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Capítulo 18: O Tesouro

Página 145
Felizmente isso não aconteceu e o governador retirou-se convencido de que o seu pobre louco, pelo qual experimentava no fundo do coração certa simpatia, tivera apenas uma ligeira indisposição.

Entretanto, sentado na cama com a cabeça entre as mãos, Edmond procurava ordenar os seus pensamentos. Em Faria era tudo tão racional, tão grande e tão lógico desde que o conhecia que não podia compreender tão suprema sensatez sob todos os aspectos aliada ao desatino sob um único. Era Faria que estava enganado acerca do seu tesouro ou era toda a gente que estava enganada acerca de Faria?

Dantès permaneceu na sua cela durante todo o dia, sem ousar voltar à do amigo. Procurava adiar assim o momento em que adquiriria a certeza de que o abade estava louco. Tal convicção seria horrível para ele.

Mas para a noite, depois da hora da visita rotineira, Faria, ao vendo aparecer o rapaz, tentou transpor o espaço que o separava dele. Edmond estremeceu ao ouvir os esforços dolorosos que fazia o velho para se arrastar: a perna estava inerte e já só se podia ajudar com o braço. Edmond viu-se obrigado a puxá-lo para si, porque de contrário jamais poderia sair sozinho pela estreita abertura que desembocava na cela de Dantès.

- Cá estou, impiedosamente encarniçado na sua perseguição - declarou com um sorriso radiante de benevolência. - Julgou que podia escapar à minha magnificência, mas enganou-se. Ora ouça.

Edmond viu que não podia recuar. Ajudou o velho a sentar-se na cama e colocou-se junto dele no banquinho.

- Como sabe - principiou o abade -, era o secretário, o familiar, o amigo do cardeal Spada, o último dos príncipes deste nome. Devo a esse digno fidalgo toda a felicidade que tive nesta vida. Não era rico, embora as riquezas da sua família fossem proverbiais e eu tenha ouvido dizer: «Rico como um Spada.» Mas ele, como a voz pública, não tinha nada em que basear essa fama de opulência. O seu palácio foi o seu paraíso. Eduquei-lhe os sobrinhos, que morreram, e quando ficou só no mundo restituí-lhe, por meio de uma submissão absoluta aos seus desejos, tudo o que fizera por mim havia dez anos. A casa do cardeal em breve deixou de ter segredos para mim. Vi muitas vezes Sua Eminência trabalhar, compulsar livros antigose remexer avidamente na poeira dos manuscritos de família. Um dia, quando lhe censurava as suas vigílias inúteis e a espécie de abatimento que se lhes seguia, olhou-me sorrindo amargamente e abriu-me um livro com a história da cidade de Roma. Aí, no vigésimo Capítulo, que tratava da vida do Papa Alexandre VI, havia as seguintes linhas que nunca mais pude esquecer: "As grandes guerras da Romanha estavam terminadas.

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Capa do livro O Conde de Monte Cristo
Páginas: 1080
Página atual: 145

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Marselha - A Chegada 1
O pai e o filho 8
Os Catalães 14
A Conspiração 23
O banquete de noivado 28
O substituto do Procurador Régio 38
O interrogatório 47
O Castelo de If 57
A festa de noivado 66
Os Cem Dias 89
O número 34 e o número 27 106
Um sábio italiano 120
A cela do abade 128
O Tesouro 143
O terceiro ataque 153
O cemitério do Castelo de If 162
A Ilha de Tiboulen 167
Os contrabandistas 178
A ilha de Monte-Cristo 185
Deslumbramento 192
O desconhecido 200
A Estalagem da Ponte do Gard 206
O relato 217
Os registos das prisões 228
Acasa Morrel 233
O 5 de Stembro 244
Itália - Simbad, o marinheiro 257
Despertar 278
Bandidos Romanos 283
Aparição 309
A Mazzolata 327
O Carnaval de Roma 340
As Catacumbas de São Sebastião 356
O encontro 369
Os convivas 375
O almoço 392
A apresentação 403
O Sr. Bertuccio 415
A Casa de Auteuil 419
A vendetta 425
A chuva de sangue 444
O crédito ilimitado 454
A parelha pigarça 464
Ideologia 474
Haydée 484
A família Morrel 488
Píramo e Tisbe 496
Toxicologia 505
Roberto, o diabo 519
A alta e a baixa 531
O major Cavalcanti 540
Andrea Cavalcanti 548
O campo de Luzerna 557
O Sr. Noirtier de Villefort 566
O testamento 573
O telégrafo 580
Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588
Os fantasmas 596
O jantar 604
O mendigo 613
Cena conjugal 620
Projetos de casamento 629
No gabinete do Procurador Régio 637
Um baile de Verão 647
As informações 653
O baile 661
O pão e o sal 668
A Sra. de Saint-Méran 672
A promessa 682
O jazigo da família Villefort 705
A ata da sessão 713
Os progressos de Cavalcanti filho 723
Haydée 732
Escrevem-nos de Janina 748
A limonada 762
A acusação 771
O quarto do padeiro reformado 776
O assalto 790
A mão de Deus 801
Beauchamp 806
A viagem 812
O julgamento 822
A provocação 834
O insulto 840
A Noite 848
O duelo 855
A mãe e o filho 865
O suicídio 871
Valentine 879
A confissão 885
O pai e a filha 895
O contrato 903
A estrada da Bélgica 912
A estalagem do sino e da garrafa 917
A lei 928
A aparição 937
Locusta 943
Valentine 948
Maximilien 953
A assinatura de Danglars 961
O Cemitério do Père-lachaise 970
A partilha 981
O covil dos leões 994
O juiz 1001
No tribunal 1009
O libelo acusatório 1014
Expiação 1021
A partida 1028
O passado 1039
Peppino 1049
A ementa de Luigi Vampa 1058
O Perdão 1064
O 5 de Outubro 1069