O Conde de Monte Cristo - Cap. 30: O 5 de Stembro Pág. 250 / 1080

Julie hesitava e resolveu pedir conselho.

Mas, por um sentimento estranho, não foi nem à mãe nem ao irmão que recorreu, foi a Emmanuel.

Desceu e contou-lhe o que lhe acontecera no dia em que o mandatário da casa Thomson & French viera procurar o pai.

Contou-lhe a cena da escada, revelou-lhe a promessa que lhe fizera e mostrou-lhe a carta.

- Deve lá ir, menina - disse Emmanuel.

- Acha? - murmurou Julie.

- Acho. Acompanhá-la-ei

- Mas não vê que devo ir sozinha? - observou Julie.

- Irá sozinha - respondeu o rapaz. - Esperá-la-ei à esquina da Rua do Museu e se a sua demora começar a preocupar-me irei procurá-la e ai daquele ou daqueles de que me disser ter razão de queixa!

- Assim, Emmanuel - perguntou hesitante a rapariga -, acha que devo fazer o que me indicam?

- Acho. O mensageiro não lhe disse que ia nisso a salvação do seu pai?

- Mas, Emmanuel, que perigo corre ele? - perguntou a rapariga.

Emmanuel hesitou um instante, mas o desejo de decidir Julie sem delongas levou a melhor.

- Ouça, hoje são 5 de Setembro, não é verdade?

- São.

- Pois hoje às onze horas o seu pai tem de pagar cerca de trezentos mil francos.

- Pois tem, bem o sabemos.

- Mas não tem nem quinze mil em caixa! - disse Emmanuel.

- Então, que vai acontecer? - Vai acontecer que se hoje, antes das onze horas, o seu pai não encontrar alguém que o ajude, ao meio-dia será obrigado a declarar-se falido.

- Oh, venha, venha! - gritou a rapariga, arrastando o rapaz consigo.

Entretanto, a Sr.ª Morrel contara tudo ao filho.

O jovem sabia bem que em consequência das sucessivas desgraças que tinham acontecido ao pai haviam sido feitos grandes cortes nas despesas da casa, mas ignorava que as coisas tivessem chegado a tal ponto. Ficou aniquilado.

Depois, de repente, correu para fora do apartamento e subiu rapidamente a escada, porque julgava o pai no gabinete, mas bateu em vão.

Junto da porta do gabinete ouviu a do apartamento abrir-se, virou-se e viu o pai. Em vez de subir direito ao seu gabinete,o Sr. Morrel entrara no seu quarto, do qual saía apenas naquele momento.

O Sr. Morrel soltou um grito de surpresa ao ver Maximilien, pois ignorava a chegada do rapaz. Ficou imóvel onde estava, apertando com o braço esquerdo um objecto que tinha escondido debaixo da sobrecasaca.





Os capítulos deste livro

Marselha - A Chegada 1 O pai e o filho 8 Os Catalães 14 A Conspiração 23 O banquete de noivado 28 O substituto do Procurador Régio 38 O interrogatório 47 O Castelo de If 57 A festa de noivado 66 Os Cem Dias 89 O número 34 e o número 27 106 Um sábio italiano 120 A cela do abade 128 O Tesouro 143 O terceiro ataque 153 O cemitério do Castelo de If 162 A Ilha de Tiboulen 167 Os contrabandistas 178 A ilha de Monte-Cristo 185 Deslumbramento 192 O desconhecido 200 A Estalagem da Ponte do Gard 206 O relato 217 Os registos das prisões 228 Acasa Morrel 233 O 5 de Stembro 244 Itália - Simbad, o marinheiro 257 Despertar 278 Bandidos Romanos 283 Aparição 309 A Mazzolata 327 O Carnaval de Roma 340 As Catacumbas de São Sebastião 356 O encontro 369 Os convivas 375 O almoço 392 A apresentação 403 O Sr. Bertuccio 415 A Casa de Auteuil 419 A vendetta 425 A chuva de sangue 444 O crédito ilimitado 454 A parelha pigarça 464 Ideologia 474 Haydée 484 A família Morrel 488 Píramo e Tisbe 496 Toxicologia 505 Roberto, o diabo 519 A alta e a baixa 531 O major Cavalcanti 540 Andrea Cavalcanti 548 O campo de Luzerna 557 O Sr. Noirtier de Villefort 566 O testamento 573 O telégrafo 580 Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588 Os fantasmas 596 O jantar 604 O mendigo 613 Cena conjugal 620 Projetos de casamento 629 No gabinete do Procurador Régio 637 Um baile de Verão 647 As informações 653 O baile 661 O pão e o sal 668 A Sra. de Saint-Méran 672 A promessa 682 O jazigo da família Villefort 705 A ata da sessão 713 Os progressos de Cavalcanti filho 723 Haydée 732 Escrevem-nos de Janina 748 A limonada 762 A acusação 771 O quarto do padeiro reformado 776 O assalto 790 A mão de Deus 801 Beauchamp 806 A viagem 812 O julgamento 822 A provocação 834 O insulto 840 A Noite 848 O duelo 855 A mãe e o filho 865 O suicídio 871 Valentine 879 A confissão 885 O pai e a filha 895 O contrato 903 A estrada da Bélgica 912 A estalagem do sino e da garrafa 917 A lei 928 A aparição 937 Locusta 943 Valentine 948 Maximilien 953 A assinatura de Danglars 961 O Cemitério do Père-lachaise 970 A partilha 981 O covil dos leões 994 O juiz 1001 No tribunal 1009 O libelo acusatório 1014 Expiação 1021 A partida 1028 O passado 1039 Peppino 1049 A ementa de Luigi Vampa 1058 O Perdão 1064 O 5 de Outubro 1069