O Conde de Monte Cristo - Cap. 73: A promessa Pág. 685 / 1080

- Mais uma vez me desespera, Maximilien! - redarguiu Valentine. - Mais uma vez revolve o punhal na chaga? Diga-me, que faria se a sua irmã escutasse um conselho como o que acaba de me dar?

- Menina - respondeu Morrel, com um sorriso amargo. - Sou um egoísta, como disse, e na minha qualidade de egoísta não penso no que fariam os outros na minha posição, mas sim no que conto fazer eu. Penso que a conheço há um ano e que, desde o dia em que a conheci, depositei todas as minhas oportunidades de felicidade no seu amor; que chegou um dia em que me disse que me amava; que nesse dia colocaria todas as minhas esperanças de futuro na sua posse. Era a minha vida. Agora não penso em mais nada; digo apenas para comigo que a sorte mudou, que esperava ganhar o Céu e o perdi. Isto acontece todos os dias, quando um jogador perde não só o que tem, mas também o que não tem.

Morrel pronunciou estas palavras com uma calma perfeita.

Valentine fitou-o um instante com os seus grandes olhos perscrutadores, procurando não deixar que os de Morrel penetrassem até à agitação que lhe turbilhonava já no fundo do coração.

- Mas enfim, que vai fazer? - perguntou Valentine.

- Vou ter a honra de lhe dizer adeus, menina, tomando como testemunha Deus, que escuta as minhas palavras e lê no fundo do meu coração, de que lhe desejo uma vida bastante calma, bastante feliz e bastante cheia para que nela não haja lugar para a minha recordação.

- Oh! - murmurou Valentine.

- Adeus, Valentine, adeus! - disse Morrel, inclinando-se.

- Aonde vai? - gritou ela, estendendo a mão através das grades e agarrando Maximilien pela sobrecasaca, pois compreendia pela sua agitação interior que a calma do seu apaixonado não podia ser verdadeira. - Aonde vai?

- Vou providenciar para não trazer nova perturbação à sua família e dar um exemplo que poderão seguir todos os homens honestos e dedicados que se encontrarem na minha situação.

- Antes de me deixar, diga-me o que vai fazer, Maximilien

O jovem sorriu tristemente.

- Oh, fale, fale, suplico-lhe! - pediu Valentine.

- A sua resolução mudou, Valentine?

- Não pode mudar, infeliz! Sabe isso muito bem! - gritou a jovem.

- Então, adeus, Valentine! Valentine abanou o portão com uma força de que ninguém a julgaria capaz. E como Morrel se afastasse, passou as mãos através das grades e juntou-as, torcendo os braços.

- Que vai fazer? Quero saber! - gritou. - Aonde vai?

- Oh, esteja tranquila! - respondeu Maximilien, parando a três passos do portão. - Não tenho intenção de tornar outro homem responsável pelos rigores que o destino me reserva.





Os capítulos deste livro

Marselha - A Chegada 1 O pai e o filho 8 Os Catalães 14 A Conspiração 23 O banquete de noivado 28 O substituto do Procurador Régio 38 O interrogatório 47 O Castelo de If 57 A festa de noivado 66 Os Cem Dias 89 O número 34 e o número 27 106 Um sábio italiano 120 A cela do abade 128 O Tesouro 143 O terceiro ataque 153 O cemitério do Castelo de If 162 A Ilha de Tiboulen 167 Os contrabandistas 178 A ilha de Monte-Cristo 185 Deslumbramento 192 O desconhecido 200 A Estalagem da Ponte do Gard 206 O relato 217 Os registos das prisões 228 Acasa Morrel 233 O 5 de Stembro 244 Itália - Simbad, o marinheiro 257 Despertar 278 Bandidos Romanos 283 Aparição 309 A Mazzolata 327 O Carnaval de Roma 340 As Catacumbas de São Sebastião 356 O encontro 369 Os convivas 375 O almoço 392 A apresentação 403 O Sr. Bertuccio 415 A Casa de Auteuil 419 A vendetta 425 A chuva de sangue 444 O crédito ilimitado 454 A parelha pigarça 464 Ideologia 474 Haydée 484 A família Morrel 488 Píramo e Tisbe 496 Toxicologia 505 Roberto, o diabo 519 A alta e a baixa 531 O major Cavalcanti 540 Andrea Cavalcanti 548 O campo de Luzerna 557 O Sr. Noirtier de Villefort 566 O testamento 573 O telégrafo 580 Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588 Os fantasmas 596 O jantar 604 O mendigo 613 Cena conjugal 620 Projetos de casamento 629 No gabinete do Procurador Régio 637 Um baile de Verão 647 As informações 653 O baile 661 O pão e o sal 668 A Sra. de Saint-Méran 672 A promessa 682 O jazigo da família Villefort 705 A ata da sessão 713 Os progressos de Cavalcanti filho 723 Haydée 732 Escrevem-nos de Janina 748 A limonada 762 A acusação 771 O quarto do padeiro reformado 776 O assalto 790 A mão de Deus 801 Beauchamp 806 A viagem 812 O julgamento 822 A provocação 834 O insulto 840 A Noite 848 O duelo 855 A mãe e o filho 865 O suicídio 871 Valentine 879 A confissão 885 O pai e a filha 895 O contrato 903 A estrada da Bélgica 912 A estalagem do sino e da garrafa 917 A lei 928 A aparição 937 Locusta 943 Valentine 948 Maximilien 953 A assinatura de Danglars 961 O Cemitério do Père-lachaise 970 A partilha 981 O covil dos leões 994 O juiz 1001 No tribunal 1009 O libelo acusatório 1014 Expiação 1021 A partida 1028 O passado 1039 Peppino 1049 A ementa de Luigi Vampa 1058 O Perdão 1064 O 5 de Outubro 1069