O Conde de Monte Cristo - Cap. 37: As Catacumbas de São Sebastião Pág. 359 / 1080

Por baixo destas linhas estavam escritas por mão desconhecida estas poucas palavras em italiano:

Se alle sei della mattina le quattro mile piastre non sononelle mie mani, alla sette il conte Alberto avia cessato divivere

LUIGI VAMPA

Esta segunda assinatura explicou tudo a Franz, que compreendeu a repugnância do mensageiro em subir ao seu quarto. A rua parecia-lhe mais segura do que os aposentos de Franz. Albert caíra nas mãos do famoso chefe de bandidos, em cuja existência durante muito tempo se recusara a acreditar.

Não havia tempo a perder. Correu à escrivaninha, abriu a gaveta indicada, tirou a carteira e desta a carta de crédito.

A carta fora emitida pelo total de seis mil piastras, mas destas seis mil piastras Albert levantara já três mil. Quanto a Franz, não tinha nenhuma carta de crédito. Como residia em Florença e viera a Roma para passar apenas sete ou oito dias, trouxera uma centena de luíses, e desses cem luíses restavam-lhe quando muito cinquenta.

Faltavam portanto setecentas a oitocentas piastras para que os dois, Franz e Albert, pudessem reunir a importância exigida. Claro que num caso assim Franz podia contar com a amabilidade do Sr. Torlonia. Preparava-se pois para regressar ao Palácio Bracciano sem perda de um instante quando de súbito uma ideia luminosa lhe atravessou o espírito.

Lembrou-se do conde de Monte-Cristo. Franz ia mandar chamar mestre Pastrini quando o viu aparecer em pessoa à entrada da porta.

- Meu caro Sr. Pastrini - disse-lhe vivamente acha que o conde estará nos seus aposentos?

- Está sim, Excelência. Acaba de entrar.

- Já terá tido tempo de se deitar?

- Duvido.

- Então, toque-lhe à porta, peço-lhe, e rogue-lhe que me receba.

Mestre Pastrini apressou-se a cumprir as instruções que lhe davam. Cinco, minutos depois estava de volta.

- O conde espera Vossa Excelência - disse.

Franz atravessou o patamar e um criado introduziu-o junto do conde. Este encontrava-se num gabinetezinho que Franz ainda não vira e que estava rodeado de divãs. O conde veio ao seu encontro.

- Que bom vento o traz por cá a esta hora? - perguntou. – Virá por acaso pedir-me de cear? Seria muita amabilidade da sua parte.

- Não, venho falar-lhe de um assunto grave.

- De que assunto? - perguntou o conde, fitando Franz com o profundo que lhe era habitual.

- Estamos sós?

O conde foi até à porta e voltou.

- Perfeitamente sós - disse.

Franz apresentou-lhe a carta de Albert.

-Leia - pediu-lhe.

O conde leu a carta.

- Ah, ah! .. -exclamou.

- Leu também o post-scriptum?





Os capítulos deste livro

Marselha - A Chegada 1 O pai e o filho 8 Os Catalães 14 A Conspiração 23 O banquete de noivado 28 O substituto do Procurador Régio 38 O interrogatório 47 O Castelo de If 57 A festa de noivado 66 Os Cem Dias 89 O número 34 e o número 27 106 Um sábio italiano 120 A cela do abade 128 O Tesouro 143 O terceiro ataque 153 O cemitério do Castelo de If 162 A Ilha de Tiboulen 167 Os contrabandistas 178 A ilha de Monte-Cristo 185 Deslumbramento 192 O desconhecido 200 A Estalagem da Ponte do Gard 206 O relato 217 Os registos das prisões 228 Acasa Morrel 233 O 5 de Stembro 244 Itália - Simbad, o marinheiro 257 Despertar 278 Bandidos Romanos 283 Aparição 309 A Mazzolata 327 O Carnaval de Roma 340 As Catacumbas de São Sebastião 356 O encontro 369 Os convivas 375 O almoço 392 A apresentação 403 O Sr. Bertuccio 415 A Casa de Auteuil 419 A vendetta 425 A chuva de sangue 444 O crédito ilimitado 454 A parelha pigarça 464 Ideologia 474 Haydée 484 A família Morrel 488 Píramo e Tisbe 496 Toxicologia 505 Roberto, o diabo 519 A alta e a baixa 531 O major Cavalcanti 540 Andrea Cavalcanti 548 O campo de Luzerna 557 O Sr. Noirtier de Villefort 566 O testamento 573 O telégrafo 580 Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588 Os fantasmas 596 O jantar 604 O mendigo 613 Cena conjugal 620 Projetos de casamento 629 No gabinete do Procurador Régio 637 Um baile de Verão 647 As informações 653 O baile 661 O pão e o sal 668 A Sra. de Saint-Méran 672 A promessa 682 O jazigo da família Villefort 705 A ata da sessão 713 Os progressos de Cavalcanti filho 723 Haydée 732 Escrevem-nos de Janina 748 A limonada 762 A acusação 771 O quarto do padeiro reformado 776 O assalto 790 A mão de Deus 801 Beauchamp 806 A viagem 812 O julgamento 822 A provocação 834 O insulto 840 A Noite 848 O duelo 855 A mãe e o filho 865 O suicídio 871 Valentine 879 A confissão 885 O pai e a filha 895 O contrato 903 A estrada da Bélgica 912 A estalagem do sino e da garrafa 917 A lei 928 A aparição 937 Locusta 943 Valentine 948 Maximilien 953 A assinatura de Danglars 961 O Cemitério do Père-lachaise 970 A partilha 981 O covil dos leões 994 O juiz 1001 No tribunal 1009 O libelo acusatório 1014 Expiação 1021 A partida 1028 O passado 1039 Peppino 1049 A ementa de Luigi Vampa 1058 O Perdão 1064 O 5 de Outubro 1069