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Capítulo 80: A acusação

Página 773

- Qual misericórdia, senhor! O médico tem uma missão sagrada na Terra e é para a desempenhar que remonta às origens da vida e desce às trevas misteriosas da morte. Quando se comete um crime e Deus, sem dúvida horrorizado, desvia o olhar do criminoso, é ao médico que compete dizer: ei-lo!

- Piedade para a minha filha, senhor! - murmurou Villefort.

- Como vê, foi o senhor mesmo que a citou; o senhor, seu pai!

- Piedade para Valentine! Escute, é impossível. Preferiria acusar-me a mim mesmo! Valentine, um coração de diamante, um lírio inocente!

- Deixemo-nos de piedade, Sr. Procurador Régio. O crime é flagrante. Mademoiselle de Villefort acondicionou pessoalmente os medicamentos enviados ao Sr. de Saint-Méran, e o Sr. de Saint-Méran. morreu.

»Mademoiselle de Villefort preparou as tisanas da Sr.ª de Saint-Méran , e a Sr.ª de Saint-Méran morreu.

»Mademoiselle de Villefort tomou das mãos de Barrois, a quem mandaram fazer um recado, a garrafa de limonada que o velho bebe habitualmente de manhã, e o velho só escapou por milagre.

»Mademoiselle de Villefort é a culpada! É a envenenadora! Sr. Procurador Régio, denuncio-lhe Mademoiselle de Villefort, cumpra o seu dever!

- Doutor, já não resisto, já não me defendo, acredito-o. Mas, por piedade, poupe-me a vida, a minha honra!

- Sr. de Villefort - redarguiu o médico, com crescente energia -, há circunstâncias em que transponho todos os limites da estúpida circunspecção humana. Se a sua filha tivesse cometido apenas um crime e a visse projectar segundo, dir-lhe-ia: «Previna-a, castigue-a, que passe o resto da vida em qualquer convento, a chorar e a rezar.» Se tivesse cometido segundo crime, dir-lhe-ia: «Tome, Sr. de Villefort, aqui tem um veneno sem antídoto conhecido, rápido como o pensamento, súbito como o relâmpago, mortal como o raio; dê-lho, encomende-lhe a alma a Deus e salve a sua honra e os seus dias, porque é ao senhor que ela quer mal. E vejo-a aproximar-se da sua cabeceira com os seus sorrisos hipócritas e as suas meigas exortações! Ai de si, Sr. de Villefort, se não se apressar a ferir primeiro!» Seria isto que lhe diria se ela só tivesse matado duas pessoas. Mas ela assistiu a três agonias, contemplou três moribundos, ajoelhou-se junto de três cadáveres. Ao carrasco a envenenadora! Ao carrasco! Fala da sua honra; faça o que lhe digo e esperá-lo-á a imortalidade!

Villefort caiu de joelhos.

- Ouça - pediu -, não possuo a força que o senhor tem, ou antes, que não teria, se em vez da minha filha Valentine, se tratasse da sua filha Madeleine.

O médico empalideceu.

- Doutor, todo o homem, filho da mulher, nasceu para sofrer e morrer. Doutor, sofrerei e esperarei a morte.

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Capa do livro O Conde de Monte Cristo
Páginas: 1080
Página atual: 773

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Marselha - A Chegada 1
O pai e o filho 8
Os Catalães 14
A Conspiração 23
O banquete de noivado 28
O substituto do Procurador Régio 38
O interrogatório 47
O Castelo de If 57
A festa de noivado 66
Os Cem Dias 89
O número 34 e o número 27 106
Um sábio italiano 120
A cela do abade 128
O Tesouro 143
O terceiro ataque 153
O cemitério do Castelo de If 162
A Ilha de Tiboulen 167
Os contrabandistas 178
A ilha de Monte-Cristo 185
Deslumbramento 192
O desconhecido 200
A Estalagem da Ponte do Gard 206
O relato 217
Os registos das prisões 228
Acasa Morrel 233
O 5 de Stembro 244
Itália - Simbad, o marinheiro 257
Despertar 278
Bandidos Romanos 283
Aparição 309
A Mazzolata 327
O Carnaval de Roma 340
As Catacumbas de São Sebastião 356
O encontro 369
Os convivas 375
O almoço 392
A apresentação 403
O Sr. Bertuccio 415
A Casa de Auteuil 419
A vendetta 425
A chuva de sangue 444
O crédito ilimitado 454
A parelha pigarça 464
Ideologia 474
Haydée 484
A família Morrel 488
Píramo e Tisbe 496
Toxicologia 505
Roberto, o diabo 519
A alta e a baixa 531
O major Cavalcanti 540
Andrea Cavalcanti 548
O campo de Luzerna 557
O Sr. Noirtier de Villefort 566
O testamento 573
O telégrafo 580
Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588
Os fantasmas 596
O jantar 604
O mendigo 613
Cena conjugal 620
Projetos de casamento 629
No gabinete do Procurador Régio 637
Um baile de Verão 647
As informações 653
O baile 661
O pão e o sal 668
A Sra. de Saint-Méran 672
A promessa 682
O jazigo da família Villefort 705
A ata da sessão 713
Os progressos de Cavalcanti filho 723
Haydée 732
Escrevem-nos de Janina 748
A limonada 762
A acusação 771
O quarto do padeiro reformado 776
O assalto 790
A mão de Deus 801
Beauchamp 806
A viagem 812
O julgamento 822
A provocação 834
O insulto 840
A Noite 848
O duelo 855
A mãe e o filho 865
O suicídio 871
Valentine 879
A confissão 885
O pai e a filha 895
O contrato 903
A estrada da Bélgica 912
A estalagem do sino e da garrafa 917
A lei 928
A aparição 937
Locusta 943
Valentine 948
Maximilien 953
A assinatura de Danglars 961
O Cemitério do Père-lachaise 970
A partilha 981
O covil dos leões 994
O juiz 1001
No tribunal 1009
O libelo acusatório 1014
Expiação 1021
A partida 1028
O passado 1039
Peppino 1049
A ementa de Luigi Vampa 1058
O Perdão 1064
O 5 de Outubro 1069