Conde de Monte Cristo
Páginas: 1080
Página atual: 591

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Marselha - A Chegada 1
O pai e o filho 8
Os Catalães 14
A Conspiração 23
O banquete de noivado 28
O substituto do Procurador Régio 38
O interrogatório 47
O Castelo de If 57
A festa de noivado 66
Os Cem Dias 89
O número 34 e o número 27 106
Um sábio italiano 120
A cela do abade 128
O Tesouro 143
O terceiro ataque 153
O cemitério do Castelo de If 162
A Ilha de Tiboulen 167
Os contrabandistas 178
A ilha de Monte-Cristo 185
Deslumbramento 192
O desconhecido 200
A Estalagem da Ponte do Gard 206
O relato 217
Os registos das prisões 228
Acasa Morrel 233
O 5 de Stembro 244
Itália - Simbad, o marinheiro 257
Despertar 278
Bandidos Romanos 283
Aparição 309
A Mazzolata 327
O Carnaval de Roma 340
As Catacumbas de São Sebastião 356
O encontro 369
Os convivas 375
O almoço 392
A apresentação 403
O Sr. Bertuccio 415
A Casa de Auteuil 419
A vendetta 425
A chuva de sangue 444
O crédito ilimitado 454
A parelha pigarça 464
Ideologia 474
Haydée 484
A família Morrel 488
Píramo e Tisbe 496
Toxicologia 505
Roberto, o diabo 519
A alta e a baixa 531
O major Cavalcanti 540
Andrea Cavalcanti 548
O campo de Luzerna 557
O Sr. Noirtier de Villefort 566
O testamento 573
O telégrafo 580
Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588
Os fantasmas 596
O jantar 604
O mendigo 613
Cena conjugal 620
Projetos de casamento 629
No gabinete do Procurador Régio 637
Um baile de Verão 647
As informações 653
O baile 661
O pão e o sal 668
A Sra. de Saint-Méran 672
A promessa 682
O jazigo da família Villefort 705
A ata da sessão 713
Os progressos de Cavalcanti filho 723
Haydée 732
Escrevem-nos de Janina 748
A limonada 762
A acusação 771
O quarto do padeiro reformado 776
O assalto 790
A mão de Deus 801
Beauchamp 806
A viagem 812
O julgamento 822
A provocação 834
O insulto 840
A Noite 848
O duelo 855
A mãe e o filho 865
O suicídio 871
Valentine 879
A confissão 885
O pai e a filha 895
O contrato 903
A estrada da Bélgica 912
A estalagem do sino e da garrafa 917
A lei 928
A aparição 937
Locusta 943
Valentine 948
Maximilien 953
A assinatura de Danglars 961
O Cemitério do Père-lachaise 970
A partilha 981
O covil dos leões 994
O juiz 1001
No tribunal 1009
O libelo acusatório 1014
Expiação 1021
A partida 1028
O passado 1039
Peppino 1049
A ementa de Luigi Vampa 1058
O Perdão 1064
O 5 de Outubro 1069