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Capítulo 35: A Mazzolata

Página 332

Dir-se-ia que ao sentar-se à mesa com os seus convivas cumpria um mero dever de cortesia e que esperava que se fossem embora para se mandar servir alguma iguaria estranha ou especial.

- Malgrado seu, o caso lembrava a Franz o terror que o conde inspirara à condessa G... e a convicção em que a deixara de que o conde, o homem que lhe mostrara no camarote fronteiro ao dela, era um vampiro.

No fim do pequeno-almoço, Franz puxou pelo relógio.

- Estão assim com tanta pressa? - perguntou-lhe o conde.

- Queira desculpar-nos, Sr. Conde - respondeu Franz -, mas temos ainda de fazer mil coisas.

- O quê?

- Não temos máscaras e hoje as máscaras são obrigatórias.

- Não percam tempo com isso. Temos, segundo creio, um quarto particular na Praça del Popolo. Mandarei levar para lá os trajes que se dignarem indicar-me e mascarar-nos-emos imediatamente.

- Depois da execução? - perguntou Franz.

- Sem dúvida. Depois, durante ou antes, como quiserem.

- Diante do cadafalso?

- O cadafalso faz parte da festa.

- Desculpe, Sr. Conde, mas pensei melhor - redarguiu Franz. - Decididamente, agradeço-lhe a sua amabilidade, mas contentar-me-ei com um lugar na sua carruagem e outro à janela do Palácio Rospoli, e deixar-lhe-ei livre, para dispor dele como entender, o meu lugar à janela da Praça del Popolo.

- Mas assim perde, previno-o, uma coisa deveras curiosa - contrapôs o conde.

- Contar-ma-á - insistiu Franz - e estou convencido de que pela sua boca o relato impressionar-me-á quase tanto como a vista. De resto, já por mais de uma vez quis assistir a uma execução e nunca fui capaz. E você, Albert?

- Eu - respondeu o visconde - vi executar Castaing. Mas creio que estava um bocadinho alegre nesse dia. Foi no dia da minha saída do colégio e tínhamos passado a noite não sei em que botequim.

- Aliás, o facto de não ter feito uma coisa em Paris não é razão para que a não faça no estrangeiro. Quando viajamos, é para nos instruirmos; quando mudamos de terra, é para ver. Lembre-se portanto da cara que fará quando lhe perguntarem: «Como são as execuções em Roma?» E tiver de responder: «Não sei.» Além disso, consta que o condenado é um refinado patife, um velhaco que matou a golpes de cão de chaminé um bom cónego que o criara como filho. Que diabo, quando se assassina um sacerdote escolhe-se arma mais conveniente do que um cão de chaminé, sobretudo quando o sacerdote é talvez nosso pai. Se viajasse por Espanha iria assistir às touradas, não é verdade? Pois bem, suponha que vamos ver uma tourada. Lembre-se dos antigos romanos do circo, das caçadas onde se matavam trezentos leões e uma centena de homens.

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Capa do livro O Conde de Monte Cristo
Páginas: 1080
Página atual: 332

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Marselha - A Chegada 1
O pai e o filho 8
Os Catalães 14
A Conspiração 23
O banquete de noivado 28
O substituto do Procurador Régio 38
O interrogatório 47
O Castelo de If 57
A festa de noivado 66
Os Cem Dias 89
O número 34 e o número 27 106
Um sábio italiano 120
A cela do abade 128
O Tesouro 143
O terceiro ataque 153
O cemitério do Castelo de If 162
A Ilha de Tiboulen 167
Os contrabandistas 178
A ilha de Monte-Cristo 185
Deslumbramento 192
O desconhecido 200
A Estalagem da Ponte do Gard 206
O relato 217
Os registos das prisões 228
Acasa Morrel 233
O 5 de Stembro 244
Itália - Simbad, o marinheiro 257
Despertar 278
Bandidos Romanos 283
Aparição 309
A Mazzolata 327
O Carnaval de Roma 340
As Catacumbas de São Sebastião 356
O encontro 369
Os convivas 375
O almoço 392
A apresentação 403
O Sr. Bertuccio 415
A Casa de Auteuil 419
A vendetta 425
A chuva de sangue 444
O crédito ilimitado 454
A parelha pigarça 464
Ideologia 474
Haydée 484
A família Morrel 488
Píramo e Tisbe 496
Toxicologia 505
Roberto, o diabo 519
A alta e a baixa 531
O major Cavalcanti 540
Andrea Cavalcanti 548
O campo de Luzerna 557
O Sr. Noirtier de Villefort 566
O testamento 573
O telégrafo 580
Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588
Os fantasmas 596
O jantar 604
O mendigo 613
Cena conjugal 620
Projetos de casamento 629
No gabinete do Procurador Régio 637
Um baile de Verão 647
As informações 653
O baile 661
O pão e o sal 668
A Sra. de Saint-Méran 672
A promessa 682
O jazigo da família Villefort 705
A ata da sessão 713
Os progressos de Cavalcanti filho 723
Haydée 732
Escrevem-nos de Janina 748
A limonada 762
A acusação 771
O quarto do padeiro reformado 776
O assalto 790
A mão de Deus 801
Beauchamp 806
A viagem 812
O julgamento 822
A provocação 834
O insulto 840
A Noite 848
O duelo 855
A mãe e o filho 865
O suicídio 871
Valentine 879
A confissão 885
O pai e a filha 895
O contrato 903
A estrada da Bélgica 912
A estalagem do sino e da garrafa 917
A lei 928
A aparição 937
Locusta 943
Valentine 948
Maximilien 953
A assinatura de Danglars 961
O Cemitério do Père-lachaise 970
A partilha 981
O covil dos leões 994
O juiz 1001
No tribunal 1009
O libelo acusatório 1014
Expiação 1021
A partida 1028
O passado 1039
Peppino 1049
A ementa de Luigi Vampa 1058
O Perdão 1064
O 5 de Outubro 1069