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Capítulo 30: O 5 de Stembro

Página 251

Maximilien desceu rapidamente a escada e lançou-se ao pescoço do pai. Mas de repente recuou, deixando apenas a mão direita apoiada no peito do pai

- Meu pai - disse, fazendo-se pálido como a morte -, porque traz um par de pistolas debaixo da sobrecasaca?

- Pronto, aí está o que eu temia! - exclamou Morrel.

- Meu pai, meu pai, em nome do Céu! - gritou o rapaz. - Para que são essas armas?

- Maximilien - respondeu Morrel, olhando fixamente o filho -, tu és um homem e um homem de honra. Anda comigo, vou-te contar tudo.

E Morrel subiu com passo firme ao seu gabinete, enquanto Maximilien o seguia cambaleando.

Morrel abriu a porta e fechou-a atrás do filho. Depois atravessou a antecâmara, aproximou-se da secretária, depositou as pistolas à ponta do móvel e indicou ao filho, com o dedo, um registo aberto.

Nesse registo encontrava-se consignado o estado exacto da firma.

Morrel tinha de pagar dentro de meia hora duzentos e oitenta e sete mil e quinhentos francos.

E possuía ao todo quinze mil duzentos e cinquenta e sete francos.

- Lê - disse Morrel.

O rapaz leu e ficou um momento como que esmagado.

Morrel não disse nem uma palavra. Que poderia dizer que contrariasse a inexorável eloquência dos números?

- E fez tudo, meu pai, para evitar esta desgraça? - perguntou o rapaz passado um instante.

- Tudo - respondeu Morrel.

- Não espera nenhuma entrada de fundos?

- Nenhuma.

- Esgotou todos os seus recursos?

- Todos.

- E dentro de meia hora o nosso nome estará desonrado? - continuou o jovem, com voz sombria.

- O sangue lavará a desonra - declarou Morrel.

- Tem razão, meu pai, e compreendo-o.

Depois, estendendo a mão para as pistolas:

- Há uma para si e outra para mim - disse. - Obrigado!

Morrel deteve-lhe a mão.

- E a tua mãe... e a tua irmã... quem as sustentará? Um arrepio percorreu todo o corpo do rapaz.

- Meu pai, tenciona pedir-me que viva?

- Sim, tenciono - respondeu Morrel -, porque é esse o teu dever. Possuis um espírito calmo, forte, Maximilien... Maximilien, tu não és um homem vulgar. Não te recomendo nada, não te ordeno nada, apenas te digo: examina a situação como se te fosse estranha e julga-a por ti mesmo.

O rapaz reflectiu um instante e em seguida passou-lhe pelos olhos uma expressão de resignação sublime. Apenas tirou, com um gesto lento e triste, a dragona e a contradragona, insígnias do seu posto.

- Está bem - disse, estendendo a mão a Morrel -, morra em paz, meu pai! Eu viverei

Morrel esboçou o gesto de se lançar aos joelhos do filho, mas Maximilien puxou-o para si e aqueles dois nobres corações bateram um instante um contra o outro.

- Sabes que a culpa não é minha, não sabes? - perguntou Morrel.

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Capa do livro O Conde de Monte Cristo
Páginas: 1080
Página atual: 251

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Marselha - A Chegada 1
O pai e o filho 8
Os Catalães 14
A Conspiração 23
O banquete de noivado 28
O substituto do Procurador Régio 38
O interrogatório 47
O Castelo de If 57
A festa de noivado 66
Os Cem Dias 89
O número 34 e o número 27 106
Um sábio italiano 120
A cela do abade 128
O Tesouro 143
O terceiro ataque 153
O cemitério do Castelo de If 162
A Ilha de Tiboulen 167
Os contrabandistas 178
A ilha de Monte-Cristo 185
Deslumbramento 192
O desconhecido 200
A Estalagem da Ponte do Gard 206
O relato 217
Os registos das prisões 228
Acasa Morrel 233
O 5 de Stembro 244
Itália - Simbad, o marinheiro 257
Despertar 278
Bandidos Romanos 283
Aparição 309
A Mazzolata 327
O Carnaval de Roma 340
As Catacumbas de São Sebastião 356
O encontro 369
Os convivas 375
O almoço 392
A apresentação 403
O Sr. Bertuccio 415
A Casa de Auteuil 419
A vendetta 425
A chuva de sangue 444
O crédito ilimitado 454
A parelha pigarça 464
Ideologia 474
Haydée 484
A família Morrel 488
Píramo e Tisbe 496
Toxicologia 505
Roberto, o diabo 519
A alta e a baixa 531
O major Cavalcanti 540
Andrea Cavalcanti 548
O campo de Luzerna 557
O Sr. Noirtier de Villefort 566
O testamento 573
O telégrafo 580
Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588
Os fantasmas 596
O jantar 604
O mendigo 613
Cena conjugal 620
Projetos de casamento 629
No gabinete do Procurador Régio 637
Um baile de Verão 647
As informações 653
O baile 661
O pão e o sal 668
A Sra. de Saint-Méran 672
A promessa 682
O jazigo da família Villefort 705
A ata da sessão 713
Os progressos de Cavalcanti filho 723
Haydée 732
Escrevem-nos de Janina 748
A limonada 762
A acusação 771
O quarto do padeiro reformado 776
O assalto 790
A mão de Deus 801
Beauchamp 806
A viagem 812
O julgamento 822
A provocação 834
O insulto 840
A Noite 848
O duelo 855
A mãe e o filho 865
O suicídio 871
Valentine 879
A confissão 885
O pai e a filha 895
O contrato 903
A estrada da Bélgica 912
A estalagem do sino e da garrafa 917
A lei 928
A aparição 937
Locusta 943
Valentine 948
Maximilien 953
A assinatura de Danglars 961
O Cemitério do Père-lachaise 970
A partilha 981
O covil dos leões 994
O juiz 1001
No tribunal 1009
O libelo acusatório 1014
Expiação 1021
A partida 1028
O passado 1039
Peppino 1049
A ementa de Luigi Vampa 1058
O Perdão 1064
O 5 de Outubro 1069