Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 63: O jantar

Página 605

Monte-Cristo viu a surpresa geral e desatou a rir e a ridicularizar-se em voz alta.

- Meus senhores - disse -, decerto concordam com o que lhes vou dizer. Não é verdade que, quando se atinge certo grau de fortuna, não há nada mais necessário do que o supérfluo, da mesma maneira que, como estas senhoras admitirão, atingindo certo grau de exaltação, não há nada mais positivo do que o ideal? Ora, prosseguindo com o raciocínio, que é o maravilhoso? O que não compreendemos. Que é um bem realmente desejável? Um bem que não podemos ter. Por isso, ver coisas que não posso compreender e adquirir coisas impossíveis de possuir, tal é o desejo de toda a minha vida. E satisfaço-o com dois meios: o dinheiro e a vontade. Ponho em satisfazer um capricho, por exemplo, a mesma perseverança que o senhor, meu caro Danglars, emprega para criar uma linha de caminho-de-ferro; o senhor, meu caro Villefort, para que um homem seja condenado à morte; o senhor, meu caro Debray, para pacificar um reino; o senhor, meu caro Château-Renaud, para agradar a uma mulher, e o senhor, meu caro Morrel, para domar um cavalo que ninguém consegue montar. Assim, por exemplo, vejam estes dois peixes, nascidos um a cinquenta léguas de Sampetersburgo e o outro a cinco léguas de Nápoles: não é interessante reuni-los na mesma mesa?

- Como se chamam esses dois peixes? - perguntou Danglars.

- Aqui está o Sr. de Château-Renaud, que viveu na Rússia, que lhes dirá o nome de um - respondeu Monte-Cristo. - E aqui está o Sr. Major Cavalcanti, que é italiano, que lhes dirá o nome do outro.

- Este - disse Château-Renaud - é, se me não engano, um esturjão.

- Exacto.

- E aquele - disse Cavalcanti - é, se não estou em erro, uma lampreia.

- Isso mesmo. Agora, Sr. Danglars, pergunte àqueles dois senhores onde se pescam estes peixes.

- Os esturjões - respondeu Château-Renaud - pescam-se exclusivamente no Volga.

- E águas que dêem lampreias deste tamanho - disse Cavalcanti - só conheço as do lago Fusaro.

- Exacto, um veio do Volga e o outro do lago Fusaro.

- Impossível! - exclamaram em uníssono todos os convivas.

- Ora é isso precisamente que me diverte - redarguiu Monte-Cristo. - Sou como Nero: cupitor impossibilium. É também o que os diverte neste momento. Eis, enfim, o que faz com que esta carne, que na realidade talvez não valha mais do que a da perca e a do salmão, lhes vá parecer deliciosa daqui a pouco, só porque no espírito de todos era impossível consegui-la. E no entanto ela aqui está...

<< Página Anterior

pág. 605 (Capítulo 63)

Página Seguinte >>

Capa do livro O Conde de Monte Cristo
Páginas: 1080
Página atual: 605

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Marselha - A Chegada 1
O pai e o filho 8
Os Catalães 14
A Conspiração 23
O banquete de noivado 28
O substituto do Procurador Régio 38
O interrogatório 47
O Castelo de If 57
A festa de noivado 66
Os Cem Dias 89
O número 34 e o número 27 106
Um sábio italiano 120
A cela do abade 128
O Tesouro 143
O terceiro ataque 153
O cemitério do Castelo de If 162
A Ilha de Tiboulen 167
Os contrabandistas 178
A ilha de Monte-Cristo 185
Deslumbramento 192
O desconhecido 200
A Estalagem da Ponte do Gard 206
O relato 217
Os registos das prisões 228
Acasa Morrel 233
O 5 de Stembro 244
Itália - Simbad, o marinheiro 257
Despertar 278
Bandidos Romanos 283
Aparição 309
A Mazzolata 327
O Carnaval de Roma 340
As Catacumbas de São Sebastião 356
O encontro 369
Os convivas 375
O almoço 392
A apresentação 403
O Sr. Bertuccio 415
A Casa de Auteuil 419
A vendetta 425
A chuva de sangue 444
O crédito ilimitado 454
A parelha pigarça 464
Ideologia 474
Haydée 484
A família Morrel 488
Píramo e Tisbe 496
Toxicologia 505
Roberto, o diabo 519
A alta e a baixa 531
O major Cavalcanti 540
Andrea Cavalcanti 548
O campo de Luzerna 557
O Sr. Noirtier de Villefort 566
O testamento 573
O telégrafo 580
Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588
Os fantasmas 596
O jantar 604
O mendigo 613
Cena conjugal 620
Projetos de casamento 629
No gabinete do Procurador Régio 637
Um baile de Verão 647
As informações 653
O baile 661
O pão e o sal 668
A Sra. de Saint-Méran 672
A promessa 682
O jazigo da família Villefort 705
A ata da sessão 713
Os progressos de Cavalcanti filho 723
Haydée 732
Escrevem-nos de Janina 748
A limonada 762
A acusação 771
O quarto do padeiro reformado 776
O assalto 790
A mão de Deus 801
Beauchamp 806
A viagem 812
O julgamento 822
A provocação 834
O insulto 840
A Noite 848
O duelo 855
A mãe e o filho 865
O suicídio 871
Valentine 879
A confissão 885
O pai e a filha 895
O contrato 903
A estrada da Bélgica 912
A estalagem do sino e da garrafa 917
A lei 928
A aparição 937
Locusta 943
Valentine 948
Maximilien 953
A assinatura de Danglars 961
O Cemitério do Père-lachaise 970
A partilha 981
O covil dos leões 994
O juiz 1001
No tribunal 1009
O libelo acusatório 1014
Expiação 1021
A partida 1028
O passado 1039
Peppino 1049
A ementa de Luigi Vampa 1058
O Perdão 1064
O 5 de Outubro 1069