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Capítulo 92: O suicídio

Página 874

Enquanto Mercédès fazia, como dissemos, nos seus aposentos, a espécie de inventário que Albert fizera nos seus; enquanto ela arrumava as suas jóias, fechava as suas gavetas e reunia as suas chaves a fim de deixar tudo numa ordem perfeita, não notara que um rosto pálido e sinistro aparecera atrás dos vidros de uma porta que deixava entrar a luz no corredor. Daí não só se podia ver como também se podia ouvir. Quem assim olhava, muito provavelmente sem ser visto nem ouvido, viu e ouviu portanto tudo o que se passava nos aposentos da Sr.ª de Morcerf.

Da porta envidraçada, o homem de rosto pálido dirigiu-se para o quarto de cama do conde de Morcerf e, chegado lá, ergueu com mão contraída a cortina de uma janela que dava para o pátio.

Permaneceu ai dez minutos, imóvel, mudo, a escutar as pulsações do seu próprio coração. Para ele, dez minutos era muito tempo.

Foi então que Albert, regressando do local do duelo, viu o pai, que espreitava o seu regresso atrás da cortina, e virou acabeça.

O conde arregalou os olhos. Sabia que o insulto de Albert a Monte-Cristo fora terrível e que semelhante insulto provocava em todos os países do mundo um duelo de morte. Ora, Albert regressava são e salvo; portanto, o conde estava vingado.

Um clarão de indizível alegria iluminou aquele rosto lúgubre, como acontece com o último raio de Sol antes de desaparecer nas nuvens, que parecem menos a cama do que o túmulo do astro-rei.

Mas, como já dissemos, esperou em vão que o jovem subisse aos seus aposentos para lhe dar conta do seu triunfo. Que o filho, antes do combate, não tivesse querido ver o pai, cuja honra ia vingar, compreendia-se; mas uma vez a honra do pai vingada, porque não vinha esse filho lançar-se-lhe nos braços?

Foi então que o conde, não podendo ver Albert, mandara chamar o seu criado. Sabemos que Albert o autorizou a nada ocultar ao conde.

Dez minutos depois, viu-se aparecer na escadaria da entrada o general de Morcerf, de sobrecasaca preta com gola militar, calças e luvas também pretas. Dera, ao que parece, ordens anteriores, pois assim que pôs o pé no último degrau da escadaria, a sua carruagem, completamente atrelada, saiu da cocheira e veio parar diante dele.

O seu criado de quarto veio então depositar na carruagem um capote militar, que envolvia duas espadas. Em seguida fechou a portinhola e sentou-se ao lado do cocheiro.

O cocheiro inclinou-se diante da caleça para pedir ordens.

- Aos Campos Elísios, a casa do conde de Monte-Cristo - ordenou o general. - Depressa!

Os cavalos saltaram debaixo do chicote; cinco minutos depois paravam diante da casa do conde.

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Capa do livro O Conde de Monte Cristo
Páginas: 1080
Página atual: 874

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Marselha - A Chegada 1
O pai e o filho 8
Os Catalães 14
A Conspiração 23
O banquete de noivado 28
O substituto do Procurador Régio 38
O interrogatório 47
O Castelo de If 57
A festa de noivado 66
Os Cem Dias 89
O número 34 e o número 27 106
Um sábio italiano 120
A cela do abade 128
O Tesouro 143
O terceiro ataque 153
O cemitério do Castelo de If 162
A Ilha de Tiboulen 167
Os contrabandistas 178
A ilha de Monte-Cristo 185
Deslumbramento 192
O desconhecido 200
A Estalagem da Ponte do Gard 206
O relato 217
Os registos das prisões 228
Acasa Morrel 233
O 5 de Stembro 244
Itália - Simbad, o marinheiro 257
Despertar 278
Bandidos Romanos 283
Aparição 309
A Mazzolata 327
O Carnaval de Roma 340
As Catacumbas de São Sebastião 356
O encontro 369
Os convivas 375
O almoço 392
A apresentação 403
O Sr. Bertuccio 415
A Casa de Auteuil 419
A vendetta 425
A chuva de sangue 444
O crédito ilimitado 454
A parelha pigarça 464
Ideologia 474
Haydée 484
A família Morrel 488
Píramo e Tisbe 496
Toxicologia 505
Roberto, o diabo 519
A alta e a baixa 531
O major Cavalcanti 540
Andrea Cavalcanti 548
O campo de Luzerna 557
O Sr. Noirtier de Villefort 566
O testamento 573
O telégrafo 580
Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588
Os fantasmas 596
O jantar 604
O mendigo 613
Cena conjugal 620
Projetos de casamento 629
No gabinete do Procurador Régio 637
Um baile de Verão 647
As informações 653
O baile 661
O pão e o sal 668
A Sra. de Saint-Méran 672
A promessa 682
O jazigo da família Villefort 705
A ata da sessão 713
Os progressos de Cavalcanti filho 723
Haydée 732
Escrevem-nos de Janina 748
A limonada 762
A acusação 771
O quarto do padeiro reformado 776
O assalto 790
A mão de Deus 801
Beauchamp 806
A viagem 812
O julgamento 822
A provocação 834
O insulto 840
A Noite 848
O duelo 855
A mãe e o filho 865
O suicídio 871
Valentine 879
A confissão 885
O pai e a filha 895
O contrato 903
A estrada da Bélgica 912
A estalagem do sino e da garrafa 917
A lei 928
A aparição 937
Locusta 943
Valentine 948
Maximilien 953
A assinatura de Danglars 961
O Cemitério do Père-lachaise 970
A partilha 981
O covil dos leões 994
O juiz 1001
No tribunal 1009
O libelo acusatório 1014
Expiação 1021
A partida 1028
O passado 1039
Peppino 1049
A ementa de Luigi Vampa 1058
O Perdão 1064
O 5 de Outubro 1069