O Conde de Monte Cristo - Cap. 93: Valentine Pág. 884 / 1080

Morrel abriu a porta de um salto e encontrou Valentine estendida no patamar.

Rápido como o relâmpago, levantou-a nos braços e sentou-a numa poltrona. Valentine abriu os olhos.

- Oh, que grande desajeitada! - exclamou com febril volubilidade. - Já não sei o que faço... esqueci-me de que havia mais três degraus antes do patamar!

- Feriu-se, Valentine? - perguntou Morrel. - Oh, meu Deus, meu Deus! Valentine olhou à sua volta e viu o mais profundo terror pintado nos olhos de Noirtier.

- Sossega, avozinho - disse, procurando sorrir. - Não foi nada, não foi nada... Foi apenas uma tontura.

- Mais uma vertigem! - exclamou Morrel, juntando as mãos. - Oh, tenha cuidado com isso, Valentine, suplico-lhe!

- Mas porquê, porquê, se lhe digo que tudo passou e não foi nada? - redarguiu Valentine. - Agora deixem-me dar-lhes uma novidade: Eugénie casa-se dentro de oito dias e daqui a três dias haverá uma espécie de grande festim, um banquete de noivado. Estamos todos convidados, o meu pai, a Sr.ª de Villefort e eu... Foi pelo menos o que deduzi.

- Quando será a nossa vez de nos ocuparmos desses pormenores? -suspirou Maximilien. - Oh, Valentine, já que tem tanto poder sobre o nosso avozinho, procure que ele lhe responda: «Em breve!»

- Quer dizer que conta comigo para estimular a lentidão e despertar a memória do avozinho? - perguntou Valentine.

- Claro! - exclamou Morrel. - Meu Deus, meu Deus, apresse-se. Enquanto não for minha, Valentine, parecer-me-á sempre que me vai fugir.

- Oh! - exclamou Valentine num gesto convulsivo. - Oh, na verdade, Maximilien, é demasiado tímido para um oficial, para um soldado que, segundo dizem, nunca conheceu o medo... Ah, ah, ah! E rompeu num riso estridente e doloroso. Os braços retesaram-se-lhe e contorceram-se, a cabeça caiu-lhe para trás na poltrona e ficou imóvel.

O grito de terror que Deus acorrentava nos lábios de Noirtier brotou-lhe do olhar.

Morrel compreendeu: era urgente pedir socorro.

O rapaz agarrou-se à campainha. A criada de quarto que estava nos aposentos de Valentine e o criado que substituíra Barrois acorreram simultaneamente.

Valentine estava tão pálida, tão fria e tão inanimada que, sem escutarem o que lhes diziam, se deixaram dominar pelo medo que velava constantemente sobre aquela casa maldita e saíram para os corredores a gritar por socorro.

A Sr.ª Danglars e Eugénie retiravam-se naquele preciso instante, mas puderam ainda saber a causa de todo aquele rebuliço.

- Bem lhes tinha dito! - exclamou a Sr.ª de Villefort. - Pobre criança!





Os capítulos deste livro

Marselha - A Chegada 1 O pai e o filho 8 Os Catalães 14 A Conspiração 23 O banquete de noivado 28 O substituto do Procurador Régio 38 O interrogatório 47 O Castelo de If 57 A festa de noivado 66 Os Cem Dias 89 O número 34 e o número 27 106 Um sábio italiano 120 A cela do abade 128 O Tesouro 143 O terceiro ataque 153 O cemitério do Castelo de If 162 A Ilha de Tiboulen 167 Os contrabandistas 178 A ilha de Monte-Cristo 185 Deslumbramento 192 O desconhecido 200 A Estalagem da Ponte do Gard 206 O relato 217 Os registos das prisões 228 Acasa Morrel 233 O 5 de Stembro 244 Itália - Simbad, o marinheiro 257 Despertar 278 Bandidos Romanos 283 Aparição 309 A Mazzolata 327 O Carnaval de Roma 340 As Catacumbas de São Sebastião 356 O encontro 369 Os convivas 375 O almoço 392 A apresentação 403 O Sr. Bertuccio 415 A Casa de Auteuil 419 A vendetta 425 A chuva de sangue 444 O crédito ilimitado 454 A parelha pigarça 464 Ideologia 474 Haydée 484 A família Morrel 488 Píramo e Tisbe 496 Toxicologia 505 Roberto, o diabo 519 A alta e a baixa 531 O major Cavalcanti 540 Andrea Cavalcanti 548 O campo de Luzerna 557 O Sr. Noirtier de Villefort 566 O testamento 573 O telégrafo 580 Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588 Os fantasmas 596 O jantar 604 O mendigo 613 Cena conjugal 620 Projetos de casamento 629 No gabinete do Procurador Régio 637 Um baile de Verão 647 As informações 653 O baile 661 O pão e o sal 668 A Sra. de Saint-Méran 672 A promessa 682 O jazigo da família Villefort 705 A ata da sessão 713 Os progressos de Cavalcanti filho 723 Haydée 732 Escrevem-nos de Janina 748 A limonada 762 A acusação 771 O quarto do padeiro reformado 776 O assalto 790 A mão de Deus 801 Beauchamp 806 A viagem 812 O julgamento 822 A provocação 834 O insulto 840 A Noite 848 O duelo 855 A mãe e o filho 865 O suicídio 871 Valentine 879 A confissão 885 O pai e a filha 895 O contrato 903 A estrada da Bélgica 912 A estalagem do sino e da garrafa 917 A lei 928 A aparição 937 Locusta 943 Valentine 948 Maximilien 953 A assinatura de Danglars 961 O Cemitério do Père-lachaise 970 A partilha 981 O covil dos leões 994 O juiz 1001 No tribunal 1009 O libelo acusatório 1014 Expiação 1021 A partida 1028 O passado 1039 Peppino 1049 A ementa de Luigi Vampa 1058 O Perdão 1064 O 5 de Outubro 1069