O Conde de Monte Cristo - Cap. 44: A vendetta Pág. 428 / 1080

Então, o medo apoderou-se dele e receou ficar mais tempo em Nímes. Solicitou a transferência e, como era de facto um homem influente, nomearam-no para Versalhes. Mas, como o senhor sabe, não há distâncias para um corso que jurou vingar-se do seu inimigo, e a sua carruagem, por melhor conduzida que fosse, nunca teve mais do que meio dia de avanço sobre mim, que no entanto a seguia a pé.

«O importante não era matá-lo; tive cem vezes oportunidade para isso. Mas era preciso matá-lo sem ser descoberto e sobretudo sem ser preso. Desde então já me não pertencia: tinha de proteger e sustentar a minha cunhada. Durante três meses vigiei o Sr. de Villefort; durante três meses não deu um passo, um passeio, sem que o meu olhar o não seguisse. Por fim, descobri que vinha misteriosamente a Auteuil. Voltei a segui-lo e vi-o entrar nesta casa onde estamos. Simplesmente, em vez de entrar como entraria qualquer pessoa, pela portaprincipal, vinha a cavalo ou de carruagem, deixava a carruagem ou o cavalo na estalagem e entrava por aquela portinha que vê ali.

Monte-Cristo acenou com a cabeça a confirmar que no meio da escuridão distinguia efectivamente a entrada indicada por Bertuccio.

- Como já não necessitava de permanecer em Versalhes, instalei-me em Auteuil e informei-me. Se o queria apanhar, era evidentemente aqui que devia armar a minha cilada.

«- A casa pertencia, como o porteiro disse a V. Ex.a, ao Sr. de Saint-Méran, sogro de Villefort. O Sr. de Saint-Méran residia em Marselha, por consequência, esta casa de campo era-lhe inútil. Dizia-se por isso que a alugara a uma jovem viúva que toda a gente conhecia apenas por "a baronesa"

«De facto, uma noite, espreitando por cima do muro, vi uma mulher nova e bonita passear sozinha neste jardim, que nenhuma janela estranha dominava. Olhava com frequência para o lado da portinha e compreendi que naquela noite esperava o Sr. de Villefort. Quando chegou suficientemente perto de para, apesar do escuro, lhe poder distinguir as feições, vi uma mulher nova e bonita, de dezoito ou dezanove anos, alta e loura. Como trazia um simples penteador e nada lhe comprimia a cintura, pude notar que estava grávida e que a gravidez parecia até bastante adiantada.

«Pouco depois abriu-se a portinha. Entrou um homem. A jovem correu o mais depressa que pôde ao seu encontro.

Lançaram-se nos braços um do outro, beijaram-se ternamente e dirigiram-se juntos para a casa.

«Aquele homem era o Sr. de Villefort. Calculei que quando saísse, sobretudo se saísse alta noite, deveria atravessar sozinho o jardim em todo o seu comprimento.

- E soube depois o nome da mulher? - perguntou o conde.





Os capítulos deste livro

Marselha - A Chegada 1 O pai e o filho 8 Os Catalães 14 A Conspiração 23 O banquete de noivado 28 O substituto do Procurador Régio 38 O interrogatório 47 O Castelo de If 57 A festa de noivado 66 Os Cem Dias 89 O número 34 e o número 27 106 Um sábio italiano 120 A cela do abade 128 O Tesouro 143 O terceiro ataque 153 O cemitério do Castelo de If 162 A Ilha de Tiboulen 167 Os contrabandistas 178 A ilha de Monte-Cristo 185 Deslumbramento 192 O desconhecido 200 A Estalagem da Ponte do Gard 206 O relato 217 Os registos das prisões 228 Acasa Morrel 233 O 5 de Stembro 244 Itália - Simbad, o marinheiro 257 Despertar 278 Bandidos Romanos 283 Aparição 309 A Mazzolata 327 O Carnaval de Roma 340 As Catacumbas de São Sebastião 356 O encontro 369 Os convivas 375 O almoço 392 A apresentação 403 O Sr. Bertuccio 415 A Casa de Auteuil 419 A vendetta 425 A chuva de sangue 444 O crédito ilimitado 454 A parelha pigarça 464 Ideologia 474 Haydée 484 A família Morrel 488 Píramo e Tisbe 496 Toxicologia 505 Roberto, o diabo 519 A alta e a baixa 531 O major Cavalcanti 540 Andrea Cavalcanti 548 O campo de Luzerna 557 O Sr. Noirtier de Villefort 566 O testamento 573 O telégrafo 580 Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588 Os fantasmas 596 O jantar 604 O mendigo 613 Cena conjugal 620 Projetos de casamento 629 No gabinete do Procurador Régio 637 Um baile de Verão 647 As informações 653 O baile 661 O pão e o sal 668 A Sra. de Saint-Méran 672 A promessa 682 O jazigo da família Villefort 705 A ata da sessão 713 Os progressos de Cavalcanti filho 723 Haydée 732 Escrevem-nos de Janina 748 A limonada 762 A acusação 771 O quarto do padeiro reformado 776 O assalto 790 A mão de Deus 801 Beauchamp 806 A viagem 812 O julgamento 822 A provocação 834 O insulto 840 A Noite 848 O duelo 855 A mãe e o filho 865 O suicídio 871 Valentine 879 A confissão 885 O pai e a filha 895 O contrato 903 A estrada da Bélgica 912 A estalagem do sino e da garrafa 917 A lei 928 A aparição 937 Locusta 943 Valentine 948 Maximilien 953 A assinatura de Danglars 961 O Cemitério do Père-lachaise 970 A partilha 981 O covil dos leões 994 O juiz 1001 No tribunal 1009 O libelo acusatório 1014 Expiação 1021 A partida 1028 O passado 1039 Peppino 1049 A ementa de Luigi Vampa 1058 O Perdão 1064 O 5 de Outubro 1069