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Capítulo 18: O Tesouro

Página 144
Esta ideia servia-me de vingança e eu saboreava-a lentamente, de noite, na minha masmorra, e no desespero do meu cativeiro. Mas agora que perdoei ao mundo graças a você, agora que o vejo jovem e cheio de futuro, agora que penso em tudo o que pode resultar para si de felicidade depois de semelhante revelação, receio qualquer demora e temo não ter tempo de assegurar a um proprietário tão digno como você a posse de tantas riquezas ocultas.

Edmond virou a cabeça suspirando.

- Persiste na sua incredulidade, Edmond - prosseguiu Faria. - A minha voz não o convenceu? Vejo que quer provas. Pois bem, leia este papel que ainda não mostrei a ninguém.

- Amanhã, meu amigo - respondeu Edmond, a quem repugnava prestar-se à loucura do velho. - Julguei que tínhamos combinado só falar disso amanhã

- Falaremos amanhã, mas leia este papel hoje.

«é melhor não o irritar», pensou Edmond.

E pegando no papel, a que faltava metade, sem dúvida consumida pelo fogo em qualquer acidente, leu:

Este tesouro, que pode ascender a dois de escudos romanos, no canto mais a da segunda abertura, o qual lego e cedo em prop deiro.

25 de abril de 1498

- Então? - perguntou Faria quando o rapaz terminou a leitura.

- Mas - respondeu Dantès - só vejo aqui linhas truncadas, palavras sem sentido. Os caracteres estão interrompidos pela acção do logo e são ininteligíveis.

- Para si, meu amigo, que os lê pela primeira vez, mas não para mim que matei a cabeça a estudá-los durante muitas noites, reconstituí cada frase e completei cada pensamento.

- E acredita ter descoberto esse sentido interrompido? - Estou certo disso, como você mesmo verificará. Mas primeiro ouça a história deste papel.

- Silêncio! - exclamou Dantès. - Passos!... Aproximam-se... Vou-me embora... Adeus!

E Dantès, feliz por escapar à história e à explicação que só serviriam para lhe confirmar a desgraça do amigo, deslizou como uma cobra pela estreita galeria, enquanto Faria, a quem o terror restituíra uma espécie de actividade, empurrava com o pé a laje e a cobria com uma esteira, a fim de ocultar à vista a solução de continuidade que não tivera tempo de fazer desaparecer.

Era o governador que, tendo sabido pelo carcereiro do acidente de Faria, vinha assegurar-se pessoalmente da sua gravidade.

Faria recebeu-o sentado, evitou qualquer gesto comprometedor e conseguiu ocultar ao governador a paralisia que já ferira de morte metade da sua pessoa. O seu receio era que o governador, compadecido dele, o quisesse meter numa cela mais saudável e o separasse assim do seu jovem companheiro.

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Capa do livro O Conde de Monte Cristo
Páginas: 1080
Página atual: 144

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Marselha - A Chegada 1
O pai e o filho 8
Os Catalães 14
A Conspiração 23
O banquete de noivado 28
O substituto do Procurador Régio 38
O interrogatório 47
O Castelo de If 57
A festa de noivado 66
Os Cem Dias 89
O número 34 e o número 27 106
Um sábio italiano 120
A cela do abade 128
O Tesouro 143
O terceiro ataque 153
O cemitério do Castelo de If 162
A Ilha de Tiboulen 167
Os contrabandistas 178
A ilha de Monte-Cristo 185
Deslumbramento 192
O desconhecido 200
A Estalagem da Ponte do Gard 206
O relato 217
Os registos das prisões 228
Acasa Morrel 233
O 5 de Stembro 244
Itália - Simbad, o marinheiro 257
Despertar 278
Bandidos Romanos 283
Aparição 309
A Mazzolata 327
O Carnaval de Roma 340
As Catacumbas de São Sebastião 356
O encontro 369
Os convivas 375
O almoço 392
A apresentação 403
O Sr. Bertuccio 415
A Casa de Auteuil 419
A vendetta 425
A chuva de sangue 444
O crédito ilimitado 454
A parelha pigarça 464
Ideologia 474
Haydée 484
A família Morrel 488
Píramo e Tisbe 496
Toxicologia 505
Roberto, o diabo 519
A alta e a baixa 531
O major Cavalcanti 540
Andrea Cavalcanti 548
O campo de Luzerna 557
O Sr. Noirtier de Villefort 566
O testamento 573
O telégrafo 580
Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588
Os fantasmas 596
O jantar 604
O mendigo 613
Cena conjugal 620
Projetos de casamento 629
No gabinete do Procurador Régio 637
Um baile de Verão 647
As informações 653
O baile 661
O pão e o sal 668
A Sra. de Saint-Méran 672
A promessa 682
O jazigo da família Villefort 705
A ata da sessão 713
Os progressos de Cavalcanti filho 723
Haydée 732
Escrevem-nos de Janina 748
A limonada 762
A acusação 771
O quarto do padeiro reformado 776
O assalto 790
A mão de Deus 801
Beauchamp 806
A viagem 812
O julgamento 822
A provocação 834
O insulto 840
A Noite 848
O duelo 855
A mãe e o filho 865
O suicídio 871
Valentine 879
A confissão 885
O pai e a filha 895
O contrato 903
A estrada da Bélgica 912
A estalagem do sino e da garrafa 917
A lei 928
A aparição 937
Locusta 943
Valentine 948
Maximilien 953
A assinatura de Danglars 961
O Cemitério do Père-lachaise 970
A partilha 981
O covil dos leões 994
O juiz 1001
No tribunal 1009
O libelo acusatório 1014
Expiação 1021
A partida 1028
O passado 1039
Peppino 1049
A ementa de Luigi Vampa 1058
O Perdão 1064
O 5 de Outubro 1069