O Conde de Monte Cristo - Cap. 9: A festa de noivado Pág. 67 / 1080

- Agora que tenho esta carta - disse Villefort, guardando-a cuidadosamente na carteira - preciso doutra.

- Para quem?

- Para o rei

- Para o rei?

- Sim.

- Mas não me atrevo a escrever assim a Sua Majestade.

- Por isso, não é ao senhor que a peço, mas encarrego-o de a pedir ao Sr. de Salvieux. É necessário que me dê uma carta com o auxílio da qual possa penetrar até junto de Sua Majestade sem ser submetido a todas as formalidades de pedido de audiência que me podem fazer perder um tempo precioso.

- Mas não tem o ministro da Justiça, que entra quando quer nas Tulherias e por intermédio do qual poderá, de dia e de noite, chegar junto do rei?

- Tenho, sem dúvida, mas para quê partilhar com outro o mérito da notícia de que sou portador? Compreende o que quero dizer? O ministro relegar-me-ia muito naturalmente para segundo plano e privar-me-ia de todo o proveito no caso. Só lhe digo uma coisa, marquês: a minha carreira estará assegurada se conseguir ser o primeiro a chegar às Tulherias, porque prestarei ao rei um serviço que lhe não será permitido esquecer.

- Nesse caso, meu caro, vá fazer as malas. Entretanto, chamarei Salvieux e pedir-lhe-ei que escreva a carta que deverá servir-lhe de salvo-conduto.

- Bom, não perca tempo, pois dentro de um quarto de hora tenho de tomar a sege de posta.

- Mande parar a carruagem diante da porta.

- Sem dúvida nenhuma... Desculpar-me-á junto da marquesa, não é verdade? E também junto de Mademoiselle de Saint-Méran, que deixo num dia como este com bem profundo pesar.

- Encontrará ambas no meu gabinete e poderá despedir-se delas.

- Mil vezes obrigado. Trate da minha carta.

O marquês tocou. Apareceu um lacaio.

- Diga ao conde Salvieux que o espero... Vá agora - continuou o marquês dirigindo-se a Villefort

- Bom, é só o tempo de ir e vir.

E Villefort saiu a correr. Mas à porta pensou que um substituto do procurador régio que fosse visto a caminhar em passos precipitados se arriscaria a perturbar o repouso de toda acidade. Retomou portanto o seu passo normal já de si solene. À sua porta distinguiu na sombra como que um branco fantasma que o esperasse de pé e imóvel.

Era a bela rapariga catalã que, não tendo notícias de Edmond, esgueirara-se ao cair da noite do Pharo para vir saber pessoalmente o motivo da prisão do seu amado.

Ao aproximar-se Villefort, afastou-se da parede a que se encostava e veio cortar-lhe o caminho. Dantès falara da noiva ao substituto e Mercédès não teve necessidade de se apresentar para que Villefort a reconhecesse. Ficou surpreendido com a dignidade daquela mulher e quando ela lhe perguntou que era feito do seu amado pareceu-lhe ser ele o acusado e ela o juiz.





Os capítulos deste livro

Marselha - A Chegada 1 O pai e o filho 8 Os Catalães 14 A Conspiração 23 O banquete de noivado 28 O substituto do Procurador Régio 38 O interrogatório 47 O Castelo de If 57 A festa de noivado 66 Os Cem Dias 89 O número 34 e o número 27 106 Um sábio italiano 120 A cela do abade 128 O Tesouro 143 O terceiro ataque 153 O cemitério do Castelo de If 162 A Ilha de Tiboulen 167 Os contrabandistas 178 A ilha de Monte-Cristo 185 Deslumbramento 192 O desconhecido 200 A Estalagem da Ponte do Gard 206 O relato 217 Os registos das prisões 228 Acasa Morrel 233 O 5 de Stembro 244 Itália - Simbad, o marinheiro 257 Despertar 278 Bandidos Romanos 283 Aparição 309 A Mazzolata 327 O Carnaval de Roma 340 As Catacumbas de São Sebastião 356 O encontro 369 Os convivas 375 O almoço 392 A apresentação 403 O Sr. Bertuccio 415 A Casa de Auteuil 419 A vendetta 425 A chuva de sangue 444 O crédito ilimitado 454 A parelha pigarça 464 Ideologia 474 Haydée 484 A família Morrel 488 Píramo e Tisbe 496 Toxicologia 505 Roberto, o diabo 519 A alta e a baixa 531 O major Cavalcanti 540 Andrea Cavalcanti 548 O campo de Luzerna 557 O Sr. Noirtier de Villefort 566 O testamento 573 O telégrafo 580 Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588 Os fantasmas 596 O jantar 604 O mendigo 613 Cena conjugal 620 Projetos de casamento 629 No gabinete do Procurador Régio 637 Um baile de Verão 647 As informações 653 O baile 661 O pão e o sal 668 A Sra. de Saint-Méran 672 A promessa 682 O jazigo da família Villefort 705 A ata da sessão 713 Os progressos de Cavalcanti filho 723 Haydée 732 Escrevem-nos de Janina 748 A limonada 762 A acusação 771 O quarto do padeiro reformado 776 O assalto 790 A mão de Deus 801 Beauchamp 806 A viagem 812 O julgamento 822 A provocação 834 O insulto 840 A Noite 848 O duelo 855 A mãe e o filho 865 O suicídio 871 Valentine 879 A confissão 885 O pai e a filha 895 O contrato 903 A estrada da Bélgica 912 A estalagem do sino e da garrafa 917 A lei 928 A aparição 937 Locusta 943 Valentine 948 Maximilien 953 A assinatura de Danglars 961 O Cemitério do Père-lachaise 970 A partilha 981 O covil dos leões 994 O juiz 1001 No tribunal 1009 O libelo acusatório 1014 Expiação 1021 A partida 1028 O passado 1039 Peppino 1049 A ementa de Luigi Vampa 1058 O Perdão 1064 O 5 de Outubro 1069