- O Sr. Príncipe Cavalcanti! - chamou o notário. - Onde está o Sr. Príncipe Cavalcanti?
- Andrea! Andrea! - repetiram várias vozes de jovens que tinham já chegado com o nobre italiano a esse grau de intimidade que permite tratar as pessoas pelo nome de baptismo.
- Chame o príncipe, previna-o de que é ele a assinar! – gritou Danglars a um porteiro.
Mas ao mesmo tempo a multidão dos assistentes refluiu, aterrada, para o salão principal, como se algum monstro pavoroso tivesse entrado ali, querendo devorar toda a gente. Havia efectivamente motivo para recuarem, se assustarem e gritarem.
Um oficial de gendarmaria colocava dois gendarmes à porta de cada salão e avançava para Danglars, precedido de um comissário de polícia com a sua faixa à cintura.
A Sr.ª Danglars soltou um grito e desmaiou.
Danglars, que se julgava ameaçado (certas consciências nunca estão tranquilas), ofereceu aos olhos dos seus convidados um rosto descomposto pelo terror.
- Que se passa, senhor? - perguntou Monte-Cristo, indo ao encontro do comissário.
- Qual dos senhores - perguntou o magistrado, sem responder ao conde - se chama Andrea Cavalcanti?
Um grito de espanto partiu de todos os cantos do salão. Procuraram, interrogaram.
- Mas quem é afinal esse Andrea Cavalcanti? - perguntou Danglars quase alucinado.
- Um antigo forçado evadido das galés de Toulon.
- E que crime cometeu?
- É acusado - respondeu o comissário, na sua voz impassível - de ter assassinado um tal Caderousse, seu antigo companheiro de grilheta, no momento em que saía de casa do conde de Monte-Cristo.
Monte-Cristo olhou rapidamente à sua volta.
Andrea desaparecera.