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Capítulo 73: A promessa

Página 686
Outro ameaçá-la-ia, de ir procurar o Sr. Franz, de o provocar e de se bater com ele, mas tudo isso seria insensato. Qual é o papel do Sr. Franz no meio de tudo isto? Viu-me esta manhã pela primeira vez e já esqueceu que me viu. Nem sequer sabia da minha existência aquando das convenções estabelecidas entre as suas duas famílias, em que ficou decidido que seriam um para o outro. Não tenho portanto nada a ver com o Sr. Franz e juro-lhe que o não irei desafiar nem acusar de nada.

- Em quem se vingará então? Em mim?

- Em si, Valentine? Oh, não, Deus me defenda! A mulher é sagrada, e a mulher que se ama é santa.

- Em si mesmo, então, desgraçado, em si mesmo?

- Não sou eu o culpado? - observou Morrel.

- Maximilien - disse Valentine -, Maximilien, venha cá, ordeno-lho!

Maximilien aproximou-se com o seu sorriso meigo, e se não fosse a sua palidez, poder-se-ia julgá-lo no seu estado normal.

- Ouça, minha querida, minha adorada Valentine - disse na sua voz melodiosa e grave -, as pessoas como nós, que nunca tiveram um pensamento de que tivessem de corar diante de ninguém, perante os seus pais e perante Deus, as pessoas como nós podem ler no coração um do outro como num livro aberto. Nunca armei em romântico, não sou um herói melancólico, nem tomo atitudes de Manfredo nem de Antony. Mas sem palavras, sem protestos, sem juramentos, dei-lhe a minha vida. Falta-me e tem motivo para proceder assim, já lho disse e repito-lho. Mas enfim, perco-a e a minha vida está perdida. A partir do momento em que se afastar de mim, Valentine, ficarei sozinho no mundo. A minha irmã é feliz com o marido, um marido que para mim não passa de um cunhado, isto é, de um homem ligado a mim apenas pelas convenções sociais. Ninguém necessita portanto de mim neste mundo, a minha existência é inútil. Eis o que farei: esperarei até ao último segundo que esteja casada, pois não quero perder a sombra de uma dessas probabilidades inesperadas que às vezes nos reserva o acaso, porque, enfim, daqui até lá o Sr. Franz de Epinay pode morrer, no momento em que se aproximarem um raio pode cair sobre o altar... Tudo parece crível ao condenado à morte e para ele os milagres entram na classe do possível desde que se trate da salvação da sua vida. Esperarei pois, repito, até ao derradeiro momento, e quando a minha infelicidade for certa, irremediável, sem esperança, escreverei uma carta confidencial ao meu cunhado e outra ao prefeito da Polícia para o pôr ao corrente das minhas intenções, e num recanto de qualquer bosque, à beira de qualquer fosso, na margem de qualquer rio, farei saltar os miolos, tão certo como eu ser filho do homem mais honesto que alguma vez viveu em França.

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Capa do livro O Conde de Monte Cristo
Páginas: 1080
Página atual: 686

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Marselha - A Chegada 1
O pai e o filho 8
Os Catalães 14
A Conspiração 23
O banquete de noivado 28
O substituto do Procurador Régio 38
O interrogatório 47
O Castelo de If 57
A festa de noivado 66
Os Cem Dias 89
O número 34 e o número 27 106
Um sábio italiano 120
A cela do abade 128
O Tesouro 143
O terceiro ataque 153
O cemitério do Castelo de If 162
A Ilha de Tiboulen 167
Os contrabandistas 178
A ilha de Monte-Cristo 185
Deslumbramento 192
O desconhecido 200
A Estalagem da Ponte do Gard 206
O relato 217
Os registos das prisões 228
Acasa Morrel 233
O 5 de Stembro 244
Itália - Simbad, o marinheiro 257
Despertar 278
Bandidos Romanos 283
Aparição 309
A Mazzolata 327
O Carnaval de Roma 340
As Catacumbas de São Sebastião 356
O encontro 369
Os convivas 375
O almoço 392
A apresentação 403
O Sr. Bertuccio 415
A Casa de Auteuil 419
A vendetta 425
A chuva de sangue 444
O crédito ilimitado 454
A parelha pigarça 464
Ideologia 474
Haydée 484
A família Morrel 488
Píramo e Tisbe 496
Toxicologia 505
Roberto, o diabo 519
A alta e a baixa 531
O major Cavalcanti 540
Andrea Cavalcanti 548
O campo de Luzerna 557
O Sr. Noirtier de Villefort 566
O testamento 573
O telégrafo 580
Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588
Os fantasmas 596
O jantar 604
O mendigo 613
Cena conjugal 620
Projetos de casamento 629
No gabinete do Procurador Régio 637
Um baile de Verão 647
As informações 653
O baile 661
O pão e o sal 668
A Sra. de Saint-Méran 672
A promessa 682
O jazigo da família Villefort 705
A ata da sessão 713
Os progressos de Cavalcanti filho 723
Haydée 732
Escrevem-nos de Janina 748
A limonada 762
A acusação 771
O quarto do padeiro reformado 776
O assalto 790
A mão de Deus 801
Beauchamp 806
A viagem 812
O julgamento 822
A provocação 834
O insulto 840
A Noite 848
O duelo 855
A mãe e o filho 865
O suicídio 871
Valentine 879
A confissão 885
O pai e a filha 895
O contrato 903
A estrada da Bélgica 912
A estalagem do sino e da garrafa 917
A lei 928
A aparição 937
Locusta 943
Valentine 948
Maximilien 953
A assinatura de Danglars 961
O Cemitério do Père-lachaise 970
A partilha 981
O covil dos leões 994
O juiz 1001
No tribunal 1009
O libelo acusatório 1014
Expiação 1021
A partida 1028
O passado 1039
Peppino 1049
A ementa de Luigi Vampa 1058
O Perdão 1064
O 5 de Outubro 1069