Seta voada do arco! Que infladas necedades assopram estes estilistas de má morte!
Inclinando razoamento (peço vénia para me também enriquecer com esta locução do Sr. Dr. Aires), inclinando razoamento a pôr fecho neste palanfrório com que delapido o precioso tempo da Câmara, sou a dizer, Sr. presidente, que a melhor reforma das cadeias será aquela que legislar melhor cama, melhor alimento, e mais cristã caridade para o preso. Impugno os sistemas de reforma que disparam em acrescentamento de flagelação sobre o encarcerado. Visto que Jesus Cristo, ou seus discípulos, nos ensinam como obra de misericórdia visitar os presos, conversá-los humanamente, amaciar-lhes pela convivência a ferócia dos costumes, não venham cá estes civilizadores aventar a solenada aos ferrolhos, o insulamento do preso, aquele terrível voe soli! que exacerba o rancor, e os instintos enfurecidos do delinquente.
Tenho dito, Sr. presidente. Não redarguo ao mais do discurso, porque não percebi. Sou um lavrador lá de cima, e não adivinhador de enigmas. Davus sum, non O Edipus.
O orador foi cumprimentado por alguns provincianos velhos.