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Capítulo 100: A aparição

Página 939

Nesse momento, um reflexo da lamparina iluminou o rosto do visitante nocturno.

- Não é ele!... - murmurou a jovem.

E esperou, convencida de que sonhava, que aquele homem, como acontece nos sonhos, desaparecesse ou se transformasse em qualquer outra pessoa.

Entretanto, apalpou o pulso e, sentindo-o bater violentamente, lembrou-se de que o melhor meio de fazer desaparecer aquelas visões importunas era beber: a frescura da bebida, preparada de resto para acalmar as agitações de que Valentine se queixara ao médico, contribuía, fazendo baixar a febre, para renovar as sensações do cérebro. Depois de beber, sofria menos durante algum tempo.

Valentine estende pois a mão, a fim de pegar no copo do pires de cristal onde se encontrava. Mas no momento em que estendia fora da cama o braço trémulo, a aparição deu novamente, com mais rapidez do que nunca, dois passos para a cama e chegou tão perto da jovem que esta ouviu-lhe a respiração e julgou sentir-lhe a pressão da mão.

Desta vez a ilusão, ou antes a realidade, ultrapassava tudo o que Valentine experimentara até ali; começou a considerar-se bem acordada e viva; teve consciência de se encontrar de posse de toda a sua razão e estremeceu.

A pressão que Valentine sentira destinava-se a deter-lhe o braço.

Valentine retirou-o lentamente para si.

Então a figura, da qual não conseguia despregar os olhos, e que, de resto, parecia mais protectora do que ameaçadora, essa figura pegou no copo, aproximou-se da lamparina e observou a beberagem, como se quisesse apreciar-lhe a transparência e a limpidez.

Mas esta primeira prova não bastou.

O homem, ou antes o fantasma - porque andava tão suavemente que o tapete abafava o ruído dos seus passos -, tirou do copo uma colher da beberagem e engoliu-a. Valentine observava o que se passava diante dos seus olhos com profundo espanto.

Estava convencidíssima de que tudo aquilo não tardaria a desaparecer para dar lugar a outro quadro; mas o homem, em vez de se sumir como uma sombra, voltou a aproximar-se, estendeu o copo a Valentine e disse-lhe numa voz cheia de emoção:

- Agora, beba!...

Valentine estremeceu.

Era a primeira vez que uma das suas visões lhe falava naquele timbre vibrante.

Abriu a boca para gritar.

O homem pôs-lhe um dedo nos lábios.

- O Sr. Conde de Monte-Cristo!... - murmurou ela.

Pelo terror que transpareceu dos olhos da jovem, pela tremura das suas mãos e pelo gesto rápido que esboçou para se esconder debaixo dos lençóis, podia-se reconhecer a última luta da dúvida contra a convicção, de facto, a presença de Monte-Cristo no seu quarto a semelhante hora e a sua entrada misteriosa, fantástica, inexplicável, por uma parede, pareciam coisas impossíveis à razão abalada de Valentine.

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Capa do livro O Conde de Monte Cristo
Páginas: 1080
Página atual: 939

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Marselha - A Chegada 1
O pai e o filho 8
Os Catalães 14
A Conspiração 23
O banquete de noivado 28
O substituto do Procurador Régio 38
O interrogatório 47
O Castelo de If 57
A festa de noivado 66
Os Cem Dias 89
O número 34 e o número 27 106
Um sábio italiano 120
A cela do abade 128
O Tesouro 143
O terceiro ataque 153
O cemitério do Castelo de If 162
A Ilha de Tiboulen 167
Os contrabandistas 178
A ilha de Monte-Cristo 185
Deslumbramento 192
O desconhecido 200
A Estalagem da Ponte do Gard 206
O relato 217
Os registos das prisões 228
Acasa Morrel 233
O 5 de Stembro 244
Itália - Simbad, o marinheiro 257
Despertar 278
Bandidos Romanos 283
Aparição 309
A Mazzolata 327
O Carnaval de Roma 340
As Catacumbas de São Sebastião 356
O encontro 369
Os convivas 375
O almoço 392
A apresentação 403
O Sr. Bertuccio 415
A Casa de Auteuil 419
A vendetta 425
A chuva de sangue 444
O crédito ilimitado 454
A parelha pigarça 464
Ideologia 474
Haydée 484
A família Morrel 488
Píramo e Tisbe 496
Toxicologia 505
Roberto, o diabo 519
A alta e a baixa 531
O major Cavalcanti 540
Andrea Cavalcanti 548
O campo de Luzerna 557
O Sr. Noirtier de Villefort 566
O testamento 573
O telégrafo 580
Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588
Os fantasmas 596
O jantar 604
O mendigo 613
Cena conjugal 620
Projetos de casamento 629
No gabinete do Procurador Régio 637
Um baile de Verão 647
As informações 653
O baile 661
O pão e o sal 668
A Sra. de Saint-Méran 672
A promessa 682
O jazigo da família Villefort 705
A ata da sessão 713
Os progressos de Cavalcanti filho 723
Haydée 732
Escrevem-nos de Janina 748
A limonada 762
A acusação 771
O quarto do padeiro reformado 776
O assalto 790
A mão de Deus 801
Beauchamp 806
A viagem 812
O julgamento 822
A provocação 834
O insulto 840
A Noite 848
O duelo 855
A mãe e o filho 865
O suicídio 871
Valentine 879
A confissão 885
O pai e a filha 895
O contrato 903
A estrada da Bélgica 912
A estalagem do sino e da garrafa 917
A lei 928
A aparição 937
Locusta 943
Valentine 948
Maximilien 953
A assinatura de Danglars 961
O Cemitério do Père-lachaise 970
A partilha 981
O covil dos leões 994
O juiz 1001
No tribunal 1009
O libelo acusatório 1014
Expiação 1021
A partida 1028
O passado 1039
Peppino 1049
A ementa de Luigi Vampa 1058
O Perdão 1064
O 5 de Outubro 1069