No outro dia às seis da manhã fui a casa de Ritmel. A condessa havia estado durante a noite sob o domínio de uma extrema agitação nervosa, mas não queria renunciar ao passeio de Gozzo. Encontrei Lord Grenlei com Ritmel, tomando chá.
Pareceu-me pela fadiga das suas fisionomias, que se não tinham deitado: lord Grenlei decerto que não, porque estava de casaca, como na véspera, e tinha ainda na boutonnière um jasmim do Cabo, murcho e amarelado.
- Bonita madrugada! disse Ritmel.
Tinham aberto a janela, o ar fresco entrava; nas árvores do jardim cantavam os pássaros.
- Adorável! disse eu. A condessa esteve toda a noite doente, mas não se transtorna o passeio… Outra coisa: tem um revolver, Ritmel?
- Para quê?
- Disseram-me que era muito curioso atirar aos pássaros que se escondem nas cavernas, em Gozzo. há um eco excêntrico. Precisamos de uma arma.
Ritmel deu-me um pequeno revolver marchetado.
- Leve-o: eu tenho as algibeiras cheias da álbuns e de canetas para tirar desenhos… Ah! Sabe que este Grenlei não vai?
- Porquê? como assim, milorde?
- Um jantar oficial com o governador disse Lord Grenlei, é horrível.
Tenho uma pena imensa…
Ás sete horas fomos buscar a condessa. O marido acompanhou-nos até o cais Marsa-Muscheto.
Notei ao entrar no yacht que a equipagem estava aumentada e havia um piloto árabe.
Largámos com um vento fresco, às oito horas da manhã; as gaivotas voavam em roda das velas, as casas brancas de La Valete tinham uma cor rosada, ouviam-se as músicas militares, o céu estava de uma pureza encantadora.
A condessa, um pouco excitada, olhava com uma alegria avida, para o vasto mar azul, livre, infinito, coberto de luz.
- O que são as mulheres! pensava eu. Esta, tão altiva e tão discreta, está encantada por se ver só, com rapazes, num yacht, no alto mar.