O luxo, Sr. presidente, é o espantalho dos ânimos sandios e cainhos.
O deputado Calisto: — Seja pelo amor de Deus!
O orador: — Pois seja, e muito que lhe preste ao colega, que mister se lhe faz perdão de Deus pelas blasfémias económicas que ejaculou, sem dar olhos na civilização, matrona prestimosa, que toda se desentranha em blandícias e florinhas de viço e olor para opulentos e desremediados.
O deputado Calisto: — Isso que diz em vernáculo?
O orador: — Que me não fale à mão, se lhe sobranceio o intelecto. Afigura-se-me, Sr. presidente, que tenho pela frente sombra, e sombra de que não há temermo-nos. Não sei, à bofé, com quem me esgrimo. Propugnar por artes, pôr peito a defender indústrias, ruir os cancelos das fábricas, bafejar incentivos à imaginativa do artífice, enfim e derradeiramente, encarecer a utilidade do luxo, isto me está asseteando o ânimo temeroso de desfechar injúria ao progresso, à ideia, ao fiat, à humanidade! Para que me estou aqui afadigando e derramando, Sr. presidente, se só múmias podem sair-me com esgares de encontro ao civilizador princípio? (Muitos apoiados.)