Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 66: Projetos de casamento

Página 631

- Demónio, para uma fortuna de terceira ordem, é um rude golpe! - declarou Monte-Cristo, com compaixão.

- De terceira ordem? - repetiu Danglars um pouco vexado. – Que diabo entende o senhor por isso?

- Sem dúvida - prosseguiu Monte-Cristo. - Divido as fortunas em três categorias: fortuna de primeira ordem, fortuna de segunda ordem e fortuna de terceira ordem. Chamo fortuna de primeira ordem à que se compõe de tesouros ao alcance da mão: terras, minas, títulos sobre Estados como a França, a Áustria e a Inglaterra, contanto que esses tesouros, essas minas e esses títulos atinjam o total de uma centena de milhões. Chamo fortuna de segunda ordem às explorações manufactureiras, às empresas por quotas, aos vice-reinos e aos principados que não excedam um milhão e quinhentos mil francos de rendimento e ao todo possuam um capital à volta de cinquenta milhões.

Finalmente, chamo fortuna de terceira ordem aos capitais que frutificam por meio de juros compostos, cujos ganhos dependem da vontade doutrém ou dos caprichos do acaso, que uma falência desmorona, que uma notícia telegráfica abala; às especulações eventuais e, enfim, às operações submetidas aos acasos dessa fatalidade, que poderíamos chamar força menor comparando-a coma força maior, que é a força natural; tudo constituindo um capital fictício ou real dos seus quinze milhões. Não é pouco mais ou menos esta a sua situação, diga?

- Pois sim, é! - respondeu Danglars.

- O que significa que com seis fins de mês como este continuou imperturbavelmente Monte-Cristo - uma casa de terceira ordem estaria na agonia.

- Oh! - exclamou Danglars, com um sorriso muito pálido. - Onde o senhor já vai!...

- Digamos sete meses - replicou Monte-Cristo, no mesmo tom. - Já pensou alguma vez que sete vezes um milhão e setecentos mil francos fazem cerca de doze milhões?... Não? Claro, tem razão, pois com semelhantes reflexões nunca ninguém arriscaria os seus capitais, que são para o financeiro o que a pele é para o homem civilizado. Temos as nossas roupas, mais ou menos sumptuosas, que são o nosso crédito. Mas quando o homem morre tem apenas a sua pele, tal como, se renunciasse aos negócios, o senhor só teria a sua fortuna real, cinco ou seis milhões quando muito.

»Porque as fortunas de terceira ordem quase só valem a terça ou a quarta parte do que aparentam, tal como a locomotiva de um comboio não passa quase sempre, no meio do fumo que a envolve e a faz parecer maior, de uma máquina mais ou menos forte.

<< Página Anterior

pág. 631 (Capítulo 66)

Página Seguinte >>

Capa do livro O Conde de Monte Cristo
Páginas: 1080
Página atual: 631

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Marselha - A Chegada 1
O pai e o filho 8
Os Catalães 14
A Conspiração 23
O banquete de noivado 28
O substituto do Procurador Régio 38
O interrogatório 47
O Castelo de If 57
A festa de noivado 66
Os Cem Dias 89
O número 34 e o número 27 106
Um sábio italiano 120
A cela do abade 128
O Tesouro 143
O terceiro ataque 153
O cemitério do Castelo de If 162
A Ilha de Tiboulen 167
Os contrabandistas 178
A ilha de Monte-Cristo 185
Deslumbramento 192
O desconhecido 200
A Estalagem da Ponte do Gard 206
O relato 217
Os registos das prisões 228
Acasa Morrel 233
O 5 de Stembro 244
Itália - Simbad, o marinheiro 257
Despertar 278
Bandidos Romanos 283
Aparição 309
A Mazzolata 327
O Carnaval de Roma 340
As Catacumbas de São Sebastião 356
O encontro 369
Os convivas 375
O almoço 392
A apresentação 403
O Sr. Bertuccio 415
A Casa de Auteuil 419
A vendetta 425
A chuva de sangue 444
O crédito ilimitado 454
A parelha pigarça 464
Ideologia 474
Haydée 484
A família Morrel 488
Píramo e Tisbe 496
Toxicologia 505
Roberto, o diabo 519
A alta e a baixa 531
O major Cavalcanti 540
Andrea Cavalcanti 548
O campo de Luzerna 557
O Sr. Noirtier de Villefort 566
O testamento 573
O telégrafo 580
Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588
Os fantasmas 596
O jantar 604
O mendigo 613
Cena conjugal 620
Projetos de casamento 629
No gabinete do Procurador Régio 637
Um baile de Verão 647
As informações 653
O baile 661
O pão e o sal 668
A Sra. de Saint-Méran 672
A promessa 682
O jazigo da família Villefort 705
A ata da sessão 713
Os progressos de Cavalcanti filho 723
Haydée 732
Escrevem-nos de Janina 748
A limonada 762
A acusação 771
O quarto do padeiro reformado 776
O assalto 790
A mão de Deus 801
Beauchamp 806
A viagem 812
O julgamento 822
A provocação 834
O insulto 840
A Noite 848
O duelo 855
A mãe e o filho 865
O suicídio 871
Valentine 879
A confissão 885
O pai e a filha 895
O contrato 903
A estrada da Bélgica 912
A estalagem do sino e da garrafa 917
A lei 928
A aparição 937
Locusta 943
Valentine 948
Maximilien 953
A assinatura de Danglars 961
O Cemitério do Père-lachaise 970
A partilha 981
O covil dos leões 994
O juiz 1001
No tribunal 1009
O libelo acusatório 1014
Expiação 1021
A partida 1028
O passado 1039
Peppino 1049
A ementa de Luigi Vampa 1058
O Perdão 1064
O 5 de Outubro 1069