- Como! Um desconhecido que não quer dizer o seu nome? E que me quer esse desconhecido? - Falar com o senhor.
- Comigo? - Sim.
- Ele disse o meu nome?
- Perfeitamente.
- E que aparência tem esse desconhecido?
- Trata-se de um homem dos seus cinquenta anos.
- Baixo? Alto?
- Mais ou menos da altura do senhor.
- Louro ou moreno?
- Moreno, muito moreno: cabelo preto, olhos pretos, sobrancelhas pretas.
- E vestido - perguntou vivamente Villefort -, vestido de que maneira?
- Com uma grande sobrecasaca azul abotoada de alto a baixo e condecorado com a Legião de Honra.
- É ele - murmurou Villefort empalidecendo.
- Por Deus - disse aparecendo à porta o indivíduo cujos sinais já demos por duas vezes -, que maneiras! é hábito em Marselha os filhos fazerem o pai esperar na antecâmara?
- Meu pai! - exclamou Villefort. - Não me enganei... já calculava que fosse o senhor.
- Então, se já esperavas que fosse eu - redarguiu o recém-chegado, pousando a bengala num canto e o chapéu numa cadeira -, permite-me que te diga, meu caro Gérard, que não é muito amável da tua parte fazeres-me esperar assim.
- Deixe-nos, germain - disse Villefort
O criado saiu dando sinais visíveis de espanto.