A Queda de um Anjo - Cap. 18: Capítulo 18 Pág. 100 / 207

Os meus constituintes mandaram-me aqui falar das necessidades deles em termos tais que por eles V. Exa. e a Câmara lhas conheçam, ponderem e remedeiem.

Sou da velha clientela de Quintiliano, Sr. presidente. Com ele entendo que por demais se enganam aqueles que alcunham de popular o estilo vicioso e corrupto, qual é o saltitante, o agudo, o inchado, e o pueril, que o mestre denomina proedulce dicendi genus, todo afectação menineira de florinhas, broslados de pechisbeque, recamos de fitas como em bandeirolas de arraial.

Eis-me já de força inclinado à substância do discurso do Sr. Dr. Libório. Primeiro me cumpre declarar que não sei pelo claro a quem me dirijo. Há dias me regalei de ler o sucoso livro de um doutor grande letrado que escreveu da Reforma das Cadeias. Achei-o lusitaníssimo na palavra; mas hebraico na locução. Tem ele de bom e singular que tanto se percebe lendo-o da esquerda para a direita como da direita para a esquerda. Soou-me que o Sr. Dr. Libório, amador do que é bom, se identificara com o livro, e aformosentara o seu discurso com muitas louçainhas daquele tesouro.

Não sei, pois, se me debato com o Sr. Dr. Aires, se com o Sr. Dr. Libório. Se me debato, desavisadamente disse! O discurso não dá pega a debates que não sejam filológicos. Estes não vêm aqui de molde.





Os capítulos deste livro