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Capítulo 88: O insulto

Página 846

- Senhor - disse Beauchamp -, Albert cometeu a inconveniência, reconheço, de se encolerizar; venho por minha própria conta apresentar-lhe desculpas. E agora que as desculpas estão apresentadas (as minhas, como compreende, Sr. Conde), quero dizer-lhe que o considero demasiado cortês para me recusar algumas explicações acerca das suas relações com a gente de Janina. Depois, acrescentarei algumas palavras a respeito dessa jovem grega.

Monte-Cristo fez com os lábios e com os olhos um sinalzinho a recomendar silêncio.

- Pronto, lá estão todas as minhas esperanças destruídas! - acrescentou rindo.

- Como assim? - perguntou Beauchamp.

- Sem dúvida está mortinho por me arranjar fama de excêntrico. Em seu entender, sou um Lara, um Manfredo, um Lorde Ruthwen. Depois, passado o momento de me ver como um excêntrico, destrói o seu tipo e tenta transformar-me num homem vulgar. Quer-me comum, banal. Por fim, pede-me explicações. Então, Sr. Beauchamp, só por piada!

- No entanto - redarguiu Beauchamp com altivez -, há ocasiões em que a probidade ordena...

- Sr. Beauchamp - interrompeu-o aquele homem estranho -, quem dá ordens ao Sr. de Monte-Cristo é o Sr. de Monte-Cristo. Portanto, nem mais uma palavra a tal respeito, por favor. Faço o que entendo, Sr. Beauchamp, e acredite que o faço sempre muito bem feito.

- Senhor - respondeu o rapaz -, não se paga a pessoas honestas nessa moeda; a honra exige garantias.

- Mas eu sou uma garantia viva - replicou Monte-Cristo, impassível, embora nos seus olhos brilhassem clarões ameaçadores. - Temos ambos nas veias sangue que desejamos verter; é essa a nossa garantia mútua. Leve esta resposta ao visconde e diga-lhe que amanhã, antes das dez horas, verei a cor do dele.

- Só me resta portanto - declarou Beauchamp - fixar as condições do combate.

- Isso é-me absolutamente indiferente, senhor - redarguiu o conde. - Por tão pouca coisa escusava de vir incomodar-me no espectáculo. Em França, as pessoas batem-se à espada ou à pistola; nas colónias usa-se a carabina, e na Arábia, o punhal. Diga ao seu cliente que, apesar de insultado, para ser excêntrico até ao fim, lhe deixo a escolha das armas e que aceitarei tudo sem discussão, sem contestação. Tudo, ouviu bem? Tudo, incluindo o combate à sorte, que é sempre estúpido. Mas comigo é diferente; tenho a certeza de ganhar.

- Tem a certeza de ganhar?... - repetiu Beauchamp, olhando o conde com os olhos esbugalhados.

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Capa do livro O Conde de Monte Cristo
Páginas: 1080
Página atual: 846

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Marselha - A Chegada 1
O pai e o filho 8
Os Catalães 14
A Conspiração 23
O banquete de noivado 28
O substituto do Procurador Régio 38
O interrogatório 47
O Castelo de If 57
A festa de noivado 66
Os Cem Dias 89
O número 34 e o número 27 106
Um sábio italiano 120
A cela do abade 128
O Tesouro 143
O terceiro ataque 153
O cemitério do Castelo de If 162
A Ilha de Tiboulen 167
Os contrabandistas 178
A ilha de Monte-Cristo 185
Deslumbramento 192
O desconhecido 200
A Estalagem da Ponte do Gard 206
O relato 217
Os registos das prisões 228
Acasa Morrel 233
O 5 de Stembro 244
Itália - Simbad, o marinheiro 257
Despertar 278
Bandidos Romanos 283
Aparição 309
A Mazzolata 327
O Carnaval de Roma 340
As Catacumbas de São Sebastião 356
O encontro 369
Os convivas 375
O almoço 392
A apresentação 403
O Sr. Bertuccio 415
A Casa de Auteuil 419
A vendetta 425
A chuva de sangue 444
O crédito ilimitado 454
A parelha pigarça 464
Ideologia 474
Haydée 484
A família Morrel 488
Píramo e Tisbe 496
Toxicologia 505
Roberto, o diabo 519
A alta e a baixa 531
O major Cavalcanti 540
Andrea Cavalcanti 548
O campo de Luzerna 557
O Sr. Noirtier de Villefort 566
O testamento 573
O telégrafo 580
Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588
Os fantasmas 596
O jantar 604
O mendigo 613
Cena conjugal 620
Projetos de casamento 629
No gabinete do Procurador Régio 637
Um baile de Verão 647
As informações 653
O baile 661
O pão e o sal 668
A Sra. de Saint-Méran 672
A promessa 682
O jazigo da família Villefort 705
A ata da sessão 713
Os progressos de Cavalcanti filho 723
Haydée 732
Escrevem-nos de Janina 748
A limonada 762
A acusação 771
O quarto do padeiro reformado 776
O assalto 790
A mão de Deus 801
Beauchamp 806
A viagem 812
O julgamento 822
A provocação 834
O insulto 840
A Noite 848
O duelo 855
A mãe e o filho 865
O suicídio 871
Valentine 879
A confissão 885
O pai e a filha 895
O contrato 903
A estrada da Bélgica 912
A estalagem do sino e da garrafa 917
A lei 928
A aparição 937
Locusta 943
Valentine 948
Maximilien 953
A assinatura de Danglars 961
O Cemitério do Père-lachaise 970
A partilha 981
O covil dos leões 994
O juiz 1001
No tribunal 1009
O libelo acusatório 1014
Expiação 1021
A partida 1028
O passado 1039
Peppino 1049
A ementa de Luigi Vampa 1058
O Perdão 1064
O 5 de Outubro 1069