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Capítulo 100: A aparição

Página 940

- Não chame, não se assuste - disse o conde -, nem tenha sequer no fundo do coração a réstia de uma desconfiança ou a sombra de uma inquietação. O homem que vê diante de si (porque desta vez tem razão, Valentine, e não se trata de uma ilusão), o homem que vê diante de si é o mais terno pai e o mais respeitoso amigo que possa imaginar.

Valentine não soube que responder. Tinha tanto medo daquela voz que lhe revelava a presença real daquele que falava que temia associar-lhe a sua. Mas o seu olhar aterrado queria dizer. «Se as suas intenções são puras, porque está aqui?»

Com a sua maravilhosa sagacidade, o conde compreendeu tudo o que se passava no coração da jovem.

- Ouça-me - disse -, ou antes, olhe-me: vê os meus olhos avermelhados e a minha cara ainda mais pálida do que de costume? É porque há quatro noites que não durmo um só instante; há quatro noites que velo por si, a protejo, a conservo ao nosso amigo Maximilien.

Uma onda de sangue subiu rapidamente às faces da doente; porque o nome que o conde acabava de pronunciar punha termo ao resto de desconfiança que ele lhe inspirara.

- Maximilien!... - repetiu Valentine, de tal forma lhe era agradável pronunciar esse nome. - Maximilien!... Quer dizer que ele lhe contou tudo?

- Tudo, Disse-me que a sua vida era a dele e prometi-lhe que a Valentine viveria.

- O senhor prometeu-lhe que eu viveria?

- Prometi.

- De facto, senhor, acaba de falar de vigilância e protecção. Isso quer dizer que é médico?

- Quer, e o melhor que o Céu lhe poderia enviar neste momento, acredite.

- Diz que tem velado por mim? - perguntou Valentine, inquieta. - Onde? Nunca o vi...

O conde estendeu a mão na direcção da estante.

- Tenho estado escondido atrás daquela porta - respondeu -, porta que dá para a casa contígua, que aluguei.

Num assomo de orgulho pudico, Valentine desviou os olhos e disse com soberano desprezo:

- O que fez, senhor, é de uma demência sem exemplo e essa protecção que me concedeu assemelha-se muito a um insulto.

- Valentine, durante a minha longa vigília apenas vi as pessoas que a visitavam, os alimentos que lhe preparavam, as bebidas que lhe serviam. Depois, quando essas bebidas me pareciam perigosas, entrava como entrei agora, despejava-lhe o copo e substituía o veneno por uma beberagem benéfica que, em vez da morte que lhe preparavam, fazia circular a vida nas suas veias.

- O veneno! A morte! - exclamou Valentine, julgando-se de novo sob o império de alguma febril alucinação.

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Capa do livro O Conde de Monte Cristo
Páginas: 1080
Página atual: 940

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Marselha - A Chegada 1
O pai e o filho 8
Os Catalães 14
A Conspiração 23
O banquete de noivado 28
O substituto do Procurador Régio 38
O interrogatório 47
O Castelo de If 57
A festa de noivado 66
Os Cem Dias 89
O número 34 e o número 27 106
Um sábio italiano 120
A cela do abade 128
O Tesouro 143
O terceiro ataque 153
O cemitério do Castelo de If 162
A Ilha de Tiboulen 167
Os contrabandistas 178
A ilha de Monte-Cristo 185
Deslumbramento 192
O desconhecido 200
A Estalagem da Ponte do Gard 206
O relato 217
Os registos das prisões 228
Acasa Morrel 233
O 5 de Stembro 244
Itália - Simbad, o marinheiro 257
Despertar 278
Bandidos Romanos 283
Aparição 309
A Mazzolata 327
O Carnaval de Roma 340
As Catacumbas de São Sebastião 356
O encontro 369
Os convivas 375
O almoço 392
A apresentação 403
O Sr. Bertuccio 415
A Casa de Auteuil 419
A vendetta 425
A chuva de sangue 444
O crédito ilimitado 454
A parelha pigarça 464
Ideologia 474
Haydée 484
A família Morrel 488
Píramo e Tisbe 496
Toxicologia 505
Roberto, o diabo 519
A alta e a baixa 531
O major Cavalcanti 540
Andrea Cavalcanti 548
O campo de Luzerna 557
O Sr. Noirtier de Villefort 566
O testamento 573
O telégrafo 580
Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588
Os fantasmas 596
O jantar 604
O mendigo 613
Cena conjugal 620
Projetos de casamento 629
No gabinete do Procurador Régio 637
Um baile de Verão 647
As informações 653
O baile 661
O pão e o sal 668
A Sra. de Saint-Méran 672
A promessa 682
O jazigo da família Villefort 705
A ata da sessão 713
Os progressos de Cavalcanti filho 723
Haydée 732
Escrevem-nos de Janina 748
A limonada 762
A acusação 771
O quarto do padeiro reformado 776
O assalto 790
A mão de Deus 801
Beauchamp 806
A viagem 812
O julgamento 822
A provocação 834
O insulto 840
A Noite 848
O duelo 855
A mãe e o filho 865
O suicídio 871
Valentine 879
A confissão 885
O pai e a filha 895
O contrato 903
A estrada da Bélgica 912
A estalagem do sino e da garrafa 917
A lei 928
A aparição 937
Locusta 943
Valentine 948
Maximilien 953
A assinatura de Danglars 961
O Cemitério do Père-lachaise 970
A partilha 981
O covil dos leões 994
O juiz 1001
No tribunal 1009
O libelo acusatório 1014
Expiação 1021
A partida 1028
O passado 1039
Peppino 1049
A ementa de Luigi Vampa 1058
O Perdão 1064
O 5 de Outubro 1069