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Capítulo 93: Valentine

Página 880

- De facto... - declarou Morrel. - Ouça, Valentine: o Sr. Noirtier talvez tenha razão; há quinze dias que noto que a sua saúde se altera.

- Sim, um bocadinho, é verdade - admitiu Valentine. - Por isso, o avozinho constituiu-se meu médico, e como o avozinho sabe tudo, tenho a maior confiança nele.

- Mas, enfim, é verdade que se sente doente, Valentine? - perguntou vivamente Morrel.

- Meu Deus, não se pode dizer que me sinta doente; experimento apenas um mal-estar geral. Perdi o apetite e parece-me que o meu estômago trava uma luta para se habituar a qualquer coisa.

Noirtier não perdia uma palavra de Valentine.

- E qual é o tratamento que segue contra essa doença desconhecida?

- Oh, muito simples! - respondeu Valentine. - Tomo todas as manhãs uma colher da poção que dão ao meu avô. Digo uma colher, mas a verdade é que comecei por uma e agora já vou em quatro... O avô pretende que é uma panaceia.

Valentine sorria, mas havia algo de triste e sofredor no seu sorriso.

Maximilien, ébrio de amor, olhava-a em silêncio. Estava linda, mas a sua palidez adquirira um tom mais macilento, nos seus olhos brilhava um fogo mais ardente do que de costume e as suas mãos, habitualmente de um branco de madrepérola, pareciam mãos de cera que com o tempo adquirissem um tom amarelado.

De Valentine, o jovem olhou para Noirtier, que observava com estranha e profunda atenção a neta, absorta no seu amor.

Também o velho, como Morrel, notava aqueles vestígios de um sofrimento surdo, tão pouco visíveis, aliás, que tinham escapado aos olhos de todos, excepto aos do avô e do apaixonado.

- Mas essa poção, de que já vai em quatro colheres, creio ter sido receitada ao Sr. Noirtier... - observou Morrel.

- É verdade - respondeu Valentine. - E é muito amarga... Tão amarga que tudo o que bebo depois me parece ter o mesmo gosto.

Noirtier olhou a neta com ar interrogador.

- Sim, avozinho - confirmou Valentine -, é como lhe digo.

Ainda há bocado, antes de descer, bebi um copo de água açucarada. Pois tive de desistir a meio, de tal forma a água me pareceu amarga.

Noirtier empalideceu e fez sinal de que queria falar. Valentine levantou-se para ir buscar o dicionário. Noirtier seguiu-a com a vista, visivelmente angustiado.

Com efeito, o sangue subia à cabeça da jovem, coloria-lhe as faces.

- É singular: um deslumbramento! - exclamou Valentine, sem perder nada da sua boa disposição. - Como é que o sol me bateu nos olhos?...

E apoiou-se no parapeito da janela.

- Não há sol - disse Morrel, ainda mais inquieto com a expressão de Noirtier do que com a indisposição de Valentine.

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Capa do livro O Conde de Monte Cristo
Páginas: 1080
Página atual: 880

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Marselha - A Chegada 1
O pai e o filho 8
Os Catalães 14
A Conspiração 23
O banquete de noivado 28
O substituto do Procurador Régio 38
O interrogatório 47
O Castelo de If 57
A festa de noivado 66
Os Cem Dias 89
O número 34 e o número 27 106
Um sábio italiano 120
A cela do abade 128
O Tesouro 143
O terceiro ataque 153
O cemitério do Castelo de If 162
A Ilha de Tiboulen 167
Os contrabandistas 178
A ilha de Monte-Cristo 185
Deslumbramento 192
O desconhecido 200
A Estalagem da Ponte do Gard 206
O relato 217
Os registos das prisões 228
Acasa Morrel 233
O 5 de Stembro 244
Itália - Simbad, o marinheiro 257
Despertar 278
Bandidos Romanos 283
Aparição 309
A Mazzolata 327
O Carnaval de Roma 340
As Catacumbas de São Sebastião 356
O encontro 369
Os convivas 375
O almoço 392
A apresentação 403
O Sr. Bertuccio 415
A Casa de Auteuil 419
A vendetta 425
A chuva de sangue 444
O crédito ilimitado 454
A parelha pigarça 464
Ideologia 474
Haydée 484
A família Morrel 488
Píramo e Tisbe 496
Toxicologia 505
Roberto, o diabo 519
A alta e a baixa 531
O major Cavalcanti 540
Andrea Cavalcanti 548
O campo de Luzerna 557
O Sr. Noirtier de Villefort 566
O testamento 573
O telégrafo 580
Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588
Os fantasmas 596
O jantar 604
O mendigo 613
Cena conjugal 620
Projetos de casamento 629
No gabinete do Procurador Régio 637
Um baile de Verão 647
As informações 653
O baile 661
O pão e o sal 668
A Sra. de Saint-Méran 672
A promessa 682
O jazigo da família Villefort 705
A ata da sessão 713
Os progressos de Cavalcanti filho 723
Haydée 732
Escrevem-nos de Janina 748
A limonada 762
A acusação 771
O quarto do padeiro reformado 776
O assalto 790
A mão de Deus 801
Beauchamp 806
A viagem 812
O julgamento 822
A provocação 834
O insulto 840
A Noite 848
O duelo 855
A mãe e o filho 865
O suicídio 871
Valentine 879
A confissão 885
O pai e a filha 895
O contrato 903
A estrada da Bélgica 912
A estalagem do sino e da garrafa 917
A lei 928
A aparição 937
Locusta 943
Valentine 948
Maximilien 953
A assinatura de Danglars 961
O Cemitério do Père-lachaise 970
A partilha 981
O covil dos leões 994
O juiz 1001
No tribunal 1009
O libelo acusatório 1014
Expiação 1021
A partida 1028
O passado 1039
Peppino 1049
A ementa de Luigi Vampa 1058
O Perdão 1064
O 5 de Outubro 1069