A Queda de um Anjo - Cap. 18: Capítulo 18 Pág. 105 / 207

Seta voada do arco! Que infladas necedades assopram estes estilistas de má morte!

Inclinando razoamento (peço vénia para me também enriquecer com esta locução do Sr. Dr. Aires), inclinando razoamento a pôr fecho neste palanfrório com que delapido o precioso tempo da Câmara, sou a dizer, Sr. presidente, que a melhor reforma das cadeias será aquela que legislar melhor cama, melhor alimento, e mais cristã caridade para o preso. Impugno os sistemas de reforma que disparam em acrescentamento de flagelação sobre o encarcerado. Visto que Jesus Cristo, ou seus discípulos, nos ensinam como obra de misericórdia visitar os presos, conversá-los humanamente, amaciar-lhes pela convivência a ferócia dos costumes, não venham cá estes civilizadores aventar a solenada aos ferrolhos, o insulamento do preso, aquele terrível voe soli! que exacerba o rancor, e os instintos enfurecidos do delinquente.

Tenho dito, Sr. presidente. Não redarguo ao mais do discurso, porque não percebi. Sou um lavrador lá de cima, e não adivinhador de enigmas. Davus sum, non O Edipus.

O orador foi cumprimentado por alguns provincianos velhos.





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