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Capítulo 102: Valentine

Página 952

Esperou um instante no vestíbulo, depois de chamar um criado qualquer que o introduzisse junto do velho Noirtier.

Mas ninguém respondeu; como sabemos, os criados tinham abandonado a casa.

Morrel não tinha naquele dia nenhum motivo especial para se sentir inquieto. Possuía a promessa de Monte-Cristo de que Valentine viveria e até ali essa promessa fora fielmente cumprida. Todas as noites o conde lhe dera boas notícias, que o próprio Noirtier confirmava no dia seguinte.

No entanto, aquele abandono pareceu-lhe singular. Chamou segunda vez, terceira, mas o silêncio persistiu.

Então decidiu subir.

A porta de Noirtier estava aberta, tal como as outras portas.

A primeira coisa que viu foi o velho na sua poltrona, no sítio habitual. os seus olhos dilatados pareciam exprimir um terror íntimo, confirmado ainda pela palidez estranha que lhe cobria o rosto.

- Como está, senhor? - perguntou o rapaz, não sem um certo aperto no coração.

- Bem! - respondeu o velho com o seu piscar de olhos. - Bem! ...

Mas a inquietação pareceu aumentar na sua fisionomia.

- Está preocupado - continuou Morrel. - Precisa de qualquer coisa. Quer que chame um criado?

- Sim - respondeu Noirtier.

Morrel puxou o cordão da campainha; mas mesmo que o puxasse até se partir, ninguém viria, nem veio.

Virou-se para Noirtier, a palidez e a angústia iam crescendo no rosto do velho.

- Meu Deus! Meu Deus! - exclamou Morrel. - Porque será que ninguém aparece? Haverá alguém doente cá em casa? Os olhos de Noirtier pareceram prestes a saltar-lhe das órbitas.

- Mas que tem o senhor? - continuou Morrel. - Assusta-me... Valentine? Valentine?...

- Sim! Sim! - acenou Noirtier.

Maximilien abriu a boca para falar, mas a sua língua não conseguiu articular nenhum som. Cambaleou e agarrou-se à parede.

Depois estendeu a mão para a porta.

- Sim, sim, sim! - continuou o velho.

Maximilien correu para a escadinha, que subiu em dois saltos, enquanto Noirtier parecia gritar-lhe com a vista: «Mais depressa! Mais depressa!»

Um minuto bastou ao rapaz para atravessar várias salas, solitárias como o resto da casa, e chegar ao quarto de Valentine.

Não necessitou de empurrar a porta, pois estava escancarada.

Um soluço foi o primeiro ruído que ouviu. Viu como que através de uma nuvem uma figura negra ajoelhada e com a cara mergulhada num monte confuso de lençóis brancos. O medo, um medo horrível, pregava-o ao chão.

Foi então que ouviu uma voz dizer que Valentine estava morta e segunda voz responder como um eco.

- Morta! Morta!

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Capa do livro O Conde de Monte Cristo
Páginas: 1080
Página atual: 952

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Marselha - A Chegada 1
O pai e o filho 8
Os Catalães 14
A Conspiração 23
O banquete de noivado 28
O substituto do Procurador Régio 38
O interrogatório 47
O Castelo de If 57
A festa de noivado 66
Os Cem Dias 89
O número 34 e o número 27 106
Um sábio italiano 120
A cela do abade 128
O Tesouro 143
O terceiro ataque 153
O cemitério do Castelo de If 162
A Ilha de Tiboulen 167
Os contrabandistas 178
A ilha de Monte-Cristo 185
Deslumbramento 192
O desconhecido 200
A Estalagem da Ponte do Gard 206
O relato 217
Os registos das prisões 228
Acasa Morrel 233
O 5 de Stembro 244
Itália - Simbad, o marinheiro 257
Despertar 278
Bandidos Romanos 283
Aparição 309
A Mazzolata 327
O Carnaval de Roma 340
As Catacumbas de São Sebastião 356
O encontro 369
Os convivas 375
O almoço 392
A apresentação 403
O Sr. Bertuccio 415
A Casa de Auteuil 419
A vendetta 425
A chuva de sangue 444
O crédito ilimitado 454
A parelha pigarça 464
Ideologia 474
Haydée 484
A família Morrel 488
Píramo e Tisbe 496
Toxicologia 505
Roberto, o diabo 519
A alta e a baixa 531
O major Cavalcanti 540
Andrea Cavalcanti 548
O campo de Luzerna 557
O Sr. Noirtier de Villefort 566
O testamento 573
O telégrafo 580
Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588
Os fantasmas 596
O jantar 604
O mendigo 613
Cena conjugal 620
Projetos de casamento 629
No gabinete do Procurador Régio 637
Um baile de Verão 647
As informações 653
O baile 661
O pão e o sal 668
A Sra. de Saint-Méran 672
A promessa 682
O jazigo da família Villefort 705
A ata da sessão 713
Os progressos de Cavalcanti filho 723
Haydée 732
Escrevem-nos de Janina 748
A limonada 762
A acusação 771
O quarto do padeiro reformado 776
O assalto 790
A mão de Deus 801
Beauchamp 806
A viagem 812
O julgamento 822
A provocação 834
O insulto 840
A Noite 848
O duelo 855
A mãe e o filho 865
O suicídio 871
Valentine 879
A confissão 885
O pai e a filha 895
O contrato 903
A estrada da Bélgica 912
A estalagem do sino e da garrafa 917
A lei 928
A aparição 937
Locusta 943
Valentine 948
Maximilien 953
A assinatura de Danglars 961
O Cemitério do Père-lachaise 970
A partilha 981
O covil dos leões 994
O juiz 1001
No tribunal 1009
O libelo acusatório 1014
Expiação 1021
A partida 1028
O passado 1039
Peppino 1049
A ementa de Luigi Vampa 1058
O Perdão 1064
O 5 de Outubro 1069