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Capítulo 105: O Cemitério do Père-lachaise

Página 977

- Ouça, meu amigo - respondeu o conde -, posso tratá-lo assim porque, sem o saber, o senhor é meu amigo há onze anos: a descoberta deste segredo foi provocada por um grande acontecimento que deve ignorar. Deus é testemunha de que desejaria guardá-lo toda a vida no fundo da minha alma, mas o seu irmão Maximilien arrancou-lho por meio de violências de que, estou certo, já se arrependeu.

Depois, vendo que Maximilien se atirara de lado para cima de uma poltrona, embora permanecendo de joelhos, acrescentou baixinho, apertando significativamente a mão de Emmanuel:

- Vele por ele...

- Porquê? - perguntou o rapaz, atónito.

- Não lhe posso dizer, mas vele por ele.

Emmanuel percorreu o quarto com um olhar circular e viu as pistolas de Morrel.

Os seus olhos cravaram-se assustados nas armas, que indicou a Monte-Cristo, levantando lentamente o dedo à sua altura.

Monte-Cristo inclinou a cabeça.

Emmanuel fez um movimento na direcção das pistolas.

- Deixe-as - disse Monte-Cristo.

Depois aproximou-se de Morrel e estendeu-lhe a mão, os acontecimentos tumultuosos que pouco antes tinham agitado o coração do jovem haviam cedido o lugar a um entorpecimento profundo.

Julie voltou a subir, segurava na mão a bolsa de seda e duas lágrimas brilhantes e felizes corriam-lhe pelas faces como duas gotas de orvalho matinal.

- Aqui está a relíquia - disse. - Não julgue que me é menos querida desde que o salvador nos foi revelado.

- Minha filha - respondeu Monte-Cristo, corando -, permita-me que recupere essa bolsa. Desde que conhecem a minha cara, só quero ser recordado pela afeição que lhes peço me concedam.

- Oh, não não, suplico-lhe! - redarguiu Julie apertando a bolsa ao coração. - Porque um dia poderá deixar-nos; porque infelizmente um dia deixar-nos-á, não é verdade?

- Acertou em cheio, minha senhora - respondeu Monte-Cristo, sorrindo. - Dentro de oito dias deixarei este país onde tantas pessoas que mereciam a vingança do céu viviam felizes, enquanto o meu pai morria de fome e dor.

Ao anunciar a sua próxima partida, Monte-Cristo tinha os olhos fixos em Morrel e notou que as palavras «deixarei este país» não tinham tirado Morrel da sua letargia. Compreendeu que devia travar uma derradeira luta com a dor do amigo e, pegando nas mãos de Julie e Emmanuel, que reuniu e apertou nas suas, disse-lhes com a suave autoridade de um pai:

- Meus bons amigos, deixem-me só, peço-lhes, com Maximilien.

Era um meio de Julie levar dali a relíquia preciosa de que Monte-Cristo se esquecia de voltar a falar.

Puxou vivamente o marido, dizendo:

- Deixemo-los.

O conde ficou com Morrel, que continuava imóvel como uma estátua.

- Então, voltas a ser finalmente um homem, Maximilien? - perguntou o conde, tocando-lhe no ombro com um dedo.

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Capa do livro O Conde de Monte Cristo
Páginas: 1080
Página atual: 977

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Marselha - A Chegada 1
O pai e o filho 8
Os Catalães 14
A Conspiração 23
O banquete de noivado 28
O substituto do Procurador Régio 38
O interrogatório 47
O Castelo de If 57
A festa de noivado 66
Os Cem Dias 89
O número 34 e o número 27 106
Um sábio italiano 120
A cela do abade 128
O Tesouro 143
O terceiro ataque 153
O cemitério do Castelo de If 162
A Ilha de Tiboulen 167
Os contrabandistas 178
A ilha de Monte-Cristo 185
Deslumbramento 192
O desconhecido 200
A Estalagem da Ponte do Gard 206
O relato 217
Os registos das prisões 228
Acasa Morrel 233
O 5 de Stembro 244
Itália - Simbad, o marinheiro 257
Despertar 278
Bandidos Romanos 283
Aparição 309
A Mazzolata 327
O Carnaval de Roma 340
As Catacumbas de São Sebastião 356
O encontro 369
Os convivas 375
O almoço 392
A apresentação 403
O Sr. Bertuccio 415
A Casa de Auteuil 419
A vendetta 425
A chuva de sangue 444
O crédito ilimitado 454
A parelha pigarça 464
Ideologia 474
Haydée 484
A família Morrel 488
Píramo e Tisbe 496
Toxicologia 505
Roberto, o diabo 519
A alta e a baixa 531
O major Cavalcanti 540
Andrea Cavalcanti 548
O campo de Luzerna 557
O Sr. Noirtier de Villefort 566
O testamento 573
O telégrafo 580
Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588
Os fantasmas 596
O jantar 604
O mendigo 613
Cena conjugal 620
Projetos de casamento 629
No gabinete do Procurador Régio 637
Um baile de Verão 647
As informações 653
O baile 661
O pão e o sal 668
A Sra. de Saint-Méran 672
A promessa 682
O jazigo da família Villefort 705
A ata da sessão 713
Os progressos de Cavalcanti filho 723
Haydée 732
Escrevem-nos de Janina 748
A limonada 762
A acusação 771
O quarto do padeiro reformado 776
O assalto 790
A mão de Deus 801
Beauchamp 806
A viagem 812
O julgamento 822
A provocação 834
O insulto 840
A Noite 848
O duelo 855
A mãe e o filho 865
O suicídio 871
Valentine 879
A confissão 885
O pai e a filha 895
O contrato 903
A estrada da Bélgica 912
A estalagem do sino e da garrafa 917
A lei 928
A aparição 937
Locusta 943
Valentine 948
Maximilien 953
A assinatura de Danglars 961
O Cemitério do Père-lachaise 970
A partilha 981
O covil dos leões 994
O juiz 1001
No tribunal 1009
O libelo acusatório 1014
Expiação 1021
A partida 1028
O passado 1039
Peppino 1049
A ementa de Luigi Vampa 1058
O Perdão 1064
O 5 de Outubro 1069