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Capítulo 44: A vendetta

Página 427

«- O que lhe disse: quero que o vingue.

«- E de quem?

«- Dos seus assassinos.

«- Sei lá quem são!

«- Mande-os procurar.

«- Para quê? O seu irmão deve ter tido qualquer questão e bateu-se em duelo. Todos esses antigos soldados se entregam a excessos, de que se saíam bem no tempo do Império, mas de que se saem mal agora. O povo do Meio-Dia não gosta de soldados nem de excessos.

«- Senhor - insisti -, não é por mim que lhe peço. Eu, chorarei ou vingar-me-ei e pronto. Mas o meu pobre irmão tinha mulher. Se me acontecesse também alguma desgraça, essa pobre criatura morreria de fome, pois vivia exclusivamente dos ganhos do meu irmão. Obtenha-lhe uma pensãozinha do Governo...

«- Cada revolução tem as suas catástrofes - respondeu o Sr. de Villefort. - O seu irmão foi vítima desta, foi uma infelicidade, mas o Governo não deve nada à família por isso.

Se fôssemos a julgar todas as vinganças que os partidários do usurpador exerceram sobre os partidários do rei quando por sua vez dispunham do poder, o seu irmão talvez fosse hoje condenado à morte. O que aconteceu é naturalíssimo; é a lei das represálias.

«- O quê, senhor - gritei -, será possível que me fale assim, o senhor, um magistrado?!

«- Todos estes corsos são loucos, palavra de honra! - respondeu o Sr. de Villefort. - Julgam ainda que o seu compatriota é imperador. Engana-se no tempo, meu caro. Devia ter vindo dizer-me isso há dois meses. Hoje é demasiado tarde. Retire-se, portanto, porque se não se retira, mando-o pôr lá fora.

«Olhei-o um instante para ver se haveria alguma coisa a esperar de uma nova súplica. Mas aquele homem era de pedra. Aproximei-me dele e disse-lhe a meia voz:

«- Bom, uma vez que conhece os Corsos, deve saber que cumprem a sua palavra. Acha bem que tenham matado o meu irmão por ser bonapartista, porque o senhor é monárquico. Pois bem, eu que também sou bonapartista, declaro-lhe uma coisa: que o matarei. A partir deste momento declaro-lhe a vendetta. Assim, acautele-se, tome o maior cuidado possível, porque da primeira vez que nos encontrarmos frente a frente soará a sua última hora.

«E dito isto, antes que se recompusesse da surpresa, abri a porta e fugi.

- Ah, ah! - exclamou Monte-Cristo. - Então o senhor, com essa cara de quem não quebra um prato, faz dessas coisas, Sr. Bertuccio? E a um procurador régio, ainda por cima! Safa! E ele sabia, ao menos, o que queria dizer a palavra vendetta?

- Sabia-o tão bem que a partir daquele momento nunca mais saiu sozinho. Fechou-se em casa e mandou-me procurar por toda aparte. Felizmente estava tão bem escondido que não conseguiu encontrar-me.

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Capa do livro O Conde de Monte Cristo
Páginas: 1080
Página atual: 427

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Marselha - A Chegada 1
O pai e o filho 8
Os Catalães 14
A Conspiração 23
O banquete de noivado 28
O substituto do Procurador Régio 38
O interrogatório 47
O Castelo de If 57
A festa de noivado 66
Os Cem Dias 89
O número 34 e o número 27 106
Um sábio italiano 120
A cela do abade 128
O Tesouro 143
O terceiro ataque 153
O cemitério do Castelo de If 162
A Ilha de Tiboulen 167
Os contrabandistas 178
A ilha de Monte-Cristo 185
Deslumbramento 192
O desconhecido 200
A Estalagem da Ponte do Gard 206
O relato 217
Os registos das prisões 228
Acasa Morrel 233
O 5 de Stembro 244
Itália - Simbad, o marinheiro 257
Despertar 278
Bandidos Romanos 283
Aparição 309
A Mazzolata 327
O Carnaval de Roma 340
As Catacumbas de São Sebastião 356
O encontro 369
Os convivas 375
O almoço 392
A apresentação 403
O Sr. Bertuccio 415
A Casa de Auteuil 419
A vendetta 425
A chuva de sangue 444
O crédito ilimitado 454
A parelha pigarça 464
Ideologia 474
Haydée 484
A família Morrel 488
Píramo e Tisbe 496
Toxicologia 505
Roberto, o diabo 519
A alta e a baixa 531
O major Cavalcanti 540
Andrea Cavalcanti 548
O campo de Luzerna 557
O Sr. Noirtier de Villefort 566
O testamento 573
O telégrafo 580
Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588
Os fantasmas 596
O jantar 604
O mendigo 613
Cena conjugal 620
Projetos de casamento 629
No gabinete do Procurador Régio 637
Um baile de Verão 647
As informações 653
O baile 661
O pão e o sal 668
A Sra. de Saint-Méran 672
A promessa 682
O jazigo da família Villefort 705
A ata da sessão 713
Os progressos de Cavalcanti filho 723
Haydée 732
Escrevem-nos de Janina 748
A limonada 762
A acusação 771
O quarto do padeiro reformado 776
O assalto 790
A mão de Deus 801
Beauchamp 806
A viagem 812
O julgamento 822
A provocação 834
O insulto 840
A Noite 848
O duelo 855
A mãe e o filho 865
O suicídio 871
Valentine 879
A confissão 885
O pai e a filha 895
O contrato 903
A estrada da Bélgica 912
A estalagem do sino e da garrafa 917
A lei 928
A aparição 937
Locusta 943
Valentine 948
Maximilien 953
A assinatura de Danglars 961
O Cemitério do Père-lachaise 970
A partilha 981
O covil dos leões 994
O juiz 1001
No tribunal 1009
O libelo acusatório 1014
Expiação 1021
A partida 1028
O passado 1039
Peppino 1049
A ementa de Luigi Vampa 1058
O Perdão 1064
O 5 de Outubro 1069