Estes reformadores de cadeias, Sr. presidente, parece que têm de olho apertar mais as cordas que amarram o condenado à sentença, picar-lhe as veias, e dessangrá-lo gota a gota, na intenção de o regenerar e reabilitar! Óptima reabilitação! Humaníssimos legisladores!
Querem que o preso se regenere hidropaticamente. Mandam-no lavar a cara duas vezes por dia. Água em abundância, conclamam os dois doutores. Fazem eles o favor de dar ao preso água em abundância; mas descontam nesta magnanimidade proibindo-os de falarem aos companheiros de infortúnio, com o formidável argumento de que saem das cadeias delineamentos de assaltos, e assassinatos de homens que sabem ricos!…
«Delineamentos de assassinatos»! Que é isto? Assassinato é coisa que me não cheira a idioma de Bernardes e Barros. Seja o que for, é coisa horrível que sai das cadeias com seus delineamentos, contra homens que os presos sabem ricos. Aqui, Sr. presidente, neste sabem ricos, quem sofre o assassinato é a gramática. O aticismo desta frase é grego demais para ouvidos lusitanos.
O que é um preso descomedido, Sr. presidente? Di-lo-ei? Vox faucibus haesit!…
É febricitante despedido do leito, que, como seta voada do arco, exaspera em barulho os males de toda a enfermaria. Que se há-de fazer a um patife que é seta voada do arco? Faz-se-lhe lavar a cara terceira vez!
Que desperdício de poesia para descrever um preso bulhento!