O Conde de Monte Cristo - Cap. 35: A Mazzolata Pág. 333 / 1080

Lembre-se dos oitenta mil espectadores que batiam palmas, das sensatas matronas que levavam lá as filhas casadoiras e das encantadoras vestais de mãos brancas que faziam com o polegar um não menos encantador sinalzinho que significava: «Vamos, nada de moleza! Acabem-me com esse homem que já está há três quartos morto.»

- Vamos, Albert? - perguntou Franz.

- Claro que sim, meu caro! Estava como você, mas a eloquência do conde decidiu-me.

- Vamos, mas porque você quer - salientou Franz. - Mas no caminho para a Praça del Popolo desejava passar pela rua do Corso. Será possível. Sr. Conde?

- A pé, sim; de carruagem, não.

- Então, irei a pé

- É assim tão necessário passar pela rua do Corso?

- É. Quero ver lá uma coisa.

- Nesse caso, passaremos pela rua do Corso. Mandaremos a carruagem pela Estrada del Babuino esperar-nos na Praça del Popolo. De resto, também não me importo de passar pela rua do Corso para ver se umas ordens que dei foram cumpridas.

- Excelência - disse o criado abrindo a porta -, um homem vestido de penitente pede para vos falar.

- Ah, sim, sei do que se trata! - disse o conde. - Meus senhores, dignem-se passar novamente à sala onde encontrarão na mesa do centro excelentes charutos de Havana. Irei lá ter convosco dentro de instantes.

Os dois jovens levantaram-se e saíram por uma porta, enquanto o conde, depois de lhes renovar as suas desculpas, saía por outra. Albert que era um grande apreciador de charutos e que desde que estava em Itália não considerava pequeno sacrifício estar privado dos charutos do Café de Paris, aproximou-se da mesa e soltou um grito de alegria ao ver autênticos puros.

- Então, que pensa do conde de Monte-Cristo? - perguntou-lhe Franz.

- Que penso? - disse Albert, visivelmente surpreendido por o companheiro lhe fazer semelhante pergunta. - Penso que é um homem encantador, que faz maravilhosamente as honras da sua casa, que viu, estudou e reflectiu muito, que é, como Bruto, da escola estóica, e - acrescentou, soltando amorosamente uma baforada de fumo que subiu em espiral para o tecto - que além de tudo isso possui excelentes charutos.

Era esta a opinião de Albert acerca do conde. Ora, como Franz sabia que Albert tinha a pretensão de não ter opinião a respeito dos homens e das coisas senão depois de madura reflexão, não tentou modificar-lha. No entanto, perguntou-lhe:

- Não notou uma coisa singular?

- O quê?

- A atenção com que o olhava.

- A mim?

- Sim, a si

Albert reflectiu.

- Oh, não há nada de estranho nisso! - redarguiu, suspirando.





Os capítulos deste livro

Marselha - A Chegada 1 O pai e o filho 8 Os Catalães 14 A Conspiração 23 O banquete de noivado 28 O substituto do Procurador Régio 38 O interrogatório 47 O Castelo de If 57 A festa de noivado 66 Os Cem Dias 89 O número 34 e o número 27 106 Um sábio italiano 120 A cela do abade 128 O Tesouro 143 O terceiro ataque 153 O cemitério do Castelo de If 162 A Ilha de Tiboulen 167 Os contrabandistas 178 A ilha de Monte-Cristo 185 Deslumbramento 192 O desconhecido 200 A Estalagem da Ponte do Gard 206 O relato 217 Os registos das prisões 228 Acasa Morrel 233 O 5 de Stembro 244 Itália - Simbad, o marinheiro 257 Despertar 278 Bandidos Romanos 283 Aparição 309 A Mazzolata 327 O Carnaval de Roma 340 As Catacumbas de São Sebastião 356 O encontro 369 Os convivas 375 O almoço 392 A apresentação 403 O Sr. Bertuccio 415 A Casa de Auteuil 419 A vendetta 425 A chuva de sangue 444 O crédito ilimitado 454 A parelha pigarça 464 Ideologia 474 Haydée 484 A família Morrel 488 Píramo e Tisbe 496 Toxicologia 505 Roberto, o diabo 519 A alta e a baixa 531 O major Cavalcanti 540 Andrea Cavalcanti 548 O campo de Luzerna 557 O Sr. Noirtier de Villefort 566 O testamento 573 O telégrafo 580 Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588 Os fantasmas 596 O jantar 604 O mendigo 613 Cena conjugal 620 Projetos de casamento 629 No gabinete do Procurador Régio 637 Um baile de Verão 647 As informações 653 O baile 661 O pão e o sal 668 A Sra. de Saint-Méran 672 A promessa 682 O jazigo da família Villefort 705 A ata da sessão 713 Os progressos de Cavalcanti filho 723 Haydée 732 Escrevem-nos de Janina 748 A limonada 762 A acusação 771 O quarto do padeiro reformado 776 O assalto 790 A mão de Deus 801 Beauchamp 806 A viagem 812 O julgamento 822 A provocação 834 O insulto 840 A Noite 848 O duelo 855 A mãe e o filho 865 O suicídio 871 Valentine 879 A confissão 885 O pai e a filha 895 O contrato 903 A estrada da Bélgica 912 A estalagem do sino e da garrafa 917 A lei 928 A aparição 937 Locusta 943 Valentine 948 Maximilien 953 A assinatura de Danglars 961 O Cemitério do Père-lachaise 970 A partilha 981 O covil dos leões 994 O juiz 1001 No tribunal 1009 O libelo acusatório 1014 Expiação 1021 A partida 1028 O passado 1039 Peppino 1049 A ementa de Luigi Vampa 1058 O Perdão 1064 O 5 de Outubro 1069