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Capítulo 35: A Mazzolata

Página 331
Oh, claro que me bateria em duelo por tudo isso! Mas por um sofrimento lento, profundo, infinito, eterno, infligiria, se me fosse possível um sofrimento idêntico ao que me tivessem causado: olho por olho, dente por dente, como dizem os orientais, nossos mestres em todas as coisas, esses eleitos da criação que souberam criar para si uma vida de sonhos e um paraíso de realidades.

- Mas - observou Franz ao conde - com essa teoria que o constitui juiz e carrasco na sua própria causa, seria difícil que se contivesse numa medida que lhe permitisse escapar eternamente ao poder da lei. O ódio é cego, a cólera desorienta, e aquele que serve a si próprio a vingança arrisca-se a beber uma beberagem amarga.

- Sim, se é pobre e inexperiente; não, se é milionário e hábil. Aliás, o pior que lhe pode acontecer é o último suplício de que falámos há pouco, aquele que a filantrópica Revolução Francesa inventou para substituir o esquartejamento e a roda. Mas que significa o suplício se estiver vingado? Na verdade, sinto-me quase decepcionado por, segundo todas as probabilidades, esse miserável Peppino não ser decapitato, como eles dizem, pois se o fosse veriam como a execução é rápida e se realmente vale a pena perder tempo a falar a tal respeito. Mas agora reparo, meus senhores, que escolhemos uma conversa deveras singular para um dia de Carnaval. Como aconteceu tal coisa? Ah, já me lembro! Pediram-me um lugar à minha janela. Pois bem, seja, tê-lo-ão. Mas sentemo-nos primeiro à mesa, pois vêm anunciar-nos que estamos servidos.

Com efeito um criado abriu uma das quatro portas da sala e proferiu as palavras sacramentais:

- Al suo commodo! os dois jovens levantaram-se e passaram à sala de jantar.

Durante o pequeno-almoço, excelente e servido com infinito requinte, Franz procurou com a vista os olhos de Albert, a fim de ler neles a impressão que sem dúvida produzira nele as palavras do seu anfitrião. Mas quer porque na sua despreocupação habitual lhes não tivesse prestado grande atenção, quer porque a concessão que o conde de Monte-Cristo lhe fizera a propósito do duelo o tivesse reconciliado com ele, quer finalmente porque os antecedentes que relatámos, apenas conhecidos de Franz, tivessem duplicado só para si o efeito das teorias do conde, não notou que o companheiro estivesse de modo algum preocupado. Muito pelo contrário, fazia honra à refeição como homem condenado havia quatro ou cinco meses à cozinha italiana, isto é, a uma das piores cozinhas do mundo. Quanto ao conde, mal tocava em cada prato.

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Capa do livro O Conde de Monte Cristo
Páginas: 1080
Página atual: 331

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Marselha - A Chegada 1
O pai e o filho 8
Os Catalães 14
A Conspiração 23
O banquete de noivado 28
O substituto do Procurador Régio 38
O interrogatório 47
O Castelo de If 57
A festa de noivado 66
Os Cem Dias 89
O número 34 e o número 27 106
Um sábio italiano 120
A cela do abade 128
O Tesouro 143
O terceiro ataque 153
O cemitério do Castelo de If 162
A Ilha de Tiboulen 167
Os contrabandistas 178
A ilha de Monte-Cristo 185
Deslumbramento 192
O desconhecido 200
A Estalagem da Ponte do Gard 206
O relato 217
Os registos das prisões 228
Acasa Morrel 233
O 5 de Stembro 244
Itália - Simbad, o marinheiro 257
Despertar 278
Bandidos Romanos 283
Aparição 309
A Mazzolata 327
O Carnaval de Roma 340
As Catacumbas de São Sebastião 356
O encontro 369
Os convivas 375
O almoço 392
A apresentação 403
O Sr. Bertuccio 415
A Casa de Auteuil 419
A vendetta 425
A chuva de sangue 444
O crédito ilimitado 454
A parelha pigarça 464
Ideologia 474
Haydée 484
A família Morrel 488
Píramo e Tisbe 496
Toxicologia 505
Roberto, o diabo 519
A alta e a baixa 531
O major Cavalcanti 540
Andrea Cavalcanti 548
O campo de Luzerna 557
O Sr. Noirtier de Villefort 566
O testamento 573
O telégrafo 580
Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588
Os fantasmas 596
O jantar 604
O mendigo 613
Cena conjugal 620
Projetos de casamento 629
No gabinete do Procurador Régio 637
Um baile de Verão 647
As informações 653
O baile 661
O pão e o sal 668
A Sra. de Saint-Méran 672
A promessa 682
O jazigo da família Villefort 705
A ata da sessão 713
Os progressos de Cavalcanti filho 723
Haydée 732
Escrevem-nos de Janina 748
A limonada 762
A acusação 771
O quarto do padeiro reformado 776
O assalto 790
A mão de Deus 801
Beauchamp 806
A viagem 812
O julgamento 822
A provocação 834
O insulto 840
A Noite 848
O duelo 855
A mãe e o filho 865
O suicídio 871
Valentine 879
A confissão 885
O pai e a filha 895
O contrato 903
A estrada da Bélgica 912
A estalagem do sino e da garrafa 917
A lei 928
A aparição 937
Locusta 943
Valentine 948
Maximilien 953
A assinatura de Danglars 961
O Cemitério do Père-lachaise 970
A partilha 981
O covil dos leões 994
O juiz 1001
No tribunal 1009
O libelo acusatório 1014
Expiação 1021
A partida 1028
O passado 1039
Peppino 1049
A ementa de Luigi Vampa 1058
O Perdão 1064
O 5 de Outubro 1069