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Capítulo 84: Beauchamp

Página 807
No seu ódio instintivo ao casamento, acolhera Andrea como um meio de afastar Morcerf, mas agora que Andrea se aproximava demasiado, começava a experimentar por ele visível repulsa.

Talvez o barão a tivesse notado, mas como só podia atribuir tal repulsa a um capricho, fingira nada perceber.

Entretanto, o prazo pedido por Beauchamp estava quase esgotado. Aliás, Morcerf pudera apreciar o valor do conselho de Monte-Cristo quando este lhe dissera que deixasse cair as coisas por si mesmas. De facto, ninguém chamara a atenção para a notícia sobre o general nem ninguém relacionara o oficial que entregara o castelo de Janina com o nobre conde que tinha assento na Câmara dos Pares.

No entanto, Albert nem por isso se considerava menos insultado, pois a intenção da ofensa existia certamente nas poucas linhas que o tinham ferido. Além disso, a forma como Beauchamp terminara a conversa deixara uma recordação amarga no seu coração. Acarinhava portanto no espírito a ideia do duelo, cuja causa esperava, se Beauchamp se prestasse a isso, ocultar mesmo às suas testemunhas. Pelo menos a causa real.

Quanto a Beauchamp, ninguém mais o vira desde o dia da visita que Albert lhe fizera; e a todos aqueles que o procuravam respondiam que se ausentara numa viagem de alguns dias.

Aonde fora? Ninguém sabia nada a tal respeito.

Uma manhã, Albert foi acordado pelo seu criado de quarto, que lhe anunciava Beauchamp. Albert esfregou os olhos, ordenou que mandassem esperar Beauchamp na salinha de fumo do rés-do-chão, vestiu-se rapidamente e desceu.

Encontrou Beauchamp a passear de um lado para o outro. Ao vê-lo, Beauchamp parou.

- O passo que dá, apresentando-se pessoalmente em minha casa e sem esperar a visita que tencionava fazer-lhe hoje mesmo, parece-me um bom augúrio, senhor - disse Albert. - Vamos, diga depressa, devo estender-lhe a mão e perguntar-lhe: «Beauchamp, quer dar a mão à palmatória e conservar um amigo?» Ou perguntar-lhe apenas: «Quais são as suas armas?»

- Albert - respondeu Beauchamp com uma tristeza que deixou o jovem espantado -, sentemo-nos primeiro e conversemos.

- Parece-me, pelo contrário, senhor, que antes de nos sentarmos me deve responder.

- Albert - insistiu o jornalista -, há circunstâncias em que a dificuldade reside precisamente na resposta.

- Vou torná-la fácil, senhor, repetindo-lhe a pergunta: quer retractar-se, sim ou não?

- Morcerf, ninguém se limita a responder sim ou não às perguntas que dizem respeito à honra, à posição social e à vida de um homem como o Sr. Tenente-General Conde de Morcerf, par de França.

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Capa do livro O Conde de Monte Cristo
Páginas: 1080
Página atual: 807

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Marselha - A Chegada 1
O pai e o filho 8
Os Catalães 14
A Conspiração 23
O banquete de noivado 28
O substituto do Procurador Régio 38
O interrogatório 47
O Castelo de If 57
A festa de noivado 66
Os Cem Dias 89
O número 34 e o número 27 106
Um sábio italiano 120
A cela do abade 128
O Tesouro 143
O terceiro ataque 153
O cemitério do Castelo de If 162
A Ilha de Tiboulen 167
Os contrabandistas 178
A ilha de Monte-Cristo 185
Deslumbramento 192
O desconhecido 200
A Estalagem da Ponte do Gard 206
O relato 217
Os registos das prisões 228
Acasa Morrel 233
O 5 de Stembro 244
Itália - Simbad, o marinheiro 257
Despertar 278
Bandidos Romanos 283
Aparição 309
A Mazzolata 327
O Carnaval de Roma 340
As Catacumbas de São Sebastião 356
O encontro 369
Os convivas 375
O almoço 392
A apresentação 403
O Sr. Bertuccio 415
A Casa de Auteuil 419
A vendetta 425
A chuva de sangue 444
O crédito ilimitado 454
A parelha pigarça 464
Ideologia 474
Haydée 484
A família Morrel 488
Píramo e Tisbe 496
Toxicologia 505
Roberto, o diabo 519
A alta e a baixa 531
O major Cavalcanti 540
Andrea Cavalcanti 548
O campo de Luzerna 557
O Sr. Noirtier de Villefort 566
O testamento 573
O telégrafo 580
Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588
Os fantasmas 596
O jantar 604
O mendigo 613
Cena conjugal 620
Projetos de casamento 629
No gabinete do Procurador Régio 637
Um baile de Verão 647
As informações 653
O baile 661
O pão e o sal 668
A Sra. de Saint-Méran 672
A promessa 682
O jazigo da família Villefort 705
A ata da sessão 713
Os progressos de Cavalcanti filho 723
Haydée 732
Escrevem-nos de Janina 748
A limonada 762
A acusação 771
O quarto do padeiro reformado 776
O assalto 790
A mão de Deus 801
Beauchamp 806
A viagem 812
O julgamento 822
A provocação 834
O insulto 840
A Noite 848
O duelo 855
A mãe e o filho 865
O suicídio 871
Valentine 879
A confissão 885
O pai e a filha 895
O contrato 903
A estrada da Bélgica 912
A estalagem do sino e da garrafa 917
A lei 928
A aparição 937
Locusta 943
Valentine 948
Maximilien 953
A assinatura de Danglars 961
O Cemitério do Père-lachaise 970
A partilha 981
O covil dos leões 994
O juiz 1001
No tribunal 1009
O libelo acusatório 1014
Expiação 1021
A partida 1028
O passado 1039
Peppino 1049
A ementa de Luigi Vampa 1058
O Perdão 1064
O 5 de Outubro 1069