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Capítulo 100: A aparição

Página 941

- Que quer dizer com isso, senhor?

- Caluda, minha filha! - recomendou Monte-Cristo, levando o dedo aos lábios. - Disse o veneno; sim, disse a morte, e repito, a morte. Mas beba primeiro isto - e o conde tirou da algibeira um frasco que continha um licor vermelho de que deitou algumas gotas no copo. - Depois de beber, não tome mais nada esta noite.

Valentine estendeu a mão; mas assim que tocou no copo, retirou-a com terror.

Monte-Cristo pegou no copo, bebeu metade do líquido e apresentou-o a Valentine, que bebeu, sorrindo, o resto do licor que continha.

- Sim, reconheço o gosto das minhas beberagens nocturnas, da água que restitua um pouco de frescura ao meu peito e um pouco de calma ao meu cérebro. Obrigada, senhor, obrigada.

- Aqui tem como viveu quatro noites, Valentine - disse o conde. - Mas eu, como vivi? Oh, que horas cruéis me fez passar! Oh, que horríveis torturas me infligiu quando via deitar-lhe no copo o veneno mortal, quando temia que tivesse tempo de o beber antes de eu ter tempo de o despejar na chaminé!

- Diz - prosseguiu Valentine no cúmulo do terror - que sofreu mil torturas ao ver deitar no meu copo o veneno mortal? Mas se viu deitarem-me o veneno no copo, também viu a pessoa que o deitava?

- Também.

Valentine sentou-se na cama e, aconchegando ao peito, mais pálida do que a neve, a cambraia bordada, ainda húmida do suor frio do delírio, ao qual começava a juntar-se o suor ainda mais gelado do terror, repetiu.

- Viu-a?

- Vi -respondeu pela segunda vez o conde.

- O que me diz é horrível, senhor! O que pretende fazer-me crer é algo infernal! O quê, na casa do meu pai, no meu quarto, no meu leito de dor continuam a assassinar-me?! Oh, retire-se, senhor! Isso é tentar a minha consciência, blasfemar da bondade divina, é impossível, não pode ser!

- É porventura a primeira pessoa que essa mão fere, Valentine? Não viu cair à sua volta o Sr. de Saint-Méran, a Sr.ª de Saint-Méran, e Barrois? Não teria visto cair o Sr. Noirtier, se o tratamento que segue há cerca de três anos o não protegesse, combatendo o veneno através da habituação ao veneno?

- Oh, meu Deus, será por isso que há perto de um mês o avozinho exige que compartilhe todas as suas bebidas?! - exclamou Valentine.

- E essas bebidas têm um gosto amargo como o da casca de laranja meio seca, não é verdade? - perguntou Monte-Cristo.

- Têm, sim, meu Deus, têm!

- Isso explica-me tudo - declarou Monte-Cristo. - Ele também sabe que se envenena aqui e talvez saiba quem envenena.

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Capa do livro O Conde de Monte Cristo
Páginas: 1080
Página atual: 941

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Marselha - A Chegada 1
O pai e o filho 8
Os Catalães 14
A Conspiração 23
O banquete de noivado 28
O substituto do Procurador Régio 38
O interrogatório 47
O Castelo de If 57
A festa de noivado 66
Os Cem Dias 89
O número 34 e o número 27 106
Um sábio italiano 120
A cela do abade 128
O Tesouro 143
O terceiro ataque 153
O cemitério do Castelo de If 162
A Ilha de Tiboulen 167
Os contrabandistas 178
A ilha de Monte-Cristo 185
Deslumbramento 192
O desconhecido 200
A Estalagem da Ponte do Gard 206
O relato 217
Os registos das prisões 228
Acasa Morrel 233
O 5 de Stembro 244
Itália - Simbad, o marinheiro 257
Despertar 278
Bandidos Romanos 283
Aparição 309
A Mazzolata 327
O Carnaval de Roma 340
As Catacumbas de São Sebastião 356
O encontro 369
Os convivas 375
O almoço 392
A apresentação 403
O Sr. Bertuccio 415
A Casa de Auteuil 419
A vendetta 425
A chuva de sangue 444
O crédito ilimitado 454
A parelha pigarça 464
Ideologia 474
Haydée 484
A família Morrel 488
Píramo e Tisbe 496
Toxicologia 505
Roberto, o diabo 519
A alta e a baixa 531
O major Cavalcanti 540
Andrea Cavalcanti 548
O campo de Luzerna 557
O Sr. Noirtier de Villefort 566
O testamento 573
O telégrafo 580
Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588
Os fantasmas 596
O jantar 604
O mendigo 613
Cena conjugal 620
Projetos de casamento 629
No gabinete do Procurador Régio 637
Um baile de Verão 647
As informações 653
O baile 661
O pão e o sal 668
A Sra. de Saint-Méran 672
A promessa 682
O jazigo da família Villefort 705
A ata da sessão 713
Os progressos de Cavalcanti filho 723
Haydée 732
Escrevem-nos de Janina 748
A limonada 762
A acusação 771
O quarto do padeiro reformado 776
O assalto 790
A mão de Deus 801
Beauchamp 806
A viagem 812
O julgamento 822
A provocação 834
O insulto 840
A Noite 848
O duelo 855
A mãe e o filho 865
O suicídio 871
Valentine 879
A confissão 885
O pai e a filha 895
O contrato 903
A estrada da Bélgica 912
A estalagem do sino e da garrafa 917
A lei 928
A aparição 937
Locusta 943
Valentine 948
Maximilien 953
A assinatura de Danglars 961
O Cemitério do Père-lachaise 970
A partilha 981
O covil dos leões 994
O juiz 1001
No tribunal 1009
O libelo acusatório 1014
Expiação 1021
A partida 1028
O passado 1039
Peppino 1049
A ementa de Luigi Vampa 1058
O Perdão 1064
O 5 de Outubro 1069