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Capítulo 89: A Noite

Página 853
Essa força era a minha vida. Com uma palavra, a senhora destruiu-a. Morro.

- Mas esse duelo não se realizará, Edmond, uma vez que perdoa...

- Realizar-se-á, minha senhora - replicou solenemente Monte-Cristo. - Apenas, em vez de a terra beber o sangue do seu filho, será o meu que correrá.

Mercédès soltou um grande grito e correu para Monte-Cristo.

Mas deteve-se de súbito.

- Edmond - disse -, há um Deus acima de nós, uma vez que o senhor vive, uma vez que o tornei a ver, e confio-me a Ele do mais íntimo do meu coração. Enquanto aguardo o Seu auxílio, confio na palavra que me deu. Disse que o meu filho viveria; viverá, não é verdade?

- Viverá, sim, minha senhora - respondeu Monte-Cristo, surpreendido que, sem outra exclamação, sem outra surpresa, Mercédès tivesse aceitado o sacrifício heróico que lhe fazia.

Mercédès estendeu a mão ao conde.

- Edmond - disse, enquanto os olhos se lhe cobriam de lágrimas e fitava aquele a quem dirigia a palavra -, como é belo da sua parte, como é grande o que acaba de fazer, como é sublime ter tido piedade de uma pobre mulher que se lhe apresentava com todas as probabilidades contrárias às suas esperanças! Infelizmente, os desgostos envelheceram-me mais do que a idade e nem sequer posso recordar ao meu Edmond, por um sorriso, por um olhar, a Mercédès que noutros tempos ele passou tantas horas a contemplar. Acredite, Edmond, que, como lhe disse, também sofri muito. Repito-lhe que é deveras lúgubre ver passar a vida sem recordar uma única alegria, sem conservar uma única esperança. Mas isso prova que nem tudo acaba na Terra. Não! Nem tudo acaba, sinto-o pelo que me resta ainda no coração. Oh, repito-lhe, Edmond, é belo, é grande, é sublime perdoar como acaba de perdoar.

- Diz isso, Mercédès, mas que diria se soubesse a extensão do sacrifício que lhe faço? Suponha que o Senhor Supremo, depois de ter criado o mundo, depois de ter fertilizado o caos, se tivesse detido num terço da criação para poupar a um anjo as lágrimas que os nossos crimes deveriam fazer correr um dia dos seus olhos imortais; suponha que depois de ter tudo preparado, tudo moldado e tudo fecundado, no momento de admirar a sua obra, Deus extinguisse o Sol e repelisse com o pé o mundo, mergulhando-o na noite eterna... então faria uma ideia, ou antes, não, não poderia fazer ainda uma ideia do que perco perdendo a vida neste momento.

Mercédès; fitou o conde com um ar em que transparecia ao mesmo tempo a sua surpresa, a sua admiração e o seu reconhecimento.

Monte-Cristo apoiou a fronte nas mãos escaldantes, como se a sua fronte já não pudesse suportar sozinha o peso dos seus pensamentos.

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Capa do livro O Conde de Monte Cristo
Páginas: 1080
Página atual: 853

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Marselha - A Chegada 1
O pai e o filho 8
Os Catalães 14
A Conspiração 23
O banquete de noivado 28
O substituto do Procurador Régio 38
O interrogatório 47
O Castelo de If 57
A festa de noivado 66
Os Cem Dias 89
O número 34 e o número 27 106
Um sábio italiano 120
A cela do abade 128
O Tesouro 143
O terceiro ataque 153
O cemitério do Castelo de If 162
A Ilha de Tiboulen 167
Os contrabandistas 178
A ilha de Monte-Cristo 185
Deslumbramento 192
O desconhecido 200
A Estalagem da Ponte do Gard 206
O relato 217
Os registos das prisões 228
Acasa Morrel 233
O 5 de Stembro 244
Itália - Simbad, o marinheiro 257
Despertar 278
Bandidos Romanos 283
Aparição 309
A Mazzolata 327
O Carnaval de Roma 340
As Catacumbas de São Sebastião 356
O encontro 369
Os convivas 375
O almoço 392
A apresentação 403
O Sr. Bertuccio 415
A Casa de Auteuil 419
A vendetta 425
A chuva de sangue 444
O crédito ilimitado 454
A parelha pigarça 464
Ideologia 474
Haydée 484
A família Morrel 488
Píramo e Tisbe 496
Toxicologia 505
Roberto, o diabo 519
A alta e a baixa 531
O major Cavalcanti 540
Andrea Cavalcanti 548
O campo de Luzerna 557
O Sr. Noirtier de Villefort 566
O testamento 573
O telégrafo 580
Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588
Os fantasmas 596
O jantar 604
O mendigo 613
Cena conjugal 620
Projetos de casamento 629
No gabinete do Procurador Régio 637
Um baile de Verão 647
As informações 653
O baile 661
O pão e o sal 668
A Sra. de Saint-Méran 672
A promessa 682
O jazigo da família Villefort 705
A ata da sessão 713
Os progressos de Cavalcanti filho 723
Haydée 732
Escrevem-nos de Janina 748
A limonada 762
A acusação 771
O quarto do padeiro reformado 776
O assalto 790
A mão de Deus 801
Beauchamp 806
A viagem 812
O julgamento 822
A provocação 834
O insulto 840
A Noite 848
O duelo 855
A mãe e o filho 865
O suicídio 871
Valentine 879
A confissão 885
O pai e a filha 895
O contrato 903
A estrada da Bélgica 912
A estalagem do sino e da garrafa 917
A lei 928
A aparição 937
Locusta 943
Valentine 948
Maximilien 953
A assinatura de Danglars 961
O Cemitério do Père-lachaise 970
A partilha 981
O covil dos leões 994
O juiz 1001
No tribunal 1009
O libelo acusatório 1014
Expiação 1021
A partida 1028
O passado 1039
Peppino 1049
A ementa de Luigi Vampa 1058
O Perdão 1064
O 5 de Outubro 1069