O Conde de Monte Cristo - Cap. 85: A viagem Pág. 813 / 1080

- E diz que esse casamento está prestes a realizar-se?

- Meu Deus, sim, apesar de tudo o que tenho dito. Não conheço o rapaz; afirmam que é rico e de boa família, mas para mim essas coisas não passam de simples diz-se. Repeti tudo isto até à saciedade ao Sr. Danglars, mas ele está aterrado ao seu lucano. Fui ao ponto de o informar de uma circunstância que para mim era muito grave: o rapaz foi trocado na ama, raptado por ciganos ou perdido pelo seu preceptor, não sei bem. Mas o que sei é que o pai o perdeu de vista há mais de dez anos. O que fez durante esses dez anos de vida errante só Deus sabe. Pois bem, nada disto foi tido em consideração. Encarregaram-me de escrever ao major, de lhe pedir documentos. Ei-los. Vou entregá-los, mas, como Pilatos, lavo daí as minhas mãos.

- E Mademoiselle de Armilly, que cara lhe mostrou por lhe roubar a sua aluna? - perguntou Beauchamp.

- Não faço ideia, mas parece que parte para Itália. A Sr.ªDanglars falou-me dela e pediu-me cartas de apresentação para os empresários. Dei-lhe uma para o director do Teatro Valle, que me deve alguns favores. Mas que tem, Albert? Acho-o triste... Dar-se-á o caso de, sem o suspeitar, estar apaixonado por Mademoiselle Danglars, por exemplo?

- Que eu saiba, não - respondeu Albert, sorrindo tristemente.

Beauchamp pôs-se a ver os quadros.

- Mas enfim - insistiu Monte-Cristo -, não está com o seu ar habitual... Vejamos, que tem? Ande, diga.

- Dói-me a cabeça - respondeu Albert.

- Nesse caso, meu caro visconde - disse Monte-Cristo -, posso indicar-lhe um remédio infalível, remédio que me tem dado excelente resultado todas as vezes que tenho experimentado qualquer contrariedade.

- Qual? - perguntou o rapaz.

- Viajar.

- Sim?

- Sim. E olhe, como neste momento estou bastante contrariado, vou viajar. Quer vir comigo?

- O senhor, contrariado, conde?... - duvidou Beauchamp. - Mas porquê?

- Homessa! O senhor encara as coisas com muita despreocupação, pelo que vejo... Gostaria de o ver com uma instrução judicial em sua casa!

- Uma instrução! Qual instrução?

- A que o Sr. de Villefort está a fazer contra o meu amável assassino, uma espécie de bandido fugido das galés, ao que parece.

- Ah, é verdade! - exclamou Beauchamp. - Li qualquer coisa nos jornais. Quem era o tal Caderousse?

- Bom... parece que era um provençal. O Sr. de Villefort ouviu falar dele quando esteve em Marselha e o Sr. Danglars recorda-se de o ter visto.





Os capítulos deste livro

Marselha - A Chegada 1 O pai e o filho 8 Os Catalães 14 A Conspiração 23 O banquete de noivado 28 O substituto do Procurador Régio 38 O interrogatório 47 O Castelo de If 57 A festa de noivado 66 Os Cem Dias 89 O número 34 e o número 27 106 Um sábio italiano 120 A cela do abade 128 O Tesouro 143 O terceiro ataque 153 O cemitério do Castelo de If 162 A Ilha de Tiboulen 167 Os contrabandistas 178 A ilha de Monte-Cristo 185 Deslumbramento 192 O desconhecido 200 A Estalagem da Ponte do Gard 206 O relato 217 Os registos das prisões 228 Acasa Morrel 233 O 5 de Stembro 244 Itália - Simbad, o marinheiro 257 Despertar 278 Bandidos Romanos 283 Aparição 309 A Mazzolata 327 O Carnaval de Roma 340 As Catacumbas de São Sebastião 356 O encontro 369 Os convivas 375 O almoço 392 A apresentação 403 O Sr. Bertuccio 415 A Casa de Auteuil 419 A vendetta 425 A chuva de sangue 444 O crédito ilimitado 454 A parelha pigarça 464 Ideologia 474 Haydée 484 A família Morrel 488 Píramo e Tisbe 496 Toxicologia 505 Roberto, o diabo 519 A alta e a baixa 531 O major Cavalcanti 540 Andrea Cavalcanti 548 O campo de Luzerna 557 O Sr. Noirtier de Villefort 566 O testamento 573 O telégrafo 580 Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588 Os fantasmas 596 O jantar 604 O mendigo 613 Cena conjugal 620 Projetos de casamento 629 No gabinete do Procurador Régio 637 Um baile de Verão 647 As informações 653 O baile 661 O pão e o sal 668 A Sra. de Saint-Méran 672 A promessa 682 O jazigo da família Villefort 705 A ata da sessão 713 Os progressos de Cavalcanti filho 723 Haydée 732 Escrevem-nos de Janina 748 A limonada 762 A acusação 771 O quarto do padeiro reformado 776 O assalto 790 A mão de Deus 801 Beauchamp 806 A viagem 812 O julgamento 822 A provocação 834 O insulto 840 A Noite 848 O duelo 855 A mãe e o filho 865 O suicídio 871 Valentine 879 A confissão 885 O pai e a filha 895 O contrato 903 A estrada da Bélgica 912 A estalagem do sino e da garrafa 917 A lei 928 A aparição 937 Locusta 943 Valentine 948 Maximilien 953 A assinatura de Danglars 961 O Cemitério do Père-lachaise 970 A partilha 981 O covil dos leões 994 O juiz 1001 No tribunal 1009 O libelo acusatório 1014 Expiação 1021 A partida 1028 O passado 1039 Peppino 1049 A ementa de Luigi Vampa 1058 O Perdão 1064 O 5 de Outubro 1069