CAPÍTULO X Quando desembarcámos corri ao hotel. O conde ainda não tinha vindo do seu passeio a Bengama com Mademoiselle Rize. Ritmel foi encerrar-se em casa, num triste estado de exaltação e de paixão.
Carmen veio logo procurar-me ao meu quarto. Entrou rapidamente, perguntou-me:
- Voltaram? como foi?
- Sabia então alguma coisa? interroguei admirado.
- Tudo. Por um acaso. Sabia que queriam fugir. Durante toda a noite Ritmel andou fazendo preparativos. Era uma combinação de há três dias. Lord Grenlei sabia. E agora?
- Agora, disse eu, tudo terminou. A condessa naturalmente parte no primeiro paquete.
- Duvido. Mas se não partem, há uma desgraça. É uma fatalidade, bem o sei, mas que quer? Amo aquele homem, amo Ritmel. Para além disso é uma obrigação, salvou-me a vida. É sobretudo uma paixão estupida que me roí, que me mata. E ainda me não mata tão depressa como eu queria. Faço tudo para me matar. Ponho-me a suar, levanto-me e vou apanhar o orvalho para o terraço. Para que vivo eu? Vivia desta paixão. Cresceu desde que o vi agora. E diga-me quem o não há de adorar? às vezes lembra-me mata-lo!…
Conversámos algum tempo. A pobre criatura tinha nos olhos um fulgor febril, na face uma palidez de mármore. Eu procurei calma-la. Começava a simpatizar com ela…
A condessa não saiu do seu quarto dois dias. Eu contei ao conde que ela tivera em Gozzo um susto terrível, porque tínhamos estado em perigo, na visita às cavernas da costa, onde a navegação é cheia de desastres. Estive quase sempre, depois, com Ritmel. Lentamente a esperança renascia no seu espirito. Acomodava-se, ainda que com certas repugnâncias, a uma situação mais racional, ainda que menos pura. Era um convalescente da paixão. E, ao fim de cinco dias,