A Queda de um Anjo - Cap. 10: Capítulo 10 Pág. 52 / 207

Corre-me obrigação de silêncio. Já de contrito me recolho, e da ofensa à luz me penitencio; que eu me estive a espancar trevas que, em que pese a pávidos agoireiros, já não hão-de espessar-se em derredor do sol esplendorosíssimo.

E, pois, antevejo que não há mais dizer, sem entibiar-me a nota de repetições, aqui ponho fecho.

(O orador foi cumprimentado.)

O presidente: — Tem a palavra o nobre deputado Calisto Elói de Silos de Benevides de Barbuda.

— Sr. presidente! — disse Calisto. — Entendi quase nada, porque o Sr. deputado Dr. Libório não falou português de gente (risos nas galerias). As laranjas, espremidas demais, dão sumo azedo, que corta a língua. O Sr. deputado fez do seu idioma laranja azeda. Se a linguagem portuguesa fosse aquilo que eu acabo de ouvir, devia de estar no vocabulário da língua bunda. Parece-me que os obreiros da torre de Babel, quando Deus os puniu do atrevimento ímpio, falaram daquele feitio! (Ordem! ordem!) O orador: — Ordem, srs. deputados, peço eu para a língua portuguesa! Peço-a em nome dos ilustres finados Luís de Sousa, Barros, Couto, e quantos, no dia do juízo, se hão-de filar à perna do Sr. Dr. Libório.

O presidente: — Peço ao ilustre deputado que se abstenha de usar frases não parlamentares.

O orador: — Tomo a liberdade de perguntar a V. Exa. se as locuções repolhudas do ilustre colega são parlamentares; e, se o são, peço ainda a mercê de se me dizer onde se estudam aquelas farfalhices. (Vozes: Ordem! ordem!)





Os capítulos deste livro